27/03/2015

Sem expectativas, sem decepções

Na semana passada, o ponto alto do meu dia foi encontrar-me com uma daquelas velhas amigas com quem eu pensava que algo do género não viesse a acontecer. Já tinha desistido de dar oportunidades a estas pessoas que foram minhas amigas em tempos, e isto porque me conformara com o facto de terem mudado e conhecido outras pessoas com as quais preferiam estar. E, de repente, vai-se lá perceber porquê, uma destas pessoas lembrou-se de mim.
Encontrámo-nos para um café, falámos durante o tempo todo, sem nunca faltar assunto nem haver um momento constrangedor em que não soubéssemos o que dizer uma à outra, e soube mesmo bem. Já não a via há muito tempo, mas ela continua a mesma. Fiquei mesmo surpreendida com a sua tomada de iniciativa para nos encontrarmos, assim de repente. Mais surpreendida fiquei quando vi que tal não era só conversa e que queria mesmo que nos encontrássemos. É que uma coisa é dizer-se a uma pessoa que se tem saudades dela e não fazer nada para a encontrar, e outra é dizer e, realmente, fazer algo em relação a isso. E eu pensava que a primeira opção era a que se aplicaria à situação, pois já levei com demasiadas destas. Mas não. Daí ter-me surpreendido.
No entanto, não vou alimentar a esperança de que iremos encontrar-nos frequentemente e de que irei ganhar uma amiga para a vida. Já aprendi a não criar expectativas, especialmente em relação a pessoas. Já me desapontei várias vezes à custa disto, pelo que prefiro nem pensar no assunto. Principalmente porque sei como esta rapariga, em particular, é. Costuma andar muito com duas raparigas que estudam noutra cidade, e, pelo que me disseram e pelo que eu própria me apercebo, quando estas duas raparigas cá estão de férias, ela não quer saber de mais ninguém para além delas.
Espero que esse desejo tão repentino dela de se encontrar comigo não tenha surgido por se sentir sozinha sem aquelas duas. Ou que não tenha surgido só por ela querer mais uma fita com palavras bonitas - outra coisa que me surpreendeu: convidou-me para a sua bênção das pastas e disse-me que me ia dar uma fita (nem sei bem o que se escreve numa fita, sinceramente). Seja o que for, é esperar para ver. Mas já disse a mim mesma para não alimentar qualquer esperança. Com o pouco tempo livre que tenho, nem dá para pensar nisso, de qualquer das formas. 

26/03/2015

Em modo repeat #23

Já nem me lembro como é que "tropecei" nesta música, e nem sei bem por que gostei dela, uma vez que já há muito tempo que não ouço nada assim deste género...mas adorei. Não conheço mais nada da banda, mas irei tratar disso.

22/03/2015

Deixar os sonhos em segundo plano?

Há dias melhores que outros. Sem dúvida que o que mais me continua a aborrecer são os tempos mortos em que não há nada para se fazer. Quanto mais tempo passo sem fazer nada, pior é o dia. E, pelo contrário, os melhores dias são aqueles em que fico menos tempo parada e em que sinto minimamente útil. Só é pena que isto não aconteça sempre.
Seja como for, independentemente de o dia ser uma correria de um lado para o outro ou de ser um dia para se cortar os pulsos por não haver absolutamente nada a fazer, continuo cansada, com saudades de ter um horário que não seja das nove às quatro todos os dias e sem tempo para nada. Chego a casa e faço as coisas chatas do costume; depois, só quero descansar, mas mal o consigo fazer. Não consigo fazer noitadas a ver episódios, a escrever ou a ler um livro, não só porque começo a ficar com sono muito cedo, mas também porque não me sinto completamente relaxada e à vontade para fazer uma noitada, porque sei que tenho que ir trabalhar e acordar cedo no dia seguinte. E, quando chega a sexta-feira à noite, a única coisa que me apetece é, de facto, ver episódios, já que não consigo ter cabeça para mais nada.
Tenho saudades de ter tempo, mas, mais do que isso, tenho saudades de fazer algo produtivo. Como é que posso lutar pelo sonho de publicar um livro, se nem tenho tempo para isso? E se, mesmo tendo algum tempo, não tenho cabeça para escrever por estar tão cansada devido ao estágio? O estágio integrado num curso em que só entrei "porque sim", para depois vir a ter um emprego e a vidinha orientada. Coisa que, às vezes, me faz perguntar o que andei a fazer durante todo este tempo e como seriam as coisas se eu, aos dezoito anos, tivesse a mentalidade que tenho hoje.
É muito bonito dizer-se que devemos lutar pelos nossos sonhos. Muito bonito, mas completamente utópico. Até as supostas frases de motivação, como esta que coloquei aqui, são utópicas. Nem as noites me servem de alguma coisa; só mesmo para descansar a cabeça. O tempo não rende, talvez porque, aqui, sinto que tenho menos privacidade do que aquela que tinha na cidade académica, para além de sentir sempre aquela obrigação de ter que ajudar a minha mãe em tudo e mais alguma coisa só para não lhe ouvir dizer que ela é que faz tudo sozinha. Com tudo isto, é-me impossível pensar em mais qualquer coisa para além do estágio e das pequenas, chatas e rotineiras coisinhas do dia-a-dia.
The child is grown, the dream is gone, já diziam os Pink Floyd. E parece que é mesmo assim: que crescer é conformar-se com o que se tem, viver-se ao sabor da rotina e aproveitar os tempos livres para descansar, pensar noutras coisas, fazer algo de que se goste. Não se perder tempo a pensar em sonhos, porque a altura de se perseguirem sonhos já se foi - supostamente, esteve-se a persegui-los até agora, ou, então, a deixá-los um pouquinho para trás por serem mais difíceis de se concretizar e por se achar que haveria tempo para isso, depois - e há outras preocupações agora, outras coisas em que se pensar. De facto, não conheço nenhum adulto que, hoje, lute por um sonho. Talvez por já o ter realizado, ou talvez por não ter nenhum. Ou, talvez ainda, por nem sequer pensar nisso. Seja por falta de tempo ou de forças para continuar atrás dele, seja por achar que nem vale a pena ou que já é tarde para isso. Porque já está habituado ao que tem; já se conformou com a vida que leva. E isto é triste. Tão triste.

