Estava ansiosa para entrar de férias somente para me livrar daqueles horríveis exames e de todas as matérias merdosas que fui obrigada a estudar e que me deixavam com vontade de trepar paredes. Sim, somente por causa disto. Nem pensava em voltar para casa; só queria que tudo acabasse. E acabou, e eu lá tive que voltar para casa, embora não estivesse em pulgas. Apesar disso, tentei convencer-me de que teria umas belas férias.
No entanto, estas férias, até agora, não têm corrido da maneira como estava à espera.
Para começar, o tempo não tem andado muito bom, pelo que tenho passado mais tempo em casa do que lá fora. Nos Verões passados, por esta altura do ano já tinha ido várias vezes à praia e já tinha tomado alguns bons banhos de mar. Este ano, ainda só lá fui duas míseras vezes e nem me meti na água. Tenho, basicamente, descansado. Ver episódios, pôr a leitura em dia - já li um livro inteiro desde o meu primeiro dia de férias e já vou a meio de outro -, voltar a escrever... Não é que me queixe, não fossem coisas que eu adorasse fazer; simplesmente existem dias em que uma pessoa já está tão mole de tanto descansar, olha lá para fora, vê o céu cinzento e sente-se ainda mais mole e fica sem vontade para nada. E, nestes dias, sinto-me como se estivesse a desperdiçar dias de férias.
O problema é que não há muito mais para se fazer, principalmente quando a tua mãe ainda está a trabalhar, o resto da tua família também não está de férias ainda - pelo que, por enquanto, ainda tens que ver os churrascos e as jantaradas bem longe - e as pessoas a quem chamavas de amigas há uns tempos atrás parecem não querer saber de ti.
Pois, a minha falta de vida social consegue, por vezes, deprimir-me.
Não é que não tenha feito nada a esse respeito. Tento reaproximações, porque já sei que, se não sou eu, ninguém mexe uma palha, já que é o que tem acontecido desde há uns meses para cá.
Mas, se eu digo Vamos combinar alguma coisa para amanhã?, a pessoa diz Amanhã não dá, mas combinamos para outro dia.
E esse dia nunca chega.
Ou então dizem-me Temos que combinar coisas!, assim cheios de entusiasmo, e não vêm combinar nada.
Mais valia terem ficado calados.
Ou, então, consegue-se combinar, e, neste caso, acontece o que já referi: as pessoas estão diferentes, e estar com elas já não tem tanta graça. Gosto de saber novidades e contar como tem sido a minha vida lá fora, na universidade...mas, para isso, precisaria de um dia inteiro para contar tudinho, e contaria de bom grado se visse que a pessoa me ouve e me presta atenção ao invés de estar mais preocupada em acender mais um cigarro e em olhar para o ecrã do telemóvel.
Tenho fases: há dias em que prefiro estar sozinha, a fazer as minhas coisas sem ninguém a chatear-me, e há outros dias em que sinto falta de estar com alguém e de conversar.
Mas muita gente parece ter a tendência de se afastar de mim como se eu fosse um bicho ou tivesse uma doença contagiosa, preferindo a companhia de outros e tornando-me no último recurso. De certa forma, já me habituei a isto.
E ainda se admiram por ser anti-social...
É, por isso, normal que passe mais tempo com o meu namorado do que com outras pessoas, já que ele é dos poucos que mostra interesse em estar na minha companhia, pelo que posso sempre contar com ele, e é das pessoas mais parecidas comigo que já conheci.
No entanto, por vezes dou por mim a pensar que, se, por acaso, alguma coisa acontecesse connosco, eu não teria ninguém a quem recorrer. Ninguém a quem pedir apoio, conselhos ou seja o que for. E irrita-me, irrita-me ver toda a gente com amigos-fantásticos-para-toda-a-vida-com-quem-fazem-mil-e-uma-coisas menos eu.