Não sou uma pessoa expressiva. Não sou daquelas que escrevem textos sobre o namorado, os pais, a avó, a irmã, a amiga, etc. a evidenciar todas as suas qualidades, a descrever o impacto que têm na sua vida e a dizer o quanto gosta deles. Não o faço no blog, muito menos noutra rede social. Não é por nada...é porque não sou assim. Custa-me dizer aquilo que sinto. A escrever é muito mais fácil, claro, mas, mesmo assim, tenho sempre dificuldade em expressar sentimentos em relação a alguém. Aliás, sentimentos positivos. Porque, se for para falar mal de alguém, cá estou eu.
Valorizo mais os actos. Não que seja boa neste aspecto, porque também não o sou. Não sou pessoa de abracinhos e outras coisas que tais. Devo ser meia fria aos olhos dos outros. Acho que demonstro o quanto gosto de uma pessoa de outras formas. Sei lá, por estar com ela, por querer conversar, por combinar algo para estarmos juntas... Coisas que não são propriamente calorosas, mas, como já disse, eu sou mesmo assim, e a única pessoa com quem consigo ser minimamente carinhosa é com o namorado. E foi por culpa dele; ele é que me pôs assim - mas não é que me queixe...
É, não sou nada expressiva, e julgo que todas as minhas tentativas de textos sentimentais se tornaram numa coisa lamechas. Não tenho jeito para isto, para dizer às pessoas o que sinto por elas. Na verdade, é muito difícil gostar de uma pessoa, para começar. Sou cautelosa e selectiva. Não é qualquer um que me inspira confiança.
É-me, portanto, difícil falar de sentimentos. Frases como Gosto muito de ti só saem da minha boca se forem arrancadas a ferros; não é por não gostar mesmo da pessoa, é porque...sei lá, não sou assim. Para além disso, se as for proferir ou escrever não as dirigirei a qualquer um. Como disse, sou muito selectiva no que toca às pessoas com quem me dou, e, muitas vezes, não passa disso, de me dar. É preciso muito para chamar alguém de amigo, assim como também é preciso muito para vir a gostar muito de uma pessoa. E, como pessoa que tem dificuldade em falar de sentimentos, não digo nada à dita pessoa; em vez disso, penso que ah e tal, ela sabe que gosto dela. Quer dizer, não vou mandar coraçõezinhos pelo Facebook nem nada. Tipo...a sério...
Mas também não digo coisas que não sinto. Não digo que me quero encontrar com