Candidaturas

Vejo várias pessoas aniosas para saberem os resultados das candidaturas/para que chegue o dia 19. Estarão assim tão fartas das férias, com saudades de acordar cedo e de chegar a casa e ter imensas coisas para fazer? Bem, eu não. Essa ansiedade deve dever-se apenas à curiosidade que é ir para uma universidade. Como se fosse uma coisa fantástica de outro mundo. Quando estiverem afogados em responsabilidades e obrigações, vou querer ver se não vão estar a pedir férias.

Coisa que me chateia nessas candidaturas é que estão bastante mal feitas. Nas universidades às quais concorri, as aulas começam dia 19, dia em que são divulgados os resultados - ou não, podem sair dois dias antes, como no ano passado. Mas mesmo assim...! O pessoal que faz essas colocações deve pensar que toda a gente vai para a universidade da terrinha. Não pensa que pode haver gente que vai para uma cidade distante e que precisa de tempo para encontrar um sítio para viver. Por isso - e não só -, os resultados deviam sair com muito mais antecedência. Outra razão para o fazerem era para nos prepararmos mentalmente para o que aí vinha. Porque eu, por exemplo, ainda nem me consegui mentalizar de que vou ter que voltar a cumprir horários, a quase adormecer ao som da voz de um prof e a chegar a casa e olhar para livros/apontamentos/power points mal feitos - argh!

Não estou ansiosa. Já estive na universidade no ano passado e já sei o que me espera. Estou um bocadinho nervosa - mas a minha mãe até está mais do que eu -, que nem sei se vou conseguir abrir logo o e-mail. O que mais tenho é medo. De tudo! De vir a detestar o curso outra vez, de não me integrar - coisa que para mim tem uma dificuldade tremenda -, de viver frustrada depois. Nenhum dos cursos a que me candidatei é uma coisa que quero imenso. Não tenho, nem nunca tive, o sonho de ter a profissão tal e de tirar o curso tal. Tive colegas de turma que tinham sonhos destes, incluindo o sonho de ir para a universidade; alguns deles já sabiam o que queriam ser desde pequeninos e nunca mudaram de ideias ao longo da vida. Pois, eu não fiz parte deste grupo de sortudos. Nunca pensei no futuro. Mesmo quando tive que escolher entre ciências, artes e línguas foi dificílimo. Ainda tinha 15 anos, era uma criança! Pensava lá no futuro e no que queria ser...! Pelos vistos, essa mentalidade não mudou. Os meus sonhos são outros, e não envolvem cursos e universidades. Acho que isso é mau sinal. Mas, também, sem um curso... Bem, veremos. Como já disse, não penso no futuro. Por isso, sempre que me perguntam coisas do tipo "onde/como te vês daqui a X anos", respondo, sinceramente, "não faço ideia".