10/03/2015

Um misto de emoções

Após praticamente três semanas de estágio - amanhã faz três semanas que comecei -, já me sinto cansada.
Ando cansada de entrar e sair todos os dias à mesma hora. Parece que pouco ou nada descanso durante a noite, e até os fins-de-semana não chegam para descansar. Quando é domingo à noite, penso que o dia seguinte é que devia ser domingo; e, à segunda-feira, já estou a dizer que nunca mais é sexta. Os dias são sempre muito repetitivos, o que também me cansa. Cansam-me igualmente os tempos mortos em que não há mesmo nada para fazer e em que me limito a esperar pela hora de sair. Até já andei fisicamente cansada, já que, na semana passada - em que fiz umas coisinhas diferentes por lá -, passei todo o dia em pé ou a andar de um lado para o outro e só me sentei para almoçar. E, todos os dias, chego cansada a casa. Fico sempre contente quando chega a hora de sair, mas sei que não vou fazer nada quando chegar a casa. Quer dizer, há sempre as coisas chatas do costume para fazer: fazer a cama, lavar a loiça do pequeno-almoço, limpar a areia do gato, ir comprar o pão para o dia seguinte, e etc. E é por causa destas coisas chatas que fico sem tempo para nada. As horas passam a voar e não consigo descansar nem pensar em nada nem aproveitar o tempo para fazer algo de que goste.
É verdade que tinha dito que preferia trabalhar a estudar por mais um ano que fosse, mas, se é para ser sempre assim, já nem sei o que é melhor. Não queria que isto fosse assim; aliás, não fazia ideia de que seria tão cansativo. Tenho saudades de ter tempo livre e de ter um horário em que num dia entrava e saía a determinada hora e noutro dia entrava e saía a outra hora qualquer. Pelo menos era mais variado e dava para se estabelecer um certo equilíbrio. Claro que era péssimo passar um fim-de-semana a estudar, por exemplo - disso não tenho saudades nenhumas -, mas, de qualquer das formas, pesando agora os prós e os contras, é o que digo: nem sei o que é melhor.
Está a ser cansativo também na medida em que já começa a fartar por ser tudo mais do mesmo todos os dias - pois, eu farto-me das coisas rapidamente. No início estava a achar uma certa piada porque era algo novo, e na semana passada também achei uma certa piada porque fiz coisas diferentes, mas agora voltei ao mesmo que no início. Isto e os tempos mortos matam-me, e é isto que faz com que esteja a ficar um pouco desiludida em relação ao estágio. Pensei que houvesse mais "acção", que não parasse quieta de um lado para o outro, que estivesse tão cheia de coisas para fazer que nem conseguisse respirar... Claro que não queria tanto trabalho até este ponto...mas, bem, sempre seria uma forma de passar os tempos mortos.
Uma das coisas que me desilude é precisamente a falta de trabalho. É que ainda por cima parece que estão à espera que eu e a minha colega peçamos coisas para fazer ou façamos sugestões de coisas que pudéssemos fazer. E eu acho que, a partir do momento em que uma instituição resolve aceitar estagiários, tem que saber o que fazer com eles. Não vamos ser nós - não devíamos, pelo menos - a dizer que queremos fazer isto ou aquilo. Nesse caso, então dizia que queria ir para casa, em vez de estar a olhar para as paredes à espera da hora de sair.
E, depois, ainda tenho que ouvir determinadas coisas. Por exemplo:
  • como estou no último ano, devia saber o que queria fazer - não necessariamente. Primeiro, nem sequer entrei na minha primeira opção, pelo que não estou propriamente a perseguir um objectivo; segundo, não posso saber o que quero ou não fazer sem nunca ter experimentado;
  • não estou a tirar partido do local de estágio porque não estou a fazer um trabalho de investigação e o local tem muitas oportunidades para isso e blablabla - bem, quando escolhi o local, a última coisa em que estava a pensar era na porcaria do trabalho do fim do curso. Para além disso, a partir do momento em que a faculdade nos dá a escolher entre um trabalho de investigação ou uma monografia, uma pessoa tem a hipótese de optar por aquilo com o qual se sente mais confortável. E eu, após pesar os prós e os contras de ambos os tipos de trabalho, optei, realmente, por aquele com que me sinto mais à vontade;
  • muita gente queria estar ali - pois que tivessem mexido os cordelinhos para irem lá parar. É caso para dizer: temos pena. O curso tem um estágio integrado e eu não tenho outro remédio a não ser fazê-lo. Que culpa tenho eu se não me dão coisas para fazer, se não tenho grande motivação e se não tenho interesse em trabalhos de investigação? Quero é acabar isto de uma vez.
Só não sei por que é que não me vêm à cabeça as coisas certas no momento certo. Quando ouvi aquilo, engoli e não soube o que responder, e só mais tarde pensei no que poderia ter dito para me tentar defender. É algo que me acontece tantas vezes.
Seja como for, não falei com ninguém acerca disto. Sinto uma certa vergonha. Porque tudo me parece uma maneira indirecta de dizer que não sei aproveitar as coisas, que vou ser péssima e que não mereço o canudo.
Por tudo isto, não sei se não voltarei a estudar quando tudo terminar. E, se assim for, que seja algo cujas perspectivas de futuro me seduzam.