Dia dos namorados

Para mim é um dia que, se não existisse, não faria diferença nenhuma. Não acho que seja preciso um dia para estarmos obrigatoriamente com aquela pessoa especial, para se ir jantar fora ou ir ao cinema, para dizermos o que sentimos em relação a ela e para dar presentes. Mas uma coisa que não gosto é o facto de as montras das lojas estarem a abarrotar de objectos cheios de ursinhos e de coraçõezinhos. Não me perguntem porquê, porque nem eu própria consigo explicar, mas não gosto nada de ver tanta piroseira junta numa só montra.

Até hoje só comemorei um dia dos namorados – no ano passado não tive, porque já estava em aulas, e, como tal, eu e ele estávamos separados pela distância. Bem, como é que hei-de explicar, foi um dia bom porque todos os dias em que estamos juntos são bons, e aquilo que fizemos nesse dia foram coisas que já tínhamos feito antes. Quero com isto dizer que ser ou não ser dia dos namorados não me faz diferença.

Eu e ele estamos em universidades em cidades diferentes. Em tempo de aulas, estamos separados por não sei quantos quilómetros, e não abdicámos daquilo que achámos que era melhor para um por causa do outro – isso é coisa que não se faz, simplesmente –, nem acabámos por causa disso, porque, se duas pessoas se importam uma com a outra, tentam fazer com que as coisas funcionem, não é? Pois nós importamo-nos, e é por isso que ainda estamos juntos. É por isso que nas férias nos vemos todos os dias; aproveitamos o tempo para estarmos juntos, para ir a qualquer lado, para fazer qualquer coisa que não fazemos em tempo de aulas; às vezes até nem fazemos nada, mas o simples facto de estar junto a ele basta. Para mim, esses dias de férias são como dias dos namorados.

Este ano, penso que "o" dia dos namorados vai ser como o outro: vai ser bom como todos os dias e não vamos fazer nada que nunca tenhamos feito (se houve coisas que nunca fizemos, foi porque não tivemos possibilidade; por exemplo, nunca fizemos uma viagem. Razão: nenhum de nós trabalha e, por isso, não tem dinheiro para tal. Fim.). Daí eu não ter ideias para coisas diferentes, daí ser mais um dia de férias que vamos passar os dois juntos – não que me esteja a queixar, porque não me importo; desde que tenha a companhia dele, pronto, chega.

Quem diz o dia dos namorados diz também o dia da mãe, o do pai e o de sei lá mais quem. Podia passar bem sem eles, mas já cresci a comemorá-los com jantares e a oferecer prendinhas que fazíamos na escola primária…