Sinopse: Um bilhete só de ida para um colégio interno perdido nos pântanos do Louisiana era talvez a última coisa que Sophie Mercer esperava receber pelos seus dezasseis anos. Mas Sophie não é uma adolescente igual às outras. Sophie é uma feiticeira e, tal como os outros prodigium, feiticeiros, fadas, lobisomens e vampiros, Sophie não pode frequentar uma escola normal. O que Sophie esperava ainda menos era ser companheira de quarto de Jenna, a única vampira da escola, e ver-se enredada numa trama para descobrir quem anda a assassinar os alunos da escola ao mesmo tempo que tem que lidar com os seus novos poderes, a descoberta da importância do seu Pai na hierarquia dos feiticeiros e a sua paixão pelo namorado da sua mais recente inimiga.
Livros acerca de escolas de magia já foram mais "a minha onda". Foi o que me fascinou no mundo de Harry Potter e foi o que me levou a ler a saga Casa da Noite. Depois destas duas, deixei de ligar a livros sobre escolas estranhas para seres sobrenaturais, uma vez que tudo o que é demais, enjoa, e há livros sobre muitos outros assuntos para descobrir. Mas este, em especial, não me conseguiu deixar completamente indiferente. Principalmente devido ao factor preço, que foi o que me fez decidir a trazê-lo para casa - não é todos os dias que encontramos um livro por uns míseros três euros e meio.
De facto, existem semelhanças com os mundos de Harry Potter e da Casa da Noite. Em termos do primeiro, temos os fantasmas que vagueiam pela escola, assim como um personagem que me fez lembrar o Hagrid, por viver sozinho numa cabana no meio dos campos que rodeiam o edifício - e foi bastante engraçado o facto de a própria autora fazer referência ao Hagrid assim que eu pensei nisto. Quanto à saga Casa da Noite, as semelhanças foram, para mim, muito mais evidentes. Em Hex Hall, temos a típica companheira de quarto da personagem principal que se transforma na sua melhor amiga (como a Stevie Rae da Casa da Noite), temos as típicas raparigas populares (do género da Afrodite e das outras duas, cujos nomes não me recordo de todo) e temos o típico bonzão da escola que anda com a rapariga popular (o Erik da Casa da Noite). O que poderia fazer com que Sophie, protagonista da história, fosse a Zoey da referida saga, se não fossem tão diferentes uma da outra. Enquanto Zoey acabou por revelar uma personalidade bastante irritante com o passar dos livros, Sophie é super divertida e é praticamente impossível não gostar dela. Apesar disso, não deixa de ter algo, também, de típico: a típica miúda desastrada e auto-depreciativa que tem um grande poder e grandes capacidades, mas que não acredita suficientemente em si própria.
Apesar de tudo, Hex Hall não é uma escola normal. É como se fosse uma casa de correcção para miúdos que expuseram os seus poderes ao mundo humano, não apenas para feiticeiros e bruxas, mas também para fadas, lobisomens e mutáveis. Para além de que é a escola mais feia que se pode imaginar. Só nisto, o livro ganha uns pontos a seu favor.
Para além disto, embora todos os típicos que enumerei, a história em si não tem nada de típico. É evidente que o facto de existirem aquelas personagens tão típicas e tão presentes em livros e em filmes protagonizados por adolescentes faz com que surjam os característicos dramas e intrigas entre grupos. Mas eu estava longe de imaginar o desfecho das coisas. Provavelmente sou eu que tenho um raciocínio lento e que não li nas entrelinhas, mas não estava mesmo à espera de saber que determinada personagem era o misterioso assassino, nem tão-pouco o que sucederia entre Sophie e o "bonzão da escola" - o quê, acham que há final feliz aqui? -, pelo que fui bastante surpreendida pela positiva.
Aliás, todo o livro surpreendeu-me pela positiva. Foi uma leitura bastante divertida, leve, facílima de compreender e de deixar o leitor levar-se e perder-se pelas páginas, a tal ponto que começou a tornar-se viciante. Os capítulos terminavam sempre de forma a tentarem-nos a ler mais, e o final em aberto, com uma inesperada revelação na última frase, abre completamente o apetite para o próximo livro da saga.
Houve apenas um pequeno pormenor que conseguiu irritar-me. A linguagem. Eu devia parar de ler livros cuja protagonista é uma adolescente de dezasseis anos, uma vez que estou sempre a refilar acerca da linguagem utilizada. É simples, claríssima e directa, sim, mas talvez o problema seja precisamente o facto de ser demasiado simples. A narrativa desenrola-se a bom ritmo, mas o livro não perderia nada em ser um bocadinho mais pausado e pormenorizado - sim, eu adoro descrições longas e detalhadas, coisa que muita gente detesta profundamente, mas que eu considero que torna tudo muito mais rico. Talvez diga isto devido ao facto de alguns autores - Tolkien, Salvatore - terem-me habituado a este tipo de coisa, pelo que, agora, começo a estranhar ler narrativas que se desenrolem mais rapidamente e que não perdem grande tempo em descrições. Mas, muito provavelmente, este - o de Hex Hall - é o tipo de escrita que agrada a muita gente.
Mas sem dúvida que o que mais me irritou em termos de linguagem foi o iá. Em quase todos os diálogos e em quase todas as páginas, havia um iá, que me tirava um bocado do sério. Ficava horrível em qualquer frase que fosse, embora consiga, de certo modo, compreender que quem fez a tradução não tenha tido grandes hipóteses em termos de passar um yeah para português. E, tendo em conta que o iá é coisa que ainda muita gente diz - e que, lá por ser dito em vez de escrito, não deixa de ser igualmente foleiro -, pronto, dá-se um desconto.
Porém, reforço: não deixa de ser uma óptima e divertida leitura, especialmente para quem é fã do género.