Qualquer m*rdas escreve um livro. É um facto. Basta ter uma ideia e passá-la para o computador. Criar personagens, inventar diálogos e um ou outro enredo paralelo, acrescentar descrições e lá está. Bem ou mal, toda a gente escreve, pelo que toda a gente é capaz de escrever um livro. É por isso que não acho que o facto de o fazer seja um motivo de grande espanto. Existe, no entanto, um ingrediente que nem toda a gente possui: a força de vontade para levar a coisa até ao fim. Mas isto arranja-se. Basta haver um prazo para ter a coisa pronta. A partir do momento em que surge um prazo, a cabeça - e os dedos - começam a trabalhar muito mais rapidamente para terminar a história o quanto antes, e o tempo e a vontade para escrever parecem aumentar de intensidade. Pelo menos, falo por mim. É sempre tiro e queda.
Mas, a meu ver, não é como qualquer hobby. Não é algo que fazemos num dia, deixamos ao abandono por falta de tempo ou de inspiração e, algum tempo depois, voltamos a lembrar-nos dele porque apertam as saudades de escrever. Não. O trabalho tem que ser praticamente diário - eu devia excluír o praticamente, mas, no meu caso, teve que ser assim, porque tive outros compromissos -; tem que haver tempo, estabelecer horários. Mesmo que não haja a bendita inspiração. Não se pode esperar por ela. Li isto numa entrevista com um autor cujo nome nem me recordo. Na altura, não fez o mínimo sentido para mim. Só depois, quando me vi perante a necessidade de ter o raio da história terminada em meia dúzia de meses, é que percebi. Foi um dos melhores conselhos que já li por aí.
Até parece que eu percebo muito disto...
Portanto, qualquer m*rdas escreve um livro. Mas não é qualquer m*rdas que publica um. Isto sim, é a parte difícil. O acto de escrever é o mais fácil de tudo.
Já participei em concursos e já chateei editoras; já ouvi nãos, assim como já ouvi sins, e também já houve alturas em que não ouvi uma única palavra. E pior do que ouvir um não ou não receber resposta, é ouvir um sim e saber que nós próprios é que temos que "financiar" a coisa. É ficarmos na dúvida sobre se somos bons ou não, porque partimos do princípio que determinadas editoras - eu podia dizer nomes, mas vou ficar calada - publicam qualquer porcaria que lhes aparece à frente se a pessoa estiver disposta a pagar. É vermos outras pessoas a "passarem à nossa frente" por terem dinheiro ou uma boa cunha. É continuarmos na sombra somente por não querermos correr o risco de perder muito dinheiro para nada.
O que quero dizer é que escrever um livro não é nada de mais e está ao alcance de qualquer um, desde que a pessoa o queira fazer. E isto veio a propósito de alguns comentários que recebi num outro post.
Outros comentários neste mesmo post falavam acerca da sinopse do livro que enviei para concurso. A sinopse foi mazinha de escrever, claro, mas ficou escrita - que remédio... Mas o tipo de sinopse pretendida não era aquela coisa que se vê nas contra-capas dos livros, mas sim uma espécie de resumo do livro. Por isso, é evidente que não posso dá-la a conhecer. Nem sequer vou poder "levantar o véu" ou falar sobre a ideia principal. Disseram-me, uma vez, que, nestas coisas, mais vale estar calada. Fazer tudo em segredo; não andar por aí a espalhar ideias. Porque qualquer um apanha uma ideia, adapta-a, recria-a - ou, no pior dos cenários, copia-a -, e depois ainda tem a lata de afirmar que a ideia foi única e exclusivamente sua. E eu sigo este conselho à letra. Chamem-me piquinhas ou exagerada, mas a internet é um meio muito traiçoeiro.
A única coisa que posso dizer é que o livro é uma mistura de elementos de fantasia com drama e romance, à qual se junta uma pitadinha de ficção científica. Sou mesmo assim, não consigo cingir-me a um único género. Assim como também não consigo espalhar as minhas ideias aos quatro ventos. Se virmos bem, ninguém faz isso. Apenas dão umas pistas. Mas eu não sou muito boa a dar pistas, pelo que prefiro não dizer mesmo nada.
Pode ser que, um dia, quem estiver curioso fique a saber do que trata o livro...se este for, milagrosamente, publicado, ahah.