Não tenho tido muita sorte com as pessoas com quem divido casa. Para quem não me segue há muito tempo, já estive na universidade no ano passado mas desisti e mudei de curso, para outra. No ano passado vivia com duas raparigas mais velhas que pareciam "pegadinhas" com as limpezas. Mas nem sequer havia divisão de tarefas nem nada; aliás, nem sequer havia comunicação naquela casa, era só "bom dia" ou "boa tarde" e pronto. Nem elas duas estavam em sintonia uma com a outra: quando tinha ido viver para lá, tinham dito que o sábado era o dia das limpezas, mas, depois, vi uma a limpar às sextas-feiras e a outra a limpar no sábado. Depois foram fazer queixinhas à senhoria, a dizer que eu nunca limpava nada. E nem vieram falar comigo primeiro! Nem me diziam o que queriam que eu limpasse! Como é que eu podia adivinhar? Acabei por me ir embora dali. Não estava para aturar aquilo.
Quando vim para cá, foi um alívio ver que a minha colega de casa era simpática e que não havia um dia específico para as limpezas. Mas...passei de uma casa de maníacas da limpeza para uma de uma porquinha.
Às vezes passo-me por causa da rapariga. Passa a esfregona no chão e deixa a água no balde - que acaba por ficar meia verde e que eu é que tenho que a despejar porque, por acaso, olho para lá e vejo que tem água dentro -, abre uma lata de cogumelos, milho, atum ou seja do que for no lava-loiças e, se cai para lá um cogumelo, milho ou um bocadinho de atum, ela não sabe pegar naquilo e meter fora, não faz reciclagem - nem com os ecopontos à porta do prédio - e, por isso, mete tudo no lixo e nem tem o cuidado de espalmar as coisas, pelo que o lixo fica cheio num instante por causa dela, etc. Às vezes estou cheia de fome e, como a cozinha é muito pequenina, tenho que esperar que a menina grelhe a carne ou o peixe para eu depois ir comer. Detesto quando ela grelha peixe. A cozinha fica a enjoar até dizer chega. Mas parece que ela nem nota o cheiro; até já deve estar habituadíssima àquele cheiro, porque uma vez ela grelhou peixe e foi sair, sem sequer lavar o cabelo nem nada; ou seja, foi sair com o cabelo e com a roupa a cheirar a peixe. Como já disse, ela deve estar tão habituada ao cheiro que nem notou. Mas eu noto sempre. Por isso, sempre que ela faz peixe, lá tenho eu que ir com o ambientador para a cozinha. Caso contrário, não dá para estar ali dentro. E quando ela entra na cozinha e eu estou, ou estive, a cozer massa, arroz ou a fazer outra coisa qualquer? Vem com aquelas frasezinhas do tipo "Ah, então, a cozinhar?" ou "Ah, estiveste a usar tachos!", e eu lá tenho que fazer um sorrisinho forçadíssimo, porque isso já me chateia. Muitas das vezes vou ao take-away, mas isso não quer dizer que não saiba fazer nada. Deve ter mania que ela é que sabe cozinhar...ela nem sabe, só grelha carne ou peixe. E faz arroz, mas parte dele fica colado ao tacho. A mãezinha nem lhe deve ter ensinado a deixar os tachos, frigideiras e etc. de molho em água quente, porque ela, quando vai lavar essas coisas, esfrega, esfrega, esfrega e a pobre da esponja fica preta! Depois usa sempre uma quantidade exagerada de loiça... Às vezes chego a casa e está o lava-loiça cheio de loiça dela. E quando a loiça está a secar? Mal tenho espaço para pôr a minha! E, quando a minha já lá estava, fica perdida no meio da dela. Muitas das vezes a loiça dela já está mais do que seca, mas continua ali a ocupar espaço. Apetece arrumar aquilo tudo. Se calhar arrumava, se soubesse onde ela a arruma...
Nós aqui temos uma escala de tarefas: uma de nós limpa a cozinha e a outra o corredor, e trocamos todas as semanas. Mas nessa escala há uma coisa que eu considero uma paneleirice: levar o lixo para fora. Tal como os ecopontos, o contentor fica à porta do prédio, por isso, se o lixo estivesse cheio e se uma de nós fosse sair, pronto, levava o lixo. Não era preciso haver alguém responsável por isso, penso eu... Vejam só o que ela faz por causa dessa paneleirice: tira o saco do balde, deixa-o ali ao pé do balde e vai-se embora. Eu, que só vou sair de casa mais tarde do que ela, é que tenho que levar o lixo porque aquela é a minha semana. Tipo...é que não custa mesmo nada pegar naquilo, deixar no contentor e seguir caminho. Oh, e esperem. Quando ela tira o saco do lixo do balde, nem se dá ao trabalho de meter lá um saco novo. E, se mete, nem sequer o sabe meter - o saco fica caído no fundo do balde. Uma vez, deixou o saco junto ao balde, e estava aberto. Olhei lá para dentro e disse - sim, porque eu falo sozinha frequentemente - "Ainda cabe tanto lixo aqui dentro; por que é que a gaja já quer levar isso lá para fora?! Ela que leve se quiser; eu cá não vou levar". Nesse instante olhei para a escala de tarefas. "Ah, esta é a semana dela. Agora é que não o levo de certeza". Só no dia seguinte ou no outro a seguir é que ela levou o lixo para fora.
É preciso mesmo ter pachorra. O pior é que não tenho lata para chegar ao pé dela e dizer-lhe essas coisas. Se vivesse aqui mais alguém e se esse alguém concordasse comigo, já era outra coisa. Só vos digo uma coisa: se, no próximo ano, vier mais alguém para aqui - há um quarto vago aqui no apartamento -, não sei como é que vai ser, uma vez que a "madame" toma conta da cozinha quando lá vai. Se eu por vezes mal tenho espaço para pôr a minha loiça, então como é que vai caber ali a loiça de três pessoas? Ah, e ainda vos digo mais...ainda bem que não partilho a casa-de-banho com ela - ela tem uma no quarto. Se com a cozinha já é o que é, então nem quero imaginar como seria com a casa-de-banho... Se a rapariga vivesse sozinha, podia fazer as nojeiras que quisesse. Mas não vive. Acho que, no mínimo, devia ter um bocadinho de respeito.
Ai, ai... Olha boa sorte! Começa a agir como ela, pode ser que ela note... E mude! Quem sabe... Ou tenta falar com ela...
ResponderEliminarBoa sorte com isso. Realmente ela devia ter um pouco mais de respeito com quem partilha a casa
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