04/06/2014

A Culpa é das Estrelas - John Green

Sinopse: Apesar do milagre da medicina que fez diminuir o tumor que a atacara há alguns anos, Hazel nunca tinha conhecido outra situação que não a de doente terminal, sendo o capítulo final da sua vida parte integrante do seu diagnóstico. Mas com a chegada repentina ao Grupo de Apoio dos Miúdos com Cancro de uma atraente reviravolta de seu nome Augustus Waters, a história de Hazel vê-se agora prestes a ser completamente rescrita.

Confesso: vi-me obrigada a procurar críticas a este livro pela internet fora para me tentar inspirar a escrever algo minimamente decente sobre ele. Tudo o que encontrei parecia colocar o livro num pedestal, considerando-o uma magnífica obra-prima e uma lição de vida que todos devíamos aprender. Por mais estranho que pareça, as palavras que li a respeito do livro não me fizeram reflectir, nem tão-pouco concordar com elas.
Antes que me comecem a interpretar mal, eu gostei do livro. Mas não consigo dizer que se trata de uma obra-prima fascinante. Uma das coisas que consigo dizer a seu respeito é que é giro. Sim, talvez, para muitos daqueles que o leram, pode ser estúpido dizer-se, simplesmente, que é giro. Mas não posso mentir e dizer que é uma obra-prima e algo digno de um best-seller só porque toda a gente o diz.
É um livro giro, leve, que se lê bem. Pode parecer irónico o facto de uma história que envolve cancro ser gira e leve, mas é precisamente o que acontece. Acho que é isto que não o torna monótono, mórbido e deprimente, coisas que poderiam estar associadas a uma história como esta. Isto e o facto de o livro estar repleto de humor negro faz com que as páginas voem sem darmos por elas. A linguagem utilizada por Green - um tanto ou quanto infantil, na minha opinião, por já não estar habituada ao tipo de discurso empregue - também ajuda, embora ache que, realmente, poderia estar um bocadinho melhor. Quer dizer, se o livro é para se destinar a jovens adultos, não faz sentido escrevê-lo de um modo tão "adolescente".
A linguagem foi, de facto, o ponto com o qual embirrei mais. Achei que tudo se passava de modo muito rápido e que algumas cenas eram despropositadas. Mas, quanto à parte de se passar muito rápido, talvez tenha sido de propósito, pelo facto de os protagonistas estarem dispostos a viver como se não houvesse amanhã; estarem dispostos a arriscar como nunca por terem um futuro tão incerto. Talvez porque o facto de aproveitarem a vida fosse, e citando o autor, um efeito secundário de se estar a morrer.
O início girava muito em torno do mesmo - era muito Amesterdão, muito Uma Aflição Imperiosa e muito Peter Van Houten -, mas, lá está, não deixa de ter a sua piada, e o facto de serem focados outros assuntos fazem com que até nos esqueçamos um bocadinho do tema cancro. E é por isso que a história é leve, gira e tem o seu quê de divertido e de romântico. Não dá para não se ter empatia pelos personagens principais. Personagens esses que, quando conhecemos, damos por nós, ainda que involuntariamente, a traçar os seus destinos e a imaginar como cada um irá acabar. E acho que o verdadeiro golpe de génio do autor foi o facto de ter conseguido fazer com que acreditássemos que as coisas iam acabar de uma certa forma e, depois, surpreender-nos, trocar-nos as voltas e alterar o rumo de tudo, brindando-nos com um final inesperado. Pelo menos, para mim. Acreditem: eu imaginei dois finais diferentes para Hazel, e nenhum deles se concretizou. Uma coisa que gosto sempre que aconteça é precisamente isto: o facto de o final não ser como esperava.
Não deixa de ser uma história triste, sim. Afinal, é sobre cancro. Mas o modo como está escrita e aquilo que os protagonistas vivem em determinadas cenas ajudam-nos a meter a doença de lado e a encararmos tudo com leveza e optimismo - tal como nós próprios devíamos encarar a vida. Ao mesmo tempo, há determinados momentos que nos fazem ver como a vida consegue ser cruel e traiçoeira. E momentos com os quais não conseguimos deixar de nos identificar. Por exemplo, uma das grandes dúvidas de Augustus: se seremos capazes de algo grandioso, que nos permita que sejamos recordados quando partirmos - não é o que muitos de nós procuram?
Em suma, é um livro bonito, com o qual não perdemos absolutamente nada em ler.
Deixo-vos, por último, com a minha citação favorita em todo o livro:


Quando os seus lábios semiabertos encontraram os meus, comecei a sentir uma falta de ar que era nova e fascinante. O espaço à nossa volta evaporou-se e, durante um estranho momento, gostei muito do meu corpo; esta coisa arruinada pelo cancro que eu andava a arrastar há anos pareceu subitamente digna de luta, fazendo valer a pena os tubos no peito e os cateteres e a interminável traição corporal dos tumores.

O amor é uma coisa com uma força inacreditável, de facto.

PS: Vou querer ver o filme.
PPS: Não acredito que vão substituir a capa fofinha do livro pelo cartaz horroroso do filme. Sim, horroroso. À primeira vista, aquilo que devia ser Hazel e Gus mais parece um casal homossexual - nada contra os homossexuais; só estou a dizer que a Shailene Woodley ficou mesmo desfavorecida naquela fotografia.

3 comentários:

  1. Por acaso, mesmo não tendo entrado em pormenores sobre o enredo, não foi um livro que me fascinou ou me deu vontade de ler. Mas acredito que possa ser uma leitura entre leituras, diferente e leve, e isso também faz falta.
    Adoro finais imprevisíveis, mas desde que tenham lógica (não sei se é o caso, estou a generalizar obviamente). Uma pessoa magica e magica e depois tem uma valente surpresa...!! =P ***

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  2. Eu sou daquelas pessoas que amou o livro, está desejosa de ver o filme, e gostou da escolha dos actores para os personagens principais :P
    Quanto a trocarem a capa... bem, não gosto quando fazem isso, prefiro as capas originais.

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  3. Por acaso toda a gente me fala desse livro, estou curiosa :)

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