23/04/2013

Viver com quem não se conhece - parte 9


Se eu batesse à porta dos quartos delas de todas as vezes que fizessem algo de que não gostasse, teria que o fazer todos os santos dias. Ando cada vez mais farta destas gajas, e mais farta fiquei quando uma delas não parou de insistir comigo por causa de uma coisa que acho mínima. Só por me ter esquecido de levar o lixo para fora? E que tal ela olhar para si e para a outra - e, já agora, esta olhar para si também - primeiro? Pelo menos eu sei que o saco dos plásticos para levar para a reciclagem só deve conter coisas de plástico e não cascas de laranja, folhas de louro e outras tretas que tais, que, obviamente, não se reciclam; sei que, quando se lava o chão, despeja-se a água, ao invés de se usar todas as semanas a mesma água, que fica nojenta e castanha por ficar ali parada com toda a sujidade que foi retirada do chão; sei que, depois de se ir à casa-de-banho, puxa-se o autoclismo - por favor, esta é das regras de higiene mais básicas que existe; estou a viver com bebés ou quê? -; sei que o lava-louça tem esse nome porque serve precisamente para isso, para lavar a louça, e não serve de lixeira para cascas e caroços de fruta e de grãos de arroz, de cogumelos ou o que quer que seja que não tenham sido bem escorridos; sei que, quando ouço a água do chuveiro a correr, não devo abrir a torneira da cozinha para não perturbar o curso da água para a casa-de-banho, de modo a só caírem uns pinguinhos e de, consequentemente, fazerem com que a pessoa que está a tomar banho morra de frio e dê vontade de falar mal e de dar um grito - é o meu caso -; sei que, quando se trazem pessoas cá para casa, deve-se avisar, e não agir como se a casa fosse toda delas, incomodando as outras - a mim, pelo menos - devido ao facto de falarem altíssimo e de estarem sempre com guinchinhos de histerismo; entre outras coisas.
Cada vez mais penso em como seria tão bom ter um apartamento só para mim. Estaria tão à vontade e já não passaria os dias a refilar nem com vontade de dar um grito, assim como não teria ninguém para me chatear nem para dizer o que fazer. Já que vou ter que me aguentar por aqui, só gostava de ser uma daquelas bitches que diz tudo na cara e com rispidez, sem se importar com a outra parte. Sim, era mesmo com rispidez que me apetecia falar com elas, já que são só nojeiras e faltas de respeito. Era da maneira que me levariam a sério.

4 comentários:

  1. E deves mesmo falar com elas, não há quem aguente isso...

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  2. Que horror... Tens de tentar mudar para o ano, procurar uma residência universitária ou assim...

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  3. Não sofro disso na casa que divido, somos bastante organizados. Tenta ser directa e meter os pontos nos i's. A razão está do teu lado.
    Beijinho, Stay Awesome*

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