Não gosto de estar na faculdade. Pronto, já disse.
No meu caso, é um ambiente bastante solitário em que aquilo que me ocupa o pensamento resume-se a uma palavra: sobreviver. Acordar, suportar as aulinhas, fazer aquilo que é preciso - estudar, trabalhos, compras, limpezas e outros que tais -, descansar um pouco e dormir, mentalizando-me de que será o mesmo no dia seguinte. E no seguinte. E no a seguir desse.
Sim, é isto, e disto não passa. Não gosto das ditas tradições académicas, pelo que não tenho a tão activa vida social que muitos universitários têm, a vida do praxar, ir às festas, pertencer à tuna, sair imensas vezes à noite e tudo o resto. Não tenho feitio para isso, e prefiro estar quieta no meu canto ao invés de ir para algum lado à noite com pessoas que mal conheço, até porque, das experiências que tive, acabei por me arrepender por ter saído de casa, pois nem me diverti.
Sempre tive dificuldade em fazer amigos, mas nunca tive que fazer figuras tristes à frente de toda a gente - a.k.a. praxe - para tal. Aliás, isto em nada me ajudou, pois, no outro curso em que estive, não me senti nada integrada. Naquele em que estou actualmente, nem me passou pela cabeça ser praxada de novo, pois não há nada que ache mais estúpido e aborrecido, para além de que comecei a pensar que não iria servir de nada outra vez. A verdade é que acho difícil fazer amigos aqui. Ora vejamos: é raríssimo estar com alguns colegas fora das aulas, já que, mal estas acabam, vão logo a correr para casa; aos fins-de-semana, fogem todos para as respectivas terrinhas, pelo que fico sozinha na cidade universitária e, se quero passear, tenho que o fazer sem companhia (já me habituei); não dá para fazermos nenhum jantar ou assim porque, lá está, vai tudo logo para casa e não querem estar a andar na rua à noite... Toda a gente é muito dependente de casa, portanto.
E na faculdade? Bem, a verdade é que a maioria das pessoas não diz nada de jeito e só consegue manter uma conversa se falar sobre as aulas. Argh, seca. Quer dizer, já basta ter que aturar as aulas; não preciso que me venham falar disso. Se não falam disso, falam de cadeiras que não tenho, pelo que fico a apanhar moscas. Se não é isso, o tema é dinheiro (nada mais interessante, hein?), e, se não é dinheiro, são as paranoias com o corpo, com a comida e com as dietas. O curso, na sua grande maioria, é formado por raparigas, e toda a gente sabe que muita rapariga junta não dá bom resultado. Os rapazes contam-se pelos dedos, e, das duas uma, ou são daqueles com a mania de que são engraçados, ou são abichanados (não tenho nada contra a orientação sexual de cada um - apesar de nem saber a destes, mas de desconfiar por causa dos gestozinhos -, mas tiques afeminados irritam-me um bocado. Ser-se gay não é sinónimo de ser-se uma bicha doida). E não dizem nada de jeito.
Também o facto de me sentir indiferente em relação ao curso e de não ser algo que queira mesmo dá-me sempre a sensação de que não pertenço àquele ambiente. Há gente tão croma, que delira com aquilo e acha tudo tão interessante e gosta de estar sempre a par das últimas notícias, e estar ao pé desta gente faz-me perguntar Que raio estou eu a fazer aqui?. Quer dizer, isso é só depois. Primeiro vem aquele pensamento de Por favor, que cromo/a.... De qualquer maneira, se mudasse de curso, não saberia para onde ir. Não me imagino em lado nenhum e não sei o que quero. É por isso que sou indiferente e que me conformo com esta vidinha.
É isto. O ambiente é uma treta. Melhores anos da nossa vida? Nem por sombras. Preferi os tempos de escola. Agora isto...passar os dias apenas a sobreviver, não ter quase tempo nenhum para fazer outras coisas, marrar para depois esquecer tudo, aprender na cadeira X coisas que já demos na Y, não conseguir chamar os coleguinhas de amigos, viver numa casa com duas chatas sem ter ninguém com quem estar ou conversar de vez em quando...fogo, não vou sentir falta disto. Até sinto que isto não me rende nada, que vou sair daqui sem saber nada de nada. Não vejo a hora de se passarem mais dois anos para me livrar de toda esta porcaria de vez.
se calhar não estares num curso que gostes também não ajude..
ResponderEliminareu tive muita sorte e fiz amigos para a vida..
kisses***
Em relação ao "ambiente" sou como tu. Deixei a praxe, não sou de saídas à noite quando a ideia é unica e nexclusivamente emborrachar-se..
ResponderEliminarE não, não tenho paciência para o conversas sobre hotéis para cães, malas Furla ou DG, etc etc..
Gosto de coisas "de gaja", claro. Mas há mais nada vida..
Quando se tenta entrar num discurso mais intimista com algum conteúdo olham-nos logo de lado.
