Hoje acabei de ler o nono (!) livro da série Casa da Noite, e uma das coisas que me passa pela cabeça é: Mas esta saga nunca mais acaba?. Claro que adoro os livros, caso contrário não os lia. Mas uma saga com, possivelmente, doze livros é um bocado demais.
Fiquei cativada por isto logo no primeiro volume. É sobre vampiros, okay, mas nada daquilo a que estamos habituados. É original. Pessoas normais são marcadas como "especiais" e têm que se mudar para a Casa da Noite, uma escola onde aprenderão tudo aquilo que precisam para a sua vida como vampiros adultos. Porém, nem todos conseguem chegar a verdadeiros vampiros, uma vez que cada um é sujeito a mudanças e, em alguns casos, os seus corpos não resistem a todas estas mudanças, acabando, então, por morrer. Mas é claro que nem tudo são aulas e escola; há sempre um (ou mais) enredo ou mistério para além disso. E algum romance e tragédia também. É diferente. Não são os típicos "chupa-sangue" nem as novas criaturas que brilham ao sol. Tudo se passa maioritariamente à noite. São seres muito bonitos e perfeitinhos fisicamente, que têm uma espécie de poderes mágicos. Fazem uso deles para se safarem de qualquer coisa, fazem rituais, prestam culto à sua respectiva deusa e têm todos uma marca de uma meia-lua na testa, da qual emergem tatuagens à medida que vão, digamos, "evoluindo", tatuagens essas que se propagam pelo corpo e cujos motivos têm a ver com o seu "poder mágico" - porém, quando leio, nunca os consigo imaginar dessa forma e imagino sempre caras "limpinhas". Portanto, nada como alguma vez vira. E, para gostar de um livro, este tem que ser assim - com ideias e conceitos diferentes, nunca antes vistos.
Os primeiros livros primaram por essa originalidade; porém, começaram a cair no cliché do luz contra escuridão, ou bem contra o mal, típico nos livros do fantástico. E é precisamente por ser típico que já se adivinha como tudo vai terminar: os bons vencem os maus, apesar das milhentas dificuldades. No entanto, é esperar para ver.
Um outro aspecto menos bom que tenho a apontar é a questão tempo. O tempo passa muito devagar naqueles livros. Em alguns deles, nem chega a passar uma semana. Acontece muita coisa num único dia, e, quando vamos ver, um acontecimento importante, do livro anterior, por exemplo, aconteceu há uns dois dias atrás, quando parecia ter acontecido há muito mais tempo. Do primeiro livro até agora, ao nono, a história passou-se em três, quatro meses. Nesse curto período de tempo, a personagem principal encontrou os ditos "amigos para a vida", passou a confiar neles plenamente e a considerá-los a sua família, e teve não sei quantos namorados. Isto, na vida real, é extremamente improvável, a meu ver. Não acho crível e faz-me confusão, principalmente porque, nos outros livros que li, a história desenrolava-se durante meses, ou até anos.
Por falar na personagem principal, esta anda a mexer-me com o sistema desde há uns livros atrás. A partir do sexto livro, se não estou em erro, as autoras passaram a fazer algo diferente: em vez de escreverem o livro inteiro do ponto de vista da protagonista, passaram a escrever alguns capítulos do ponto de vista de outras personagens. Confesso que, no início, não gostei muito da ideia, mas agora adoro. E conhecer melhor as outras personagens fez com que passasse a gostar menos da principal. Talvez por causa do discurso. Achei-o diferente. Quando escrevem sob o ponto de vista da protagonista, a maneira de aquilo estar escrito parece-me muito mais infantil, chegando ao ponto de haver certas expressões um bocado idiotas e que não precisavam de estar ali. Com as outras personagens, o discurso está bem melhor, mais semelhante ao do outro livro que li da mesma autora, Deusa do Mar. Passar deste livro para um dos da Casa da Noite chocou-me, e chocou-me pela maneira de escrever. Estava eu a ler um dos capítulos narrados pela personagem principal e a pensar Mas que raio? Que linguagem tão..."adolescente". E é por esta personagem parecer tão infantil em certas passagens e tão armada em adulta noutras que passei a ter-lhe uma certa...aversão é uma palavra muito forte, mas enfim, é uma coisa assim parecida. Uma certa antipatia, pronto.
Tenho ainda a dizer que não valia a pena terem lançado tanto livro. Não, não é por alguns deles só conterem palha. A história de cada um transita para o próximo. O facto de os mistérios não serem logo resolvidos ou de o final de um livro nos deixar estupefactos é que faz com que a série se torne viciante, fazendo-nos esperar ansiosamente pelo próximo volume. No entanto, em vez de terem escrito este grande número de livros com poucas páginas (por "poucas páginas" entendem-se trezentas e tal, e às vezes nem isso), podiam ter optado por escrever calhamaços, juntar dois ou três livros num só. Seria melhor para a carteira, mas talvez seja mesmo isso que querem: mais dinheiro. Não sei se não será também por isso que inventam sempre cada reviravolta no final dos livros, que nos leva a pensar Oh, lindo. E agora? Agora isto nunca mais acaba. Atenção que não estou desejosa de que acabe. Mas a verdade é esta: há sempre uma reviravolta e parece que o principal - dar cabo da vilã - nunca avança.
Por último, e sem querer ofender ninguém, estranha-me o facto de os livros serem considerados de jovens-adultos e de muitas miúdas de doze anos os lerem. Pergunto-me se perceberão aquilo tudo, ou se serão apropriados. O que é certo é que os livros de hoje em dia não são os mesmos de há uns anos atrás. Mas mesmo assim... E já estou mesmo a ver o que vai acontecer quando saírem os filmes (pois, vão fazer filmes baseados nos livros, o que não me agrada): mais desilusões e mais uma onda de miudagem histérica.
Também acompanho esta colecção e confesso que inicialmente era boa, original e bastante cativante.
ResponderEliminarHá carradas de palha nos livros - todos, sem excepção - coisas absurdas acontecem, a Zoey é uma rapariga parvinha que só quer namorados... Enfim, se for a fazer uma lista de todos os defeitos, nunca mais daqui saio!
O tamanho dos livros e o tempo... É terrível. O "Marcada" dura quanto tempo? Uma semana? Por favor, as Cast apenas querem dinheiro, só pode! Já ouvi dizer que a colecção vai ter 12 ou 15 volumes. A minha questão é: a contar com os "à partes", tipo o Juramento de Dragão e o Manual de Iniciado, ou sem contar com esses? Algo me diz que esta última hipótese é a mais provável.
Recuso-me a comprar os "à partes". A Casa da Noite já deu o que tinha a dar. Perto do terceiro livro, a história perdeu interesse e penso que por volta do Queimada é que voltou a ser interessante.
O facto de haver narração de pontos de vista diferente é bom. Dá-nos uma maior visão e deixamos de estar presos à vidinha da Zoey.
Achei piada teres dito que não consegues imaginá-los com as tatuagens, porque eu também não. Aliás, até a Stevie Rae, que é loira, imagino-a de cabelo castanho escuro, não consigo pensar nela de outra forma.
Sorry o comentário longo! Bjnhs, A*