Eu já me senti assim. Aliás, muitos de nós - para não dizer todos, ou quase todos - já se sentiram assim. Já quase a acabar o secundário, ainda me sentia dessa maneira, enquanto todos os meus colegas já sabiam o que queriam da vida, alguns dos quais já há muito tempo. Era frustrante. Mas eu nunca pensava nisso. E, ainda hoje, não sei o que quero da vida, mas já não acho isso assustador.
Diziam-me para fazer aquilo que gostasse, porque, caso contrário, seria uma seca. Tretas. Não estamos num filme, em que toda a gente consegue fazer tudo e ter sorte em tudo. Há que ser realista. Tudo bem que há aqueles que conseguem concretizar sonhos e tal, mas sou daquelas pessoas que não tem coragem de largar tudo e passar a confiar na sorte.
Por isso, passei a encarar a vida adulta de uma certa forma.
Vamos pensar nos nossos anos de escola. Íamos para a escola porque era a nossa obrigação, mas só gostávamos de lá estar porque tínhamos os nossos amigos. Não sei quanto a vocês, mas, para mim, o melhor da escola eram os intervalos e quando um professor faltava. Na primária, não queríamos saber de outra coisa para além de brincar; nos outros anos de escola, só queríamos sair um pouquinho da sala para pôr a conversa em dia, para desanuviar ou até para comer alguma coisa. O resto - aulas, estudos, trabalhos e etc - era uma seca. E o mais chato de tudo era que, depois de um dia cheio de aulas - ou não tão cheio -, não podíamos chegar a casa, pôr as coisas de lado e ir brincar como nos anos da primária - brincar, como quem diz, fazer o que nos der na telha -; tínhamos que pensar na escola outra vez, tínhamos que estudar ou fazer aqueles trabalhos com os temas mais parvos. Mas, quando tínhamos uma semana sem testes e sem apresentações, era uma sensação de liberdade estranha e maravilhosa ao mesmo tempo. Podíamos, finalmente - para alguns, uma vez que há pessoal que parece que está de férias o ano inteiro -, ter tempo para nós, para as coisas que nos interessavam realmente.
E o que tem tudo isto a ver com a vida adulta? Passo a explicar. Para mim, o nosso futuro emprego será como a escola - a nossa orbigação, com dias bons e outros nem tanto, por vezes uma seca, outras vezes menos aborrecido -, mas será ainda melhor. E porquê? Porque, ao chegar a casa, não vamos ter que estudar nem fazer nada do que fazíamos antes: vamos ter a tal sensação de liberdade todos os dias. Claro que isso agora depende, porque há empregos que têm "trabalhos de casa", mas pronto...
E é assim que vejo as coisas: apanhamos uma seca durante umas horas do dia, como acontecia na maioria dos dias de escola, e depois saímos de lá mais leves, sem ter que pensar naquilo durante as horas do dia que nos restam. Se tivermos a sorte de o trabalho não ser tão chato, melhor ainda.
Penso desta maneira, porque foi a maneira que encontrei para me sentir animada. Não podia ficar para sempre a pensar que não devia ter seguido uma certa área e que seria infeliz a fazer uma coisa que não me cativa assim tanto. Por isso é que aprecio o tempo livre, para fazermos aquilo que realmente nos dá gozo, mas que não passam de hobbies e com os quais não conseguimos ganhar a vida. E quem sabe se, quando já tivermos um emprego estável que nos dê um bom dinheirinho, não conseguiremos realizar um sonho antigo?
Agora podem perguntar-me: "então por que desististe do curso em que estavas no ano passado?". Bem, para além de o achar horrível, não gostava do lugar onde estava, não gostava da universidade, não gostava dos profes nem do sistema de ensino deles, não gostava de tanta coisa, ou melhor, de praticamente nada... Sabem a sensação de não pertencer a um lugar, de achar que estaríamos melhor noutro? Era aquilo que sentia. E, curiosamente, desde o dia em que pus lá os pés.
Agora podem perguntar-me: "então por que desististe do curso em que estavas no ano passado?". Bem, para além de o achar horrível, não gostava do lugar onde estava, não gostava da universidade, não gostava dos profes nem do sistema de ensino deles, não gostava de tanta coisa, ou melhor, de praticamente nada... Sabem a sensação de não pertencer a um lugar, de achar que estaríamos melhor noutro? Era aquilo que sentia. E, curiosamente, desde o dia em que pus lá os pés.
Eu por acaso não penso tanto assim, temos de ter sonhos e temos de lutar para os realizar, a nível profissional inclusive. Mas compreendo a tua visão mais realista e se é uma forma de encarares bem o futuro e o teu possível emprego acho que é bom teres uma "estratégia de felicidade". :)
ResponderEliminarconcordo com tudo o que disseste, puras verdades :)
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