24/01/2012

Eu e a escrita

Comecei a demonstrar gosto por escrever - o meu actual passatempo preferido - quando ainda era pequena. Basicamente, foi depois de aprender a fazer composições no colégio. Depois de algumas nas aulas e nos trabalhos de casa, depressa comecei a fazê-las em casa. Enchi cadernos e cadernos com pequenos contos e desenhos alusivos aos mesmos. Eram contos pequeninos, com algumas linhas em cada folha - o resto era ocupado por desenhos. Quando me fartava do mesmo conto, dava-lhe um fim qualquer e passava ao próximo. Ideias nunca me faltaram.
Mais tarde, comecei a ler livros que não fossem os da escola, e isto levou-me a escrever uma coisa mais elaborada, uma história mais longa e dividida em capítulos, em vez de continuar com os contos. E fiz. Claro que foi uma coisa bastante infantil, uma vez que comecei aquilo aos 11 anos, penso eu, mas foi o meu primeiro "livro". Depois deste, veio outro, e outro, e ainda outro que ficou incompleto, e todos eram a continuação uns dos outros. E claro que fui melhorando, à medida que lia mais.
Nunca contava a ninguém o que fazia, principalmente aos meus colegas de escola. Achava um passatempo um bocado nerd para uma miúda da minha idade e tinha medo da reacção deles e que aquilo fosse um motivo de gozo. Só na minha casa sabiam. Houve uma altura em que a minha irmã seguiu o meu exemplo e também começou a fazer contos com desenhos. A minha mãe também sabia, e eu até acho que vasculhou os meus cadernos mais antigos.
Mas, mais tarde, vim a descobrir que há muitas mais pessoas que escrevem, e aí deixei de ter medo de dizer que também o fazia.
Na altura em que fazia os meus "livros" - todos escritos à mão, ainda -, a minha mãe pediu-me várias vezes para os ver, mas eu nunca lhos dei. Não os achava nada de jeito; fazia aquilo porque gostava e porque tinha imaginação para tal, mas não achava que tivesse jeito, apesar dos meus professores me dizerem o contrário. Com o tempo, os elogios a esse respeito foram crescendo, e fiquei a pensar "Pronto, se calhar até tenho algum jeitinho". Talvez por isso tenha tomado consciência de que sou boa nisso e tenha começado realmente a gostar daquilo que escrevia.
Houve um Verão, não há muito tempo, em que decidi reescrever os meus manuscritos no computador e dar-lhes um ar menos infantil. Foi aí que me apeteceu publicá-los, se possível, e foi aí que deixei de ter vergonha de os mostrar aos outros. Qual é a piada de ter ideias e de ter uma espécie de dom, se não os podemos mostrar? Pois, nenhuma.
E agora não passo sem escrever. É algo que adoro. Acho que não há nada melhor do que deixar a nossa imaginação fluir e depois deitar tudo para fora, para que os outros vejam - e não falo só de escrita, mas de qualquer forma de arte. Faz-nos viver no nosso próprio mundo. E o nosso mundo pode ser aquilo que quisermos. Basta imaginá-lo.

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