Mas nem toda a gente é assim! Há que saber selecionar*
Cheer up! N olhes só para o lado negativo =)
Espero que isso melhore rapidamente :)
ResponderEliminarTambém acho a praxe uma estupidez. E é uma pena que não tenhas conseguido encontrar ninguém de quem gostasses. O meu curso também é só raparigas e algumas bem ranhosas mas tive a sorte de encontrar umas simpáticas, incluindo uma de quem não gostava muito. Vais ver que as coisas vão melhorar.
ResponderEliminaracho que foste para esse curso com a cabeça feita, algo que provavelmente já tinhas no primeiro e que permaneceu.
ResponderEliminarnão precisas da praxe para fazer amigos, eu estive duas semanas, saí e fiz amigos na mesma. dás MUITA importância à praxe, mais do que ela merece. na praxe existem pessoas diferentes como em todo o lado. existem pessoas muito simpáticas e inteligentes assim como existem aquelas que são falhadas na vida e por vestirem um traje e darem meia dúzia de ordens se acham umas grandes coisas, mas não são.
as conversas sobre as aulas irritavam-me sobretudo quando estava na sala à espera do professor(a) e as pessoas começavam todas a falar disso como se fosse um caso de vida ou morte, apenas para fazer assunto, na maioria das vezes o silêncio era a melhor opção. e vê-se que muitas delas o fazem não para partilharem experiências mas sim para darem a entender que são melhores do que nós ou que estão muito à nossa frente. publicidade gratuita e que ninguém quer.
os teus colegas de curso são assim de tão longe que tenham de "voltar para as suas casas"? se eu tivesse vivido no Porto durante o tempo em que estive a estudar provavelmente teria saído mais, teria aproveitado mais, até por que muitos dos meus colegas mesmo não sendo da cidade viviam mais perto do que eu e podiam dar-se ao luxo de fazerem certas actividades que eu, enquanto residente no cú de Judas não podia. quanto ao sexo deles, eu sempre me dei melhor com raparigas, os rapazes que tinha no meu curso [ainda erámos uns cinco ou seis, não me lembro ao certo agora] passavam-me ao lado, as raparigas na sua maioria eram simpáticas mas nunca se criaram aquelas amizades embora fossem pessoas perfeitamente suportáveis.
quanto ao curso, enquanto não fizeres aquilo que gostas [mesmo que ainda não saibas o que é ou tenhas medo de o admitir] as coisas nunca estarão de feição para ti, encontrarás sempre algo onde colocar as culpas pela tua infelicidade.
Eu também detesto a minha faculdade. Gosto do meu curso mas detesto ter que ir à faculdade porque tudo lá é horrível.
ResponderEliminarEspero que as coisas melhorem, força *
ResponderEliminarComo te compreendo,apesar de eu gostar do meu curso,tudo o resto estou de acordo contigo completamente...detesto ter que ir a faculdade pela ambiante da minha turma,não falo com quase ninguém porque eles tem grupinhos muito fechados e não falam com mais ninguém e sinto também essa sensação de não pertencer ali e pensar "o que eu estou aqui a fazer?"
ResponderEliminarBeijinhos*
Já tinha notado que não gostavas nada do curso e da faculdade (não é a primeira vez que escreves sobre isto, acho...) mas pensa que já faltou mais e até pode ser que entretanto as coisas melhorem :)
ResponderEliminarAh isso não :p
ResponderEliminarNão gosto muito de blog's de moda por isso essas coisas não vou publicar.
eu ainda estou no secundário e sinto exactamente o mesmo que tu, as pessoas têm conversas tão fúteis. sim, a verdade é que eu gosto de roupa e "moda", mas isso não quer dizer que seja a única coisa pela qual me interesse.
ResponderEliminarainda estou na esperança de na faculdade conhecer pessoas "diferentes", que me compreendam minimamente.
Olá querida! Gostei do teu blog, estou a seguir.
ResponderEliminarSegue-me também: http://danielasilvayellowworld.blogspot.pt/
beijinhos
Eu concordo com algumas coisas que aqui foram ditas, tipo não ligues tanto à praxe, eu não pertenço à praxe e sou praxista, altamente praxista, mas comigo própria,[pronto e com os outros também] é um tema que depende dos valores de cada um, e eu não me integrei. Depois acho que na faculdade mesmo com os tipos de pessoas diferentes e com os quais não nos identificamos há sempre alguém que não conhecemos que pensa mais ou menos como nós e mais cedo ou mais tarde irás conhecê-la e não te deixes "vencer" pelo simples facto de já teres frequentado outro curso e vires com ideias pré-definidas por lá. Se calhar esses teus colegas caseiros, até merecem uma oportunidade!
ResponderEliminarBjinhu
Eu não gosto da praxe, apenas lá ando para poder traçar a capa que dizem que é lindo *.*
ResponderEliminarDe resto concordo contigo, o ambiente é horrivel, entao na minha faculdade que é super mini, existe o grupo do populares e os outros ... foi preciso chegar a faculdade para saber o que é grupos poulares, ao qual eu nao faço parte claro -.-
Mas infelizmente temos que aguentar =(
Força!!