Cantaram como
se tivessem ensaiado. Como se se conhecessem desde sempre, quais amigos de
infância que acabavam de se reencontrar após anos de separação devido à
distância. Spencer cantou os primeiros versos, e, depois da curta pausa marcada
pelo som da guitarra acústica, Lu entoou os que se seguiam. Sabia a letra
daquela canção de cor e salteado, tal haviam sido as vezes que a ouvira desde o
seu lançamento, que já contava com uma meia dúzia de anos. Cantaram o refrão em
uníssono, as suas vozes a conjugarem-se naturalmente numa delicada harmonia,
entre sorrisos, trocando olhares cúmplices nos momentos certos.
A princípio, a voz de Lu soara
algo trémula, e ela própria nem a reconhecera ao microfone. Achara-a péssima
como sempre e que entrara mal e que estava desafinada, ao mesmo tempo que
sentia os olhares atentos – alguns dos quais invejosos e prontos a julgarem-na
– do público cravados em si e notava um ou outro flash ocasional de câmaras. Mas, aos poucos, como se a presença de
Spencer e a sua aparente cumplicidade para com ela a fizessem sentir
confortável e descontraída, Lu deixou-se relaxar e fazer o que prometera a si
própria quando transpusera a entrada daquele recinto: não se importar com as
opiniões de quem a observava. Aos poucos, Lu esqueceu-se do público, fixando-se
somente em Spencer, na canção e naquele momento mágico e completamente
inesperado que estava a viver. Concentrou-se naquilo que Spencer dissera anteriormente.
Diversão. Era só o que lhe importava naquela noite; era o que tinha dito que ia
fazer assim que se pusera a caminho do concerto: divertir-se, sem pensar em
mais nada. E, desta forma, sentiu-se rodeada por uma bolha, uma bolha que os
abarcava a ambos, colocando-os num mundo onde não existia mais nada para além
deles.
Quando a canção terminou, o
retorno da euforia por parte do público rebentou a pequena bolha de felicidade
que se formara. Spencer, após um último olhar, pousou a guitarra e levantou-se,
levando Lu a fazer o mesmo, quase que inconscientemente. Apontou para ela, como
se desse a entender que era a Lu que o público tinha que agradecer, já que,
caso contrário, a canção não teria aquele mesmo impacto, aquela mesma magia.
Lu, contagiada pelo ambiente – embora ainda com a sensação de ter sido mesmo má
–, sorriu abertamente e fez uma pequena vénia, só mesmo por diversão. E riu-se
com vontade, totalmente feliz e livre, enquanto rodava a cabeça na direcção de
Spencer, como se quisesse procurar alguma pista no seu rosto que lhe dissesse o
que devia fazer a seguir.
Lu surpreendeu-se por vê-lo
ainda ao seu lado e a fitá-la, mas surpreendeu-se ainda mais quando este abriu
os braços e a abraçou em pleno palco, como que em jeito de agradecimento por
ter aceite o seu desafio e por ter sido a óptima parceira que ela tentava
acreditar ter sido. Apesar da surpresa, porém, Lu não tardou a reagir e a
abraçá-lo de volta, enquanto sorria com os olhos fechados, sentindo-se como se
estivesse num sonho. Foi um abraço doce e sincero, que os transportou de novo
para a bolha que os isolava do mundo, e que Lu gostava que tivesse durado para
sempre.
Pouco
depois, Spencer, ainda com um dos braços sobre os seus ombros, colocou-se ao
lado de Lu e apontou para o fotógrafo oficial da banda, sobre o palco a poucos
metros de distância deles e com a câmara em punho. Lu sorriu automática e
abertamente, sem sequer saber se Spencer estava a fazer o mesmo. Amanhã, vai estar tudo online, pensou,
sentindo-se privilegiada por vir a ser conhecida como a primeira fã que subira
a um palco para cantar ao lado de Spencer Anderson.
Continua...
uuuuuui ! mais mais ahah
ResponderEliminarGostei tanto!! :D
ResponderEliminarQuero mais!
Agora vou esperando pela continuação (:
ResponderEliminarEscreves maravilhosamente
Quero mais!
ResponderEliminarEscreves tão bem, consegues captar a atenção das pessoas a sério :)
Tu escreves coisas tão bonitas..
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