Eu e o meu namorado fomos convidados para o casamento de um casal nosso conhecido, e a minha primeira reacção ao ver o convite foi partir-me a rir por não ter estado nada à espera daquilo - nenhum dos membros desse casal estava à minha frente na altura, porque, caso estivesse, teria aguentado esse ataque súbito.
Ora, e eu não estava nada à espera daquilo porque, simplesmente, é estranho conceber esta ideia de pessoas que conhecemos na escola estarem, de repente, a casarem-se. O facto de os ter conhecido na escola faz com que me lembre deles com aquela idade que tinham quando ainda estavam na escola. É estranho pensar como crescem tanto e tão depressa a ponto de se virem a casar. Parece-me uma coisa tão..."adulta". Se bem que um dos membros desse casal é alguns anos mais velho do que eu. O outro - a rapariga - deve ser pela minha idade. E se eu, tendo vinte e dois anos, não me imagino casada, também não consigo imaginar qualquer outra rapariga de vinte e dois anos casada.
Como se esta não bastasse, há um outro casal nosso conhecido que está à espera de bebé. Portanto, conheço uma rapariga de vinte e dois anos grávida, e uma outra de vinte e dois anos - não sei ao certo a idade dela, mas deve ser por aí - que se vai casar. E imaginar-me em qualquer uma destas situações é ridículo, no mínimo.
Mas, vendo bem, parece que sou eu que não cresço. Não me imagino nessas coisas tão "adultas" porque ainda não entrei em algo que se assemelhe à chamada "vida adulta". Ainda estudo, e sempre o fiz durante toda a vida; talvez seja por isso que ainda me considere nova demais para este tipo de coisa. Este casal que nos convidou começou a namorar pouco depois de nós e só a rapariga é que está a acabar de estudar. Por isso, está bem. Talvez já estejam mais dentro da "fase adulta" do que nós por causa de tudo isto - por a rapariga estar a acabar de estudar e por o rapaz ser um pouco mais velho e já não estudar e ter a vidinha encaminhada.
Já eu e o meu namorado, credo, quase nem dá para imaginar isto dos casamentos em relação a nós. Parecemos ser tão novos, não apenas em termos de aparência, mas, por vezes, em termos mentais também. É como se tivéssemos parado algures no tempo. Foi algo desse género que lhe disse para explicar a minha infeliz reacção, que não consegui controlar. Ele diz que isso de parecermos mais novos é bom, e, honestamente, eu também acho. Não tenho qualquer pressa em entrar na "vida adulta". Tenho pressa em terminar o curso, começar a trabalhar e ter a minha própria casa, sim, mas isto é algo que nem considero "vida adulta". Para mim, a "vida adulta" começa quando duas pessoas se casam, têm filhos e vivem em função da rotina e/ou da família que acabaram por constituir. E eu, uma vez que não quero filhos e não tenho propriamente o sonho de usar um vestido de noiva, espero, no que depender de mim e quando acabar de estudar, ter imensos "anos de jovem" para gozar.
Com isto, não critico quem decide casar-se ou ter filhos tão cedo. Apenas acho que são passos tão grandes para se dar, e é por serem tão grandes e tão "adultos" que me parecem estar tão fora do meu alcance. Porque sinto que parei algures no tempo. Que ainda não tenho idade ou mentalidade para isso. Vai-se lá perceber porquê. Não invejo quem escolhe crescer tão depressa, contudo.