28/10/2012

O que queres ser quando fores grande?


Durante estes anos, a minha resposta a esta pergunta foi sempre a mesma: Não sei. Se ma perguntassem agora, a resposta seria igual.
Nunca soube o que queria. Como é que havia de saber? Era uma miúda quando tive que escolher uma área para o secundário, uma miúda que nunca pensava naquele assunto e que passava a maioria dos tempos livres no computador ou a jogar PlayStation. Não me importava com o futuro, mas sabia que teria que escolher alguma coisa, só não sabia o quê. Como sempre, vinha sempre aquela pressão associada, a pressão de que o tempo se estava a esgotar e que eu tinha que me decidir. Mas como? Como é que alguém pode decidir algo assim, ainda para mais só com dezasseis anos?
Fui àquelas sessões com uma psicóloga, em que se faziam os famosos testes psicotécnicos, com a esperança de ver algumas luzes. Mas não houve luzes. Continuei na mesma, indecisa entre as ciências e as artes. Descartara logo a área de letras, porque não achava aquilo nada interessante.
Portanto, das duas uma: ou aqueles testes eram uma farsa, ou eu tinha jeito para ambas as coisas.
Comecei a ficar inclinada para artes, mas pessoas mais velhas davam a entender que ia cometer um erro. Essas mesmas pessoas meio que me empurraram para as ciências, dizendo que era uma área que englobava muitas coisas, ou seja, havia muita possibilidade de escolha, e que era uma área que dava emprego (isto na altura). Ora, eu não desgostava de ciências. Mas aquela foi uma fase em que tinha redescoberto o gosto pelo desenho.
E depois comecei a ver o outro lado da coisa. Teria que ter geometria descritiva, algo que eu sabia que me ia dar dores de cabeça, porque eu a visualizar as coisas no espaço sou um autêntico desastre. Teria que mudar de escola, e isso não me agradava nada, pois a minha escola ficava a cinco minutos de casa, pelo que ia e vinha a pé e não estava dependente de ninguém para me ir levar ou buscar. Para além de que já tinha o meu grupo e não queria nada começar do zero. Até foi bom não ter mudado, porque, se o tivesse feito, não teria conhecido o meu namorado e continuaria a ser uma forever alone até agora. Diziam que não ia ter emprego e que podia perfeitamente tirar um curso nessa área depois de estar estabilizada.
A verdade é que no décimo ano pensei várias vezes em mudar de área, mas não queria deitar um ano ao lixo e começar tudo de novo. No ano seguinte, pensei em fazer os exames da área de artes sem assistir às aulas, mas depois a ideia foi-se-me e acabei por não o fazer. Acho que foi porque acabei por me conformar.
Ainda estou para perceber se o que fiz até agora foi bom ou mau. Dava mesmo jeito umas luzes novamente, só para saber isso.
A minha irmã acha que fiz mal. Ela acha que as artes vão estar no meu caminho, apesar de tudo, e eu espero que assim seja, sinceramente.
Agora que penso bem, acho que ter ido para um curso universitário numa área de artes ter-me-ia dado cabo da cabeça. Acho que nunca na vida conseguiria competir com aquela gente que desenha super bem. Daria em doida com a quantidade de trabalhos que teria que fazer e com a quantidade de material que teria que comprar, ficando depois frustrada por usar só metade do material e depois meter as sobras num armário para nunca mais serem usadas. Ficaria chateada pelo simples facto de me mandarem desenhar. Não gosto que me mandem desenhar. Eu desenho quando bem entendo. Quando me mandam, o meu cérebro bloqueia, não consigo fazer nada. As coisas saem espontaneamente, não sob pressão. E não gosto de desenhar aquilo que me mandam. Não sei desenhar à vista, nem fazer desenhos realistas. Aldrabo muito e ficam sempre péssimos. A minha irmã diz que o treino faz a diferença, e eu acredito. Mas, sinceramente, não me interessa treinar, pois não me ralo por não saber desenhar daquela maneira. Só gosto de desenhar bonequinhos. Os bonequinhos são fofos e mostram a criatividade de uma pessoa. Prefiro puxar pela imaginação do que limitar-me a olhar para uma coisa e copiá-la para o papel.
Um dia hei-de ir para um workshop de artes ou para um daqueles cursos de seis meses. Cursos universitários é que não. Credo, quando acabar este, nem vou pensar em estudar mais. Já estou tão farta, que até duvido muito que vá para mestrado. A paciência e a vontade estão a zero, diga-se de passagem...
É, eu acho que sempre fui uma pessoa confusa. Confusa mas que, ao mesmo tempo, acaba por se conformar com o que tem. Acho que isso não é bom. Quer dizer, sei lá. Como já disse, não sei em que ponto estou, não sei se fiz bem ou mal em ter feito este percurso. A minha cabeça vai andar sempre sem luzes, sempre perdida...

4 comentários:

  1. OMG! exactamente igual a mim o.O
    a diferença é que eu cheguei ao 11ºano de ciências e desisti...no ano seguinte fui para artes e agora estou no 12º ano...
    também sou super indecisa e nunca sei bem o que quero e se a escolha que fiz foi a mais acertada para mim, mas sei que me sinto mais feliz assim :b
    fogo que estranho, estava a ler o que escreveste e só pensava: eu fiz isto e aquilo e isto e aquilo também e também me disseram isto e fiquei tipo :O que cena!

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  2. eu estou no 12º e também não sei responder a essa pergunta !

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  3. Eu estou no 12º e ainda não sei bem o que quero. Tenho demasiados interesses. Identifico-me com este texto, à excepção de nunca me ter sentido pressionada. Fui para a área que quis e os meus pais sempre me disseram que devo escolher o curso que gosto mais...

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  4. Eu sou super indecisa. Quando chegou a altura de escolher uma área, também fiz uns teste com a psicóloga da escola. O resultado foi ciências e, logo de seguida, música. Okay, lá fui eu inscrever-me para ciências. Estive lá dois anos e detestava tudo, odiava as disciplinas, soube logo que devia ter ido para humanidades, área que pus de parte devido ao meu ódio a história.
    Em vez de ir para o 12º, voltei ao 10º, na área em que eu realmente encaixo. Agora estudo o que gosto (finalmente!).

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