19/04/2013

Solitária - parte 3


Já nem me lembro da última vez que saí com amigos. Amigos mesmo, não aquelas personagens da faculdade que só sabem falar de aulas e que adoram ir a correr para casa. Acho que foi no Verão. Não neste que passou, mas no anterior. Sim, acho que foi nessa altura, naquele dia em que comemos na pizzaria e fomos jogar bowling depois.
Já disse que já me habituei a passar muito tempo sozinha. Não vou dizer que afinal já não é assim, pois estaria a mentir. Preciso sempre do meu espaço e das minhas horas em que só me dedico a mim mesma. Preciso sempre de espairecer dos assuntos académicos e de ocupar a cabeça com coisas, a meu ver, mais interessantes. O tempo que aqui passo sozinha não é mau enquanto estou ocupada. O problema é...quando não estou aqui.
Quando vou de férias para casa, as coisas tornam-se diferentes. Novas rotinas, novas tarefas e passar tempo com a família são coisas que me ocupam e que fazem com que as horas em que me dedicava a mim própria diminuam drasticamente. Às vezes começo a sentir falta do meu espaço; outras vezes começo a sentir-me sozinha. Sozinha em termos de amigos.
As coisas já não são o que eram. Já mal nos vemos, e, quando o fazemos, noto que há algo de diferente, como se não conhecesse muito bem a pessoa que está à minha frente ou como se já não me sentisse tão à vontade com ela. É estranho. Mas sim, sinto-me sozinha quando vou para lá de férias e não consigo mudar isso porque parece que não posso contar com ninguém. Quase que não nos falamos. Quando proponho qualquer coisa, ou não podem, ou não querem, e, para isso, dão desculpas esfarrapadas. Por isso até já tenho receio de propor. Nem é bem receio. É mais algo tipo...estar farta destas m*rdas. Se já sei que vão enrolar e enrolar para no fim dizerem que não, então para quê dar-me a esse trabalho?
Mas sinto-me só na mesma, e o sentimento só se intensifica quando vejo fotografias de pessoas conhecidas a divertirem-se com o seu grupo ou quando vejo grupos de amigos nalgum lado, a rir e a conversar entre eles. Queria estar com mais gente para além do namorado. Queria um grupo com quem passear e ir à praia. Queria voltar a jantar fora com várias pessoas. Queria um grupo com quem fazer noitadas em casa de alguém a ver filmes, a jogar videojogos em conjunto e a comer porcarias. Queria estar presente em fotografias. Queria alguém com quem falar sobre tudo e mais alguma coisa, sem vergonhas. Queria alguém com quem discutir música, livros, séries e tudo o mais.
As pessoas que conheço não combinam comigo, e se, por acaso, combinam, não se interessam. Tudo o que vejo naquela terra são pessoas desinteressantes às quais não pode faltar álcool para passarem um bom bocado. E tudo o que vejo aqui são pessoas que já têm as suas pessoas e que, por isso, parece que não querem que mais ninguém entre no seu círculo. Talvez seja por isso que sejam tão dependentes de casa e que não digam nada de jeito.
Sei que não sou uma pessoa fácil. É preciso ter-se paciência. Mas, na verdade, as desilusões que já apanhei fazem com que muitas vezes perca a vontade de me aproximar.

5 comentários:

  1. Identifiquei-me contigo em algumas partes.

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  2. Tenta conhecer pessoas novas, quem sabe encontres verdadeiros amigos :)

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  3. também me sinto assim, em parte.
    são muitas as desilusões.
    mas não desistas :) tenta sempre conhecer alguém
    e às vezes não parecem lá muito boas pessoas ao início e depois revelam-se boas amigas :)

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  4. Já me senti assim várias vezes. E pensei que não ia conseguir fazer amizades na faculdade mas tens de tentar querida. Seja pedir a alguém para estudar contigo e depois daí evoluir para uma amizade.
    Força querida :)

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  5. ao contrário do que dizem aqui em comentários eu acho que uma amizade é algo que não se pode encarar como uma tentativa, tipo: vou aproximar de ti porque até me dou bem contigo e pode ser que nasça uma boa amizade.
    eu não tenho muitos amigos, e dos poucos que tenho há uma amiga minha em que aconteceu isso que descreves no post (e mesmo com os outros não estou muitas vezes com eles) e eu tentei reaproximar-me, tentar de novo ter amizade, mas não deu.
    percebi que amizade é algo que surge sem ser forçado ou procurado, é algo que vai crescendo e fortificando conforme os acontecimentos e muitas vezes nem nos imaginamos a ser amigos de uma certa pessoa e quando damos por ela lá estamos nós...
    é tudo uma questão de tempo. e quanto mais uma pessoa procura pelas coisas menos as encontra. vais ver que acabas por encontrar alguém com quem podes ter uma relação dessas :)

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