31/08/2015

Uma carta a futuros amigos

À primeira vista, posso não parecer muito boa pessoa. Ou uma pessoa muito interessante. Posso falar pouco ou estar a maior parte do tempo calada num primeiro contacto. Posso parecer antipática, mas tentarei sorrir ocasionalmente para não o parecer, embora nunca ninguém me tenha dito que era o contrário, simpática. Mas as coisas podem mudar, se quiseres conhecer-me. Se o tema da conversa me interessar, se puxares por mim e se fizeres com que me sinta à-vontade na tua presença, posso vir a falar mais. Aliás, se eu falo pouco não é por não gostar de o fazer. Gosto de conversar, sim, apenas preciso do tema certo e da pessoa certa. Não costumo participar, por exemplo, em conversas acerca de política ou sobre coisas tristes. Mas gosto de falar sobre muitos outros assuntos, especialmente acerca das coisas boas da vida. Gosto de conversas que me façam rir, sim, e confesso que também gosto de alguns mexericos, mas prefiro aquele tipo de conversas mais profundas. Posso, por vezes, guardar as minhas opiniões para mim mesma, com receio do que poderás pensar - é algo do qual me arrependo, quando vejo que acontece. E acho que não sou muito boa a meter conversa, a não ser que já te conheça minimamente bem. Caso tenhamos gostos em comum, posso tornar-me chata a ponto de te perguntar se gostas de determinada banda, se vês uma certa série ou se já leste determinado livro, e posso dar-te sugestões sem que sequer mas peças. Sou capaz de te fazer companhia enquanto esperas pelo autocarro para te levar a casa. Sentirei que te estou a chatear quando te enviar uma mensagem a propor que nos encontremos de novo, mas, ao mesmo tempo, sentirei que é sinal de que gostei de estar contigo. O que também me levará a pensar que só eu gostei da tua companhia e que, para ti, não foi grande coisa e podias passar muito tempo sem me ver. Se não me pareceres interessado/a em ver-me novamente, é provável que deixe de tentar combinar alguma coisa contigo nos próximos tempos, a não ser que nos encontremos por acaso e a frase Devíamos combinar qualquer coisa! vier à baila. E, se gostar da tua companhia, estarei disponível para qualquer programa. Apenas, por favor, não me peças para ir a alguma discoteca ou a algo do género. Gosto muito mais de um café, de me sentar numa esplanada ou num sítio acolhedor para podermos lá ficar a conversar durante o tempo que quisermos. Mas é claro que poderemos fazer muitas outras coisas, como dar um passeio, ir às compras, à praia, ao cinema, enfim, as possibilidades são inúmeras. Só não contes com discotecas, e, caso o proponhas e eu recuse, não desistas logo de mim. Poderemos tirar fotografias juntos/as, sim. Gosto de fotografias. Posso parecer um tanto ou quanto insensível, especialmente por não ser uma pessoa calorosa, mas isso não quer dizer que não possa compreender os teus sentimentos ou que não me importe. Considero-me, até, uma boa ouvinte, pelo que, comigo, poderás desabafar, até porque, mesmo que não seja a melhor conselheira do mundo - que não sou -, acabarás por te sentir mais leve. Sei guardar segredos e estarei disponível para te ouvir. Afinal, não tenho uma vida assim tão ocupada. Não te pressionarei a falar sobre o que não quiseres, mas gostaria que visses em mim uma pessoa com quem podes contar e em quem podes confiar. Até porque eu também lutei por ti e sinto-me bem em gastar parte do meu tempo contigo. Vou preferir que me chames à razão na altura certa, em vez de saber, por terceiros, que falaste sobre mim nas minhas costas. Sou apologista da sinceridade, e já me disseram que a minha sinceridade excessiva é uma das coisas que me afasta das pessoas e que faz com que tenha poucos amigos, embora eu não ache que seja tão sincera quanto isso. Posso, contudo, dizer certas coisas sem pensar, por vezes, mas não o faço por mal. Apoiar-te-ei em tudo aquilo a que te propuseres, e espero que faças o mesmo comigo. Espero não ser sempre eu a lembrar-me de ti, e que, de vez em quando, te lembres também de mim e que não passemos tanto tempo sem nos falarmos. Não estou, porém, habituada a perguntar às pessoas, de vez em quando, como estão ou o que têm feito, talvez por pensar que estarei a incomodá-las com este tipo de coisas ou por achar que não terão interesse em saber destas mesmas coisas no que respeita a mim. No entanto, se tu, de vez em quando, me mandares uma mensagem para saberes como estou, telefonares ou falares através do Facebook ou do Skype só para conversarmos um bocado e sugerires que nos encontremos de novo, vou querer preservar a tua amizade a todo o custo e tornar-me-ei igualmente chata - no bom sentido. Embora necessite dos meus momentos a sós, como sei que tu também necessitarás, dificilmente te irei largar, já que os amigos são algo raro na minha vida. Depois não digas que não te avisei.

5 comentários:

  1. Somos muito, muito parecidas. Também sou bastante calada no início e só me vou transformando numa tagarela depois de algum tempo e de confiança. Nunca te conheci pessoalmente mas tal como sabes sempre me identifiquei muito com o que escrevias - ao ponto de vir comentar só mesmo para saberes que não eras a única! À primeira impressão nunca me pareceste antipática, muito pelo contrário. Pareces alguém bastante sensível e carinhosa :)
    R: Pois, não sei mesmo se vou conseguir. Não vou desistir, mas está a custar-me pensar que: ou tiro uma nota mediana ou dopu mais 700€ para ficar com uma nota melhor. É um dilema que eu não queria ter.
    Obrigada, Ice :D E para ti boa viagem e boa defesa! Quando vais para amesterdão? É horrível, principalmente porque foram férias bastante emotivas e que me deixaram com 1001 pensamentos na cabeça.
    Os vazios deixados pelos livros são horríveis porque são insubstituíveis. E wayward Pines mexeu mesmo comigo, de uma maneira que à primeira vista não acharia que fosse acontecer. É mesmo muito boa trilogia.

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  2. Também sou assim, no início sou um pouco introvertida mas quando começo a formar amizades verdadeiras acabo por ser uma pessoa bastante faladora e brincalhona. Não sou logo assim desde o princípio porque nem toda a gente merece os níveis de confiança que uma amizade implica. E também coloco a sinceridade como um dos principais valores, porque sem esta não há bases para uma relação de amizade tão boa (:
    E compreendo-te completamente em tudo o que disseste

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  3. Ah, teria escrito uma coisa em parecida se o fizesse. Sou mais daquelas pessoas que fica mais calada, a ouvir do que a falar. Demoro muito a ter confiança nas pessoas. Pode não parecer tendo em conta as parvoeiras que escrevo no blog, mas sou tímida e muito introvertida. Mas depois adoro conversar com as pessoas, sobretudo aquelas que não te julgam, digas o que disseres. Isso é muito raro, o que me faz afastar-me das pessoas, porque sinto que, à partida, me vão julgar - demasiadas más experiências. Depois viro fala-barato, e também tenho essa ideia de que passo a ser uma chata para as pessoas, mas encontrar pessoal fixe para conversar é tão raro! Mas mesmo raras, ainda bem que essas pessoas existem ^^
    ***

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  4. Olá amei o cantinho!!!!!! Seguindo!!!!!!!!
    http://gigicandy29.blogspot.com.br

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  5. Sou parecida em várias coisas mas tenho uma amiga que é tal e qual como tu. Seríamos boas amigas se nos conhecessemos :D
    Agora ainda gosto mais de ti :D

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