07/02/2013

Condução



Vou ser simples e directa: detesto conduzir.
Se há coisa que me irrita são os anormais que me perguntam Mas então, se não gostas, por que tiraste carta?. Porque - oi? - como é que eu ia saber que não ia gostar de conduzir? Não é preciso pensar muito para se chegar a essa conclusão. E eu nem sequer tive "aulas" antes de ir para a escola. Portanto, eu não sabia o mínimo dos mínimos sobre carros e condução antes de pôr lá os pés.
Para dizer a verdade, nunca tivera tenções de tirar a carta logo com dezoito anos. Eu sei que, para muita gente, os dezoito anos são "aquela" idade, a idade fantástica por este e por aquele motivo, mas, para mim, foi só mais um ano, e até digo que o ano em que andei com dezassete anos foi bem melhor do que o de dezoito. Estava certa de que iria estudar para fora, pelo que tirar carta e depois ir-me embora daqui seria inútil. Para além disso, nunca saía sozinha para lado nenhum, pelo que tinha sempre uma boleia para qualquer lado. E disse estas coisas várias vezes na noite do meu décimo-oitavo aniversário, depois de ter recebido como prenda do meu pai o dinheiro para pagar a "querida" carta. Mas tanto insistiram, tanto insistiram, tanto insistiram, que eu, já farta, acabei por ceder para os calar. Má decisão, eu sei.
Lá fui para a escolinha. O código não foi mau e passei à primeira. Toda a gente dizia que a parte da condução era a melhor e a mais fácil, mas eu estive sempre de pé atrás. Primeiro, porque sou muito descoordenada, principalmente com os pés. Segundo, sou sempre o contrário dos outros: as coisas mais fáceis para eles acabam por ser as mais difíceis para mim. Tudo o que envolva trabalho físico, para mim, é difícil. Mas, vá, surpreendi-me por as primeiras aulas terem corrido bem, e confesso que até achei alguma piada à coisa.
Porém, passado um bocado, tudo se desmoronou. Comecei a ter apenas uma aula por semana, o que veio a estragar tudo. Parecia uma tolinha que nunca tinha pegado num carro, um autêntico perigo. Comecei a perder a confiança com o passar dos dias, até que chegou o dia do terrível exame. Sim, que aquilo foi mesmo terrível. Estava certa de que ia perder; até já me tinha mentalizado disso quando estacionei no fim do exame. Mas fiquei como tola quando a examinadora disse que estava passada. Como tola mesmo. Não consegui ficar contente; estava demasiado perplexa, pois sabia que não o tinha merecido. Nunca em nenhuma aula tinha deixado o carro ir abaixo tantas vezes como no exame, nunca me distraíra tanto a ponto de quase passar por um stop e de deixar de ouvir a examinadora... Opá, fiquei com um trauma depois disso. Depois disso, devo ter conduzido, sei lá, umas quatro vezes. Sempre com supervisão e sempre sem me sentir segura. Detesto; não mereci aquela carta, e acho que não fui feita para conduzir transportes com rodas, porque com bicicletas a história também não é muito feliz.

5 comentários:

  1. :( identifico-me tanto mas tanto....eu conduzia todas as semana uma vez até um ano depois de tirar carta...a minha gota de água foi quando pedi o carro à minha mãe para ir treinar sozinha um bocadinho...e ela simplesmente disse: nem pensar, sozinha não vais a lado nenhum...e pronto....e depois também ganhei certos medos porque o carro da minha mãe era de manhas e eu deixava-o ir a baixo...mas no fundo não era eu, ele é que estava todo estragado!!! Já fizeram 3 anos desde que peguei num carro a ultima vez! Não sei se vou ter coragem de conduzir de novo :(

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  2. Tenho 20 e não tenho vontade de tirar a carta. Tal como tu não estava ansiosa para fazer 18 para ter a carta e 18 anos não mudou nada. Devemos ser duas raparigas muito raras :p

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  3. Tenho 18 anos e não quero tirar a carta para já, ainda é muito cedo, e sou como tu, muito descoordenada...
    Não tenho qualquer interesse em mexer num carro

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  4. Identifiquei-me muito com este texto. Eu tinha muita vontade de tirar a carta e passei tudo à primeira, se bem que o meu instrutor não tinha fé em mim porque eu era péssima em estacionamentos e coisas assim. Eu tirei a carta à cinco meses e, com a operação ao pé pelo meio, raramente peguei no carro. Uma coisa que me afasta do volante é a diferença entre um motor a gasóleo e outro a gasolina. Eu tentei conduzir com o meu pai ao lado mas deixava o carro ir abaixo e o meu pai, em vez de me encorajar, dizia para eu sair que conduzia ele. Ora, obviamente que incentivo agora não tenho nenhum e se ele me perguntar se eu quero conduzir digo que não, que ele me tirou a vontade. Acho que também a carta vai ser importante para mim e tenho de perder o medo e tentar mas o medo de falhar é enorme.

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  5. Bem claro que não te vou tentar convencer a tentar conduzir, porque gostos são gostos e cada um sabe de si, e se não gostas conduzir, pronto. Porém vou contar a minha experiência.
    Também fui quase forçada a tirar a carta, não queria mesmo, até porque sabia que ia ser difícil conciliar com a universidade, visto que os meus pais quiseram que eu tirasse a carta na terra deles. Ou seja, só tinha aulas uma vez por semana e às vezes nem isso.
    Lá acabei por tirar a carta e depois peguei logo no carro dos meus pais, mas a diferença era abismal. Aprendi a conduzir num carro em gasóleo, o dos meus pais é a gasolina e bem grande. Ui tantas vezes deixei o carro ir abaixo, até ao ponto de um dia num stop ter deixado para aí 3 vezes ir abaixo (por estupidez minha:estava em 2ª), e com tantas apitadelas dos carros atrás, andei mais um bocado, saí do carro, passei para a minha mãe e disse que tão cedo não pegava num carro. Fiquei para aí 2 anos ou mais sem conduzir! Tinha tanto medo, tanto receio, que quando os meus pais tentavam me convencer eu passava-me da cabeça e dizia que não. E olha que eles sempre foram queridos e não se importavam de eu andar no carro deles, mas esquece.
    Porém, depois de dizer que nunca na vida iria conseguir conduzir, os meus pais ofereceram-me um carro. Bem como não conduzir um carro que te ofereceram?! Fica mal ter alí um carro parado e os meus pais sabiam que eu assim não ia conseguir recusar-me a conduzir. E bem com todo o apoio dos meus pais comecei, ao princípio sempre com alguém ao lado (normalmente o meu pai). Cometi muitos erros, muitas inseguranças tive (e tenho) mas olha a coisa foi melhorando. Hoje já conduzo sozinha e vou sozinha para a minha cidade universitária. Não sou uma ótima condutora, não, ainda sou muito inexperiente e tenho muito a melhorar. Ainda deixo o carro ir abaixo e não tenho muito jeito para fazer pontos de embraiagem em grandes subidas (vai quase sempre abaixo o carro), mas olha há que treinar para conseguir conduzir bem. E agora olhando para trás, acho que fui parva, porque só com treino é que se consegue. Pensava que nunca iria conduzir mas olha vou conduzindo, e gosto bastante. Tenho pena é de não conseguir conduzir bem, mas olha espero que com o tempo fique melhor :D
    Desculpa lá o testamento xF
    Beijinhos

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