03/07/2013

Críticas


Este post é grande e pode ser chato.
Tal como tinha dito, resolvi enviar o meu texto para a tal editora da qual falei neste post*. Lá no fundo, já estava com a sensação de que não se iam interessar por um romance fantástico, mas, visto que é um subgénero da fantasia, arrisquei de qualquer maneira. Responderam-me rapidamente - passaram-se uns dois ou três dias, apenas -, dizendo que tinham feito umas anotações no documento, para o caso de eu querer alterar o texto e voltar a submetê-lo.
E que anotações foram essas? Críticas e mais críticas. Algumas delas sem grande nexo, a meu ver. E outras que, se eu quisesse alterar o texto, de forma a que ficasse da maneira como eles pretendem, teria que escrever tudo de novo e até inventar algo novo. Pelo que nem me dei a esse trabalho.
Porque, quer dizer...eles só pediram as primeiras cinquenta páginas. É óbvio que não iriam ter grande coisa, já que nos inícios dos livros pouca coisa acontece e eles só se tornam mais interessantes lá para o meio. Aquelas cinquenta páginas não conseguem dar uma ideia da história. Eram apenas cinquenta de duzentas e sessenta e cinco. Estão a ver o que faltava acontecer?
Para além de que é tudo muito subjectivo. Por exemplo, acharam o meu prólogo confuso. Já num fórum onde postei o início da história disseram que aquele mistério em volta da protagonista era um bom começo. E, pessoalmente, eu também acho. Prefiro que não se perceba bem o início e depois, à medida que se lê o livro, se vá compreendendo tudo, ao invés de nos serem dadas todas as informações de rajada. Não faço ideia de que livros andava a ler na altura em que comecei a escrever esta história, mas, quando comecei a ler os de Salvatore, vi que seguia mais ou menos a mesma linha que ele: um início que não nos faz ter uma noção muito clara das coisas, mas que, com o passar das páginas, percebe-se perfeitamente o que está a acontecer, e aquele início passa a fazer sentido.
Enfim, gente pouco romântica que não gosta de mistérios. Que se há-de fazer? Nem todos os livros têm que ter como base a luta entre os maus e os bonzinhos, acho eu... Por isso, que se lixe. Fiquei contente com o meu trabalho, mas sei que as primeiras cinquenta páginas não são as melhores e que o melhor começa depois disso. Porque, como disse, no início de um livro, bem, é só uma introdução e pouco ou nada de interessante acontece. Para além disso, tenho noção de que evoluí em termos de escrita. Não me sinto mal por ter levado um não, pois já levei alguns. Apenas não gostei da forma como criticaram. Se calhar eu é que estava convencida de que escrevia bem. Mas foi o que sempre me disseram, desde pequena, pelo que, com tanto elogio repetitivo, uma pessoa acaba por consentir. Se querem tudo à maneira deles, estou para ver que livro irão publicar...se porventura publicarem algum.
A minha professora de psicologia dizia que havia duas maneiras de lidar com situações como esta. Ou a situação deitava-nos de tal forma abaixo que desistíamos de tentar, ou a situação servia de estimulante, levando-nos a pensar algo como Ah, é assim? Então vais ver do que sou capaz, o que, consequentemente, incentivava-nos a dar o nosso melhor. Para ser sincera, não sei bem em qual dos quadros me encaixo. Acho que fico raivosa no início e desisto por uns tempos, mas depois a vontade de voltar a tentar regressa, e regressa em força. Eu só gostava de ser boa em alguma coisa e que as pessoas reconhecessem isso...
Tenho mais projectos em mente, mas não sei se hei-de dar mais oportunidades àquele texto ou se parto já para outra. Talvez aguarde primeiro pelo resultado do concurso da Book.it, coisa que não tenho grande esperança de vir a vencer, e depois logo via. Tenho contactos de outras editoras, mas, para além de estar sujeita a levar mais um não, são editoras pequenas, que eu nem sei se me trariam um bom reconhecimento.

13 comentários:

  1. pedir apenas uma parte de um todo é sempre injusto, pensa-se sempre que existem outras partes melhores que ficaram de fora e que poderiam alterar a opinião de quem lê. enquanto leitor sou-te franco, 50 páginas chegam-me perfeitamente para perceber se um livro é interessante ou não, até menos em alguns casos. não estou com isto a dizer que o que escreveste o seja, apenas acho que não podes esperar que toda a gente tenha a mesma paciência pelo climax que muitos leitores desses género têem.

    quanto ás críticas, já pensaste que provavelmente ao mudares a história que fizeste de acordo com as críticas irias criar algo que não seria tão cliché e que poderia passar a ser original? claro que abdicarias de muita coisa que escreveste e acabaria por ser um produto que não é 100% teu mas muitos escritores devem ter feito sacrifícios do género quando começaram.

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  2. Antes de mais tenho a dizer-te que antes de conseguires publicar o teu romance vais ouvir muitos nãos e tens de ter estofo para eles e não desistir.
    Depois acho que um livro tem de agarrar o leitor desde o inicio, 50 páginas desinteressantes e eu desisto da leitura. Tens de analisar bem as recomendações que te fizeram e ver de que modo as podes aproveitar para melhorar o que já fizeste.
    Pensa bem :)

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  3. Não ligues a esse tipo de opinião. Já li tanto livro em que as primeiras 50 páginas não eram grande coisa mas depois tornaram-se livros fantásticos.
    É continuares a apostar em ti e envia o teu livro para outras editoras, quem sabe se não tens sorte :D

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  4. Eu acho que não devias desistir, é o começo, todos nós nos temos de sujeitar a qualquer coisa querida. Quando fores reconhecida pensa que serão eles que terão de se sujeitar às tuas condições.

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  5. É não desistir! Tenta aproveitar as críticas que te fizeram, acho que não se deve descurar isso completamente, até pode ser que consigas melhorar alguma coisa, já que sentes que agora até escreves melhor. E é possível que ouças mais alguns "nãos", mas isso até best-sellers são rejeitados nas primeiras tentativas...! Força, boa sorte.

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  6. O que importa é a persistência, nem sempre "acertamos" á primeira. Ânimo!

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  7. Foi só uma opinião, não quer dizer que desistas! Também me custou ler as primeiras págs do romance do Saramago porque não sei percebia patavina do que o homem dizia, mas no entanto ao longo da história percebeu-se! Cada um tem o seu estilo de escrita, a sua maneira de "introduzir" a história e, pessoalmente, prefiro um mistério ao início como introdução, do que ler logo o "cliché" da história e prever tudo no ínicio. Tens de seguir o teu coração e a tua vontade, foi só um não, não foi um nunca! Editoras é o que não faltam por aí, e talvez essa tenha perdido um bom negócio :)

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  8. Olá Queen!
    Entendo a tua raiva, já participei em concursos literários e todos os resultados foram negativos.
    Apesar de uma pessoa escrever bem, não quer dizer que consiga agarrar os leitores pelas suas palavras e, se eu começasse a ler um livro cujas cinquenta páginas não me interessassem, jamais voltaria a colocar os meus olhos sobre a obra. Não é para te desanimar, contudo, um texto tem de nos agarrar logo ao início. E, o facto de as pessoas que te conhecem dizerem que escreves bem, não quer dizer que sejas fantástica. Isto, digo-te por experiência própria, porque ouço há mais de um bom par de anos que redijo bem, todavia, quando vou a ler textos antigos quase que me saltam os olhos da cara - e acredita em mim que não é por um bom motivo.
    Sim, a solução é não desistir e insistir no assunto. Muitos livros, inclusive best-sellers, foram rejeitados mais do que uma vez antes de alcançarem o sucesso. No entanto, o meu conselho é dares o teu livro a ler por outras pessoas. Pessoas que não conheçam a tua escrita e que tenham um bom espírito crítico. Talvez assim, com uma opinião mais geral, tenhas uma melhor noção do que deves alterar e do que deves manter.
    Vá, cabeça erguida, que não nos podemos deixar derrubar.
    Um longo abraço,
    Valentina.

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  9. Li tudo e só te tenho a dizer isto: coragem, não desistas! Se acreditas no teu trabalho a sério, mais ou cedo mais tarde será reconhecido!

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  10. Eu, pessoalmente, gosto muito mais de livros um pouco confusos no inicio mas que há medida que se vão lendo vai-ser percebendo tudo e as coisas vão "encaixando". Acho que são os mais interessantes. Se tens noção que a tua história é boa então não desistas só porque levaste um não :)

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  11. 1º Continua a escrever, mesmo que te critiquem!
    2º Quantas editoras rejeitaram livros como Harry Potter e afins até alguém ver valor neles? E depois ficaram verdes de inveja porque alguém teve mais visão que eles?
    3º 50 páginas não é um livro inteiro.
    4º Críticas idiotas? No, thanks! Há uma coisa chamada crítica construtiva.
    5º O que é um bom livro? Muito subjectivo... Para mim é algo intemporal que nunca saia de muda, um clássico basicamente. Embora já tenha lido clássicos por causa de literatura portuguesa que são uma porcaria autêntica. Amor de Perdição, para exemplificar. Eu acho que aquilo é bom para limpar o pó, outras acham aquilo do melhor que há!

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