20/05/2015

Acho que a arte irá sempre fazer parte de mim

Ando a precisar de tempo para mim, de tempo para estar sozinha. Uma das razões pelas quais estou ansiosa por terminar o curso é esta. E é, também, uma das razões que me faz não querer tirar um mestrado. Com "ter tempo para mim" não quero dizer apenas descansar e não fazer nenhum o dia todo. Eu tenho hobbies, aliás, sempre tive, e o que agora se passa é que não tenho tempo - e, se o tenho, a cabeça não é muita - para me dedicar a eles. São coisas que me fazem sentir bem e que me fazem esquecer o mundo e os problemas, caso hajam. Mesmo que ninguém ou pouca gente aprecie o que faço, dedico-me a eles de qualquer maneira. Não desenho nem escrevo para os outros; apenas para me agradar a mim mesma, para me sentir bem, para deixar a minha imaginação voar - porque imaginar coisas diferentes sempre me divertiu. Gosto de fazer estas coisas, e gosto de olhar para aquilo que fiz e de me sentir orgulhosa por tê-las feito; de olhar para o que já fiz há uns anos atrás, compará-los com as coisas mais actuais que fiz, aperceber-me da minha evolução e orgulhar-me dela. Desenhar e escrever são coisas que me divertem e que me libertam. Adoro a sensação de usar as minhas mãos para criar coisas. Quem tem hobbies deve compreender. Quem não tem, pode achar que são criancices. Whatever.
A questão é que estas coisas fazem parte de mim desde pequena, e acho que não seria a mesma pessoa se não as tivesse, ou se as deixasse de lado de um momento para o outro só porque cresci e porque passei a ter uma vida profissional (que ainda não tenho). No que depender de mim, estarão sempre presentes na minha vida, mesmo com todas as responsabilidades, todas as obrigações e todos os afazeres do dia-a-dia. Se não, acho que me vou sentir como se faltasse qualquer coisa.
O secundário nunca me impediu de as ter; a universidade também não. Esta fase em que me encontro agora é que, pela primeira vez, anda a impedir-me. Demasiado.
Tenho mesmo tantas saudades de escrever. De desenhar também, mas, principalmente, de escrever. O meu pobre livro não é modificado há mais de um mês, e tudo por culpa da tese e do estágio. Ando cansada, pelo que o tempo livre que tenho é frequentemente passado a ver séries, algo que me faz relaxar e deixar o cérebro em pausa, por um momento. Porque, por mais que eu goste dos meus hobbies, eles obrigam-me a pensar - e isso é óptimo, mas, neste caso... -, e eu, após um dia de trabalho, seja no local de estágio, seja em casa, em torno da tese, quero tudo, excepto voltar a pensar e puxar pela cabeça. Posso vir ao blog de vez em quando escrever qualquer coisa, mas escrever num blog é completamente diferente de escrever uma história, e isto, por esta razão, é incapaz de saciar a minha vontade de escrever. Escrever no blog nem me obriga a pensar muito, na verdade.
Não vejo, por isso, a hora de ter a minha tese e o meu relatório prontos, para que depois, livre de trabalhos de casa e livre de prazos para cumprir, possa, finalmente, dar-me ao luxo de perder horas no meio de palavras, mundos imaginários, traços de lápis e misturas de cores. Só espero poder ter isso: um tempinho para estar sozinha, sem interrupções, sem planos. Sim, há alturas em que preciso mesmo disto. Mesmo que muita gente não compreenda. 

1 comentário:

  1. Como te compreendo. Quando andava no secundário passava os meus verões a ler e a escrever (e não é que a minha publicação de hoje tem a ver com isso? ahah) e muita gente achava estranho. Porque não queria ir à praia, ou para a piscina. Eu preferia mil vezes espandir a minha imaginação e ficar ali no meu cantinho, que de pequeno não tinha nada... Tantos mundos, tantas pessoas, tantas emoções. Compreendo-te tão bem. E estou exactamente no mesmo ponto: não tenho tempo para o fazer (e sinceramente já perdi um bocadinho o jeito!) mas mal acabe o que tenho de acabar vou atacar de cabeça esses momentos. Para ti é até Junho/Julho, certo? Está quase! Força nisso, para depois eu ter mais coisinhas lindas para ler :D

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