Parte 4 AQUI.
Dez aflitivos
minutos mais tarde, Lu entrou no seu prédio e lançou-se pelas escadas acima até
ao segundo andar. Entrou no seu apartamento, e só se sentiu absolutamente
aliviada quando acendeu a luz, fechou a porta atrás de si e viu tudo tal como
havia deixado. Aquele pequeno cantinho tornara-se no seu porto seguro, um lugar
onde sentia que nada nem ninguém a podia magoar, nem mesmo os perigos que
chegavam com a noite.
Lu pousou a mala no sofá, e,
imediatamente, todo o seu receio se dissipou, dando, de novo, lugar às memórias
daquela que se tornara numa das melhores noites da sua vida. Sentindo uma
ligeira pontinha de fome – e nem uma de cansaço –, dirigiu-se à cozinha.
Preparou uma taça de cereais e sentou-se descontraidamente numa das cadeiras,
com os joelhos contra o peito e a tigela entre as mãos. Demorou-se a comer,
apreciando cada colherada até ao último floco de cereal. E, a cada nova
colherada, ao mesmo tempo que o delicioso sabor do chocolate se instalava
lentamente, Lu dava por si a sorrir de um modo sonhador assim que as lembranças
voltavam à tona. Sentiu-se como uma adolescente apaixonada, a reviver o mesmo
momento na sua cabeça vezes sem conta com sorrisos parvos que surgiam
inesperadamente, porque o rapaz por quem tinha uma paixoneta secreta reparara
nela por fim. Mas Lu tinha perfeita noção de que já não era uma adolescente, e
de que aquela era apenas uma paixoneta platónica e inocente que toda e qualquer
pessoa podia ter por uma celebridade. E, também, de que nunca mais voltaria a
ver Spencer, ainda que a canção que ambos haviam partilhado dissesse o
contrário – uma promessa de que voltariam a encontrar-se, algum dia.
Lu perdeu a noção do tempo, mas,
fosse como fosse, não tinha nada para fazer e, no dia seguinte, não tinha uma
hora exacta para acordar. Ainda com a tigela de cereais entre as mãos, bocejou
depois de engolir a última colherada, sinal de que o seu corpo esperava por
algum descanso. Levantou-se, colocou a tigela no lava-loiça e encaminhou-se
para o quarto.
Ao abrir a porta, deparou-se com
o quarto escuro e com o namorado já deitado, a dormir tão profundamente, que
nem reagiu à sua presença. A sua primeira reacção foi de um leve sobressalto,
que, depois de passar e de Lu se lembrar a si mesma que não viva naquele
apartamento sozinha, fez com que ela suspirasse e fechasse a porta com todo o
cuidado atrás de si. Devido ao facto de estar tão habituada a viver a sua vida
sem lhe dar grandes satisfações e sem ter a sua companhia muitas das vezes, Lu
esquecera-se completamente de Diogo. Contudo, não sentia qualquer vestígio de
arrependimento daquilo que fizera – ou mesmo pensara –, e estava determinada a
não deixar que ele, alguém que parecia já não lhe dar o devido valor,
estragasse o que lhe restava da noite e apagasse as maravilhosas recordações
que esta lhe proporcionara. Como tal, Lu optou por ignorá-lo, e contornou a
cama para se deitar no lado que lhe estava reservado, agindo como se Diogo não
estivesse ali. Pousou o telemóvel na sua mesa-de-cabeceira e usou-o para servir
de lanterna enquanto vestia os pijamas. Depois, deitou-se, dando-se por
satisfeita por Diogo não estar a ocupar mais de metade da cama e por ela conseguir
ter algum espaço.
Para sua felicidade, Diogo não
acordou. Aquilo que Lu menos queria naquele momento era sentir os seus braços à
sua volta ou responder a perguntas. Naquela noite, Lu só queria adormecer a
pensar em Spencer.
Assim termino o texto que, há uns meses atrás, me senti tão inspirada a escrever. O texto que servirá como prólogo ou como primeiro capítulo de algo maior, se resolver andar com esta história para a frente. Apesar de a ter delineado totalmente na minha cabeça - como faço sempre, antes de começar a escrever qualquer coisa -, ainda não sei se, de facto, irei continuar com ela ou não. Seja como for, tenho outra pendente.
Queria agradecer a todas as meninas que leram e comentaram as diferentes partes deste pequeno texto. Não estava nada à espera de um feedback tão positivo e que me pedissem para publicar mais. Significou muito para mim.
Novos textos irão surgir ocasionalmente. Não acerca da Lu e do Spencer, porque disto não tenho mais nada para mostrar, mas sim passagens de histórias que já tenha terminado ou que ainda estão a ser escritas.
Gostei mesmo muito da história! Estou ansiosa por ler mais tetexttextos porque tens muito jeito para escrever (:
ResponderEliminarA-ha! É desta que vem aí o "segundo filho"?! Espero que sim, sabes que quero saber como a história termina, ou pelo menos como continua.
ResponderEliminarAcho que é normal ter-se a história delineada na cabeça (não tem que ser toda, mas pelo menos os pontos essenciais, que no caminho se vai enchendo com outros para enriquecer a história ^^ ), eu também faço isso e acho que a maioria das pessoas também a faz. É como já se ter um fim e encontrar-se o início - fazemos a história ao contrário =P
Ah, e já sabes que estou disponível para ler o que me mandares =) ****
O "segundo filho" já está em andamento desde há algum tempo :P Mas ainda está longe de estar terminado...
EliminarNão acompanhei todos os texto, mas gostei muito! Quero mesmo ler outras pequenas histórias que escrevas porque sinceramente deixei-me levar pela tua escrita!
ResponderEliminar-Alexandra
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Oh pa :( Fiquei triste, queria ler mais. Mas vou tentar criar um final na minha cabeça para me sentir melhor x) Escreves de uma forma bastante apelativa, acho que era impossível não gostar. :)
ResponderEliminarAgora fiquei triste! :(
ResponderEliminarUm dia tens de me contar a história completa!