Este ano trouxe o começo de uma nova etapa. Comecei a trabalhar - pronto, é um estágio, mas, mesmo assim, foi o meu primeiro contacto com o mundo do trabalho - e deixei a vida de estudante para trás, da qual tenho tantas saudades. Pois é. Estava eu ansiosa por deixar de estudar e começar a trabalhar, mas não foi preciso passar muito tempo para me aperceber de que a vida enquanto estudante é que era boa. Adoro receber o meu próprio dinheiro e poder gastá-lo no que quiser sem ter que o pedir a ninguém. E, inicialmente, achava fantástica a sensação de chegar a casa depois de um dia de trabalho e não ter que voltar a pensar nisso até ao dia seguinte. Ou seja, de não ter que estar a estudar ou a fazer trabalhos. Mas, ultimamente, isto de andar mais desocupada está a cansar-me. Ando cansada de descansar, e nunca pensei vir a sentir isso. Este ano trouxe-me, assim, uma nova experiência, e, com ela, uma nova perspectiva em relação à vida, mas, também, algumas dúvidas e incertezas quanto ao futuro, em termos profissionais. Termino o ano sem saber bem se é isto que quero fazer e com o desejo de voltar a estudar em breve.
A par disso, 2016 foi um ano peculiar. E isto porque teve diversos altos e baixos. Dias demasiado bons e momentos fantásticos; dias péssimos e momentos terríveis. Especialmente nestas últimas semanas. O stress em relação ao trabalho aumentou, havendo dias em que isso me deitou abaixo. Reprovei num dos exames da Ordem e comecei a perguntar-me se valerá a pena continuar a insistir em algo só por ter que ser, e não porque me faz feliz. Apercebi-me de que os meus sentimentos em relação ao meu actual ex-namorado estavam a morrer e senti-me a pessoa mais horrível à face da Terra por causa disso. Algumas pessoas desiludiram-me, mas perdoei-as. E deixei de me reconhecer a mim própria. Perdi a vontade para tudo aquilo de que gosto de fazer e caí num estado depressivo e de tristeza que me trouxe os piores dias de que tenho memória. Esses dias ainda persistem, contudo, intercalados com dias melhores. Tenho tido altos e baixos, dias em que estou perfeitamente bem e em que sou eu própria outra vez e dias assim, em que me sinto completamente perdida, triste e sozinha e a achar que a vida não faz qualquer sentido por eu não estar feliz. Não é normal, e eu própria reconheço que não estou bem. Termino o ano assim, neste estado.
Mas o ano também me trouxe momentos maravilhosos, e é neles que prefiro focar-me. Apesar de ter reprovado num dos exames da Ordem, o outro correu super bem. Fui aprovada com distinção, o que me fez pensar que, afinal, fiz qualquer coisa bem ao longo do estágio. Que, afinal, até sou capaz de fazer alguma coisa de jeito no que toca ao trabalho. O estágio em si correu muito bem. Aliás, bem melhor do que estava à espera. Posso não morrer de amores por aquilo que faço e podem haver dias em que não gosto mesmo nada daquilo que faço, mas gosto muito do lugar em que estou e do ambiente. Deve ser a primeira vez na vida em que não me sinto tão deslocada e em que sinto que faço parte de alguma coisa. Mas já chega de falar sobre trabalho. Fiz novos amigos e reencontrei-me com antigos. Dei passeios fantásticos durante o Verão e descobri recantos tão bonitos que desconhecia por completo. Vi os Iron Maiden e os Nightwish, e foram das melhores noites da minha vida. Visitei Sintra pela primeira vez e adorei. Fui tantas - demasiadas, até - vezes a Lisboa e senti-me livre a cada momento. Posso ter chorado como nunca durante este ano, mas também sorri e ri tanto, mas tanto, e consegui sentir-me feliz durante algum tempo.
Para além disso, sinto que mudei. Não sei se para melhor ou para pior; só sei que, definitivamente, não sou a mesma pessoa que era no início do ano, nem tão-pouco a mesma pessoa que era há uns anos atrás. Sinto-me mais espontânea, com maior vontade de viver e de arriscar. Mais sarcástica também, e com menos medo de dizer o que penso. Mais verdadeira, talvez. Começo a expressar-me mais e a desabafar mais, e eu não fazia ideia do quanto isso era libertador. Acho que uma das melhores coisas que me disseram este ano foi que eu sou exactamente aquilo que demonstro ser. Ou seja, que não finjo ser alguém que não sou; que não finjo ser uma pessoa e, no fim, sou outra totalmente diferente. Foi algo mesmo bom de se ouvir.
Para 2017, o meu maior objectivo é pôr a cabeça em ordem. Pensar realmente - e pensar bem - naquilo que quero, sair deste estado negro e depressivo em que tudo parece tão triste e sem sentido e reencontrar-me novamente, voltar a ser feliz, a adorar a vida, a ver algo bonito e positivo em tudo. Espero voltar a estudar. Não sei se será um mestrado ou uma nova licenciatura - se bem que, se assim for, vou sentir que andei a desperdiçar estes anos todos e que tudo o que fiz foi em vão, apesar de, no fundo, não ser bem assim -; essa é uma das coisas na qual tenho que pensar muito bem. Mas vou voltar a estudar, isso é certo. Ando a pensar em começar a ter aulas de guitarra, algo que já quis há uns anos atrás, mas de que, entretanto, acabei por desistir. Voltei a lembrar-me disso, até porque tenho tempo livre de sobra, mas, para já, é apenas uma ideia e pode nem vir a concretizar-se devido à minha actual pouca vontade de fazer o que quer que seja. Vou continuar a tentar publicar o meu livro e espero que a vontade e a paixão por escrever regressem em breve. Quero muito ir ao concerto dos HIM em Junho. E vou passar quase duas semanas em Toronto, algo pelo qual estou muito ansiosa. Vou ter com uma amiga que lá está a viver de momento, e nessa altura os Delain vão lá estar e já começamos a planear ir juntas ao concerto. Vai ser tão espectacular, e eu mal posso esperar por essa viagem.
Acima de tudo, e isto vem na sequência do meu principal objectivo para o ano que se inicia, espero fervorosamente que 2017 me dê a oportunidade de ser feliz de novo.