26/06/2015

Presa na ilha

As pessoas parecem pensar que estou a gozar quando digo que gostava de ir ao Porto quando acabar o estágio. Dizem que posso enviar a tese e o relatório por correio e perguntam-me onde é que ia passar as noites - e eu digo que fico numa pensão qualquer. Sim, realmente posso enviar as coisas por correio, mas isto de entregar as coisas é apenas um pretexto, porque o que eu preciso mesmo é de sair daqui por um bocadinho. Gosto de aqui estar, como é óbvio, mas passei três anos e meio entre cá e lá. E três anos e meio é algum tempo. Habituei-me a ter o meu espaço e a sair de casa para onde bem me apetecesse, sem dar satisfações a ninguém. É disso que sinto falta. Mudar de ares é quase uma necessidade, devido a ter-me habituado tanto a estar longe. Mas, por outro lado, tenho noção de que a nossa situação financeira não é a melhor, neste momento.
E não vou ao Vagos. Por causa do estúpido casamento. Resta-me rezar para que a próxima edição tenha um melhor cartaz, com mais bandas de que gosto.
Não vou ao Vagos, nem, muito provavelmente, ao Porto. Não vou fazer férias para lado nenhum. Vou passar mais meses aqui, no mesmo pedaço de terra, com o eterno clima incerto, os péssimos festivais de Verão e os lugares que já conheço de trás para a frente e que estou farta de visitar. Salva-se a viagem a Amesterdão no início de Setembro. O que, verdade seja dita, pode vir a ser um grande inconveniente, e isto por causa do exame de licenciatura, também conhecido como dia da defesa. 
A minha data ainda não está marcada, mas nem sei o que seria pior: se defender só para finais de Setembro ou inícios de Outubro, deixando-me algum tempinho para descansar, ou se logo no final de Agosto, de forma a seguir para os Países Baixos completamente descansadinha da vida e felicíssima por ter terminado o curso. Nem sequer sei se o final de Agosto é uma altura possível, uma vez que corresponde a férias para muita gente, embora a orientadora tenha dito que sim, que era possível, caso entregasse os trabalhos na época normal, em vez de na de recurso. Mas o meu primeiro pensamento teve a ver com o facto de finais de Agosto ser demasiado cedo, o que obrigar-me-ia a pôr mãos à obra o quanto antes. Ainda assim, a ideia de ir viajar sem aquela preocupação é demasiado tentadora. Estou a contar entregar tudo na época normal, uma vez que as coisas estão praticamente prontas. E, independentemente da minha data de defesa, o certo é que terei mesmo que ir ao Porto por causa disso, e aí sim, poderei aproveitar para passar lá uns dias. Aí, já ninguém me poderá impedir, porque terá mesmo que ser. Que chatice.
Mas, até lá, ficarei prisioneira da ilha. Acho que vou reservar a praia e os banhos de mar para manhãs esporádicas em que o tempo esteja óptimo, já que passei a preferir ir à praia de manhã, de modo a aproveitar as tardes para outras coisas. Acho que vou voltar a sair de casa só para ler debaixo das árvores num jardim ou para ir comer um gelado a uma esplanada. Espero fazer muitos piqueniques e churrascadas em família. Vou apostar em passeios pela natureza, não com o intuito estúpido de fazer exercício e andar rapidamente, mas sim para demorar-me a apreciar a paisagem, mesmo que isso implique ficar para trás. E deliciar-me com longas sessões de escrita debaixo do guarda-sol. Se vierem dias maus, nem vou reclamar, pois até no Verão sabe bem um dia no sofá com um filme giro ou com um bom livro como companhia. Posso ficar prisioneira da ilha, mas não vou deixar que isto me estrague as férias. Até porque tenho que passar parte delas a trabalhar na maldita defesa...

6 comentários:

  1. Boa sorte com a defesa.
    Eu vou passar as minhas férias todas por Lisboa. E pelos vistos também por Abrantes, quando o meu rapaz lá for com a família, mas não vou muito além disso, logo, percebo o teu aborrecimento.
    Podes tentar arranjar um hobby para as horas vagas, é sempre uma boa opção para quem precisa de ocupar o tempo.

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  2. Aproveita as férias, quer estejas na ilha ou não. E quanto ao dia da defesa, secalhar antes da viagem era melhor. Da-te menos tranquilidade agora, é certo, mas depois estas descansada quando estiveres pelos países baixos. Quando vieres ao Porto, temos de combinar um café :b

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  3. É esse mesmo o espírito :) Nunca passei pela tua situação, e deve ser bem tramada, mas tens a sorte de viver num sítio lindissimo em que podes perfeitamente entrar em harmonia com a natureza e aproveitar tudo o é benéfico dessa ligação. Espero que tenhas umas férias óptimas e que te divirtas muito. E já sabes, quando cá vieres vamos tomar um café, ou almocamos juntas e vamos à leitaria ahaha :)

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  4. Deve ser muito chato mas pela tua descrição até pode vir a ser um verão muito bom! (:

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