- Tu – disse,
a apontar para ela.
Acto contínuo, Lu virou-se para
trás, juntamente com as desconhecidas que se encontravam à sua volta, para tentar
perceber quem fora a feliz contemplada.
- Não, tu – ouviu Spencer dizer,
mas só pensou que, daquela forma, seria complicado tentar perceber a quem se
referia.
Até que uma das adolescentes que
a cercava falou directamente para ela:
- Acho que és tu!
Lu franziu o sobrolho e
virou-se, dando de caras com um Spencer imóvel, a sorrir para ela a poucos
metros de distância.
- Tu aí – voltou a apontar para
Lu.
Ela, por sua vez, apontou para
si própria, só para se certificar que era mesmo consigo.
- Sim, tu! – exclamou Spencer,
ansioso por se rir com a situação. – Anda daí.
Lu não se conseguiu mexer. O seu
ritmo cardíaco disparou, e as pernas, embora trémulas, pareciam feitas de
chumbo, prendendo-lhe ao chão.
- Se não subires, vou aí
buscar-te – ameaçou Spencer, num tom afável e divertido ao mesmo tempo.
Ouviu as desconhecidas, atrás de
si, a encorajá-la, ao passo que outras gritavam que podiam ir no seu lugar. No
palco, Spencer continuava a aguardá-la, estático, com o seu sorriso magnífico.
Nos poucos segundos em que se manteve paralisada, Lu não conseguiu deixar de
achar incrível – de uma forma estranha – que, no meio de tanta rapariga
histérica e extravagante, que combinava melhor com Spencer do que ela própria,
ele a tivesse escolhido a si. Ou, até, que tivesse reparado nela, na rapariga
que, embora se sentisse invisível e vulgar, estava a divertir-se como se o
amanhã nunca fosse chegar. Instigada pelo encorajamento das fãs desconhecidas e
pela expressão de Spencer, Lu pôs de lado a (bastante provável) hipótese de vir
a ser um completo desastre em palco e de assassinar uma das suas canções
favoritas. Qualquer fã que ali se encontrava desejaria estar no seu lugar
naquele momento, e Lu agarrou-se àquela sorte e à oportunidade que lhe fora
dada para caminhar em direcção ao palco. O ruído da multidão tornou-se mais
vibrante, e o sorriso do vocalista abriu-se mais.
Spencer ajudou-a a subir e
encaminhou-a para um dos bancos que ali haviam sido colocados. As pernas de Lu
tremeram demasiado ao longo daquela meia dúzia de passos. Não conseguiu olhar
para o público durante as passadas, e achou que teria desmaiado se não se
tivesse sentado. Spencer sentou-se no banco ao lado – demasiado próximo do seu
–, e encaixou o microfone no suporte que se encontrava à sua frente. Naquele
curto instante, Lu olhou-o discretamente, apanhando alguns pormenores das
tatuagens que lhe cobriam os braços e notando com maior clareza a argola que
usava no lábio inferior. Depois, Spencer passou-lhe um microfone, que Lu nem
soube de onde tinha vindo.
- Nervosa? – perguntou-lhe Spencer
amavelmente. Falara para o microfone, para que ela própria o ouvisse melhor,
mas não desviara os olhos azuis dos dela.
- Muito! – respondeu Lu, de um
modo instantâneo.
O público riu-se, assim como
Spencer. Lu sentiu-se corar. Não conseguia acreditar que estava ali, tão perto
de Spencer Anderson, a ver os seus olhos e o seu sorriso em grande plano, a ser
alvo da sua atenção.
- Não estejas. Vamos só
divertir-nos – disse ele, numa tentativa quase vã de a acalmar e de a fazer ver
que ninguém a julgaria caso fizesse a figura de parva que ela sabia estar para
vir. – Como te chamas?
- Lu.
Desde que passara a viver fora
do seu país de origem, Lu deixara de se apresentar como Luana. Aquele era um
nome fácil de ser compreendido à primeira onde quer que estivesse. Além disso,
Lu achava que um diminutivo era capaz de criar uma certa empatia e proximidade,
e ela nunca fora boa a criar aquele tipo de laços.
- Muito bem, Lu – Spencer pegou
numa guitarra acústica. – Espero que conheças esta canção, ou vou arrepender-me
de te ter escolhido! – brincou, fazendo-a rir-se, juntamente com o público.
As luzes do palco apagaram-se
por um breve instante, para darem lugar a uma iluminação mais suave e
intimista, propícia à canção iminente. Naquele mísero segundo de escuridão, Lu
ouviu a voz de Spencer ao seu ouvido. Segredou-lhe o nome da canção que se
seguiria, e um arrepio percorreu-lhe a espinha.
- É uma das minhas favoritas –
comentou ela, sem sequer pensar, precisamente no momento em que se acenderam as
novas luzes. Spencer ainda teve tempo de lhe presentear com um sorriso rápido,
antes de dedilhar os primeiros acordes.
Continua...
Adorei. Agora fico à espera da continuação (:
ResponderEliminarr: É das minhas bandas favoritas, reparei logo
Quero mais! Espero que não seja um desastre, coitadinha, e acho que estou um bocadinho apanhada pelo Spencer! -.-
ResponderEliminarR: Desculpa a demora na resposta. As reviews que eu li sobre o livro foram das bloggers que receberam o livro antes de ele ser lançado cá e todas as reviews eram boas. Lá está, é nestas alturas em que eu não percebo se aqueles posts são ou não publicidade disfarçada. Mas como te disse, é a minha opinião pessoal: eu achei as 3 narradoras irritantes (lá no fim do livro simpatizei com uma) mas até aí tudo me irritava. Não criei empatia com nenhuma. Não quer dizer que isso aconteça contigo :) Pois, eu imagino que o livro seja ainda mais "WTF" do que o filme! Tenho mesmo pena de nao o ter lido antes, mas pronto, terá de ser agora.
Aiii que sorte! Queria mesmo ter ido, deve ter sido altamente. Eu gosto bastante de Sabaton. Eles não têm músicas geniais (algumas são brutais, sim, mas nem todas) mas são uma banda que se foca nas histórias da Segunda Guerra Mundial e então aprende-se bastante com eles. A minha música preferida é esta: https://www.youtube.com/watch?v=NU4e50fERiY
Apocalyptica é muito bom! O meu mais recente vício: https://www.youtube.com/watch?v=g3CylcAJo9A
Depois diz-me se gostaste!
Ahah, o meu objectivo era mesmo fazer com que as leitoras ficassem apanhadas :P
EliminarAaawwww quero mais!!! :p
ResponderEliminarr: eheh também sou peixinhos e também me identifico muito com as características que dão a esse signo :)
Também quero mais!! E publicações mais longas ahah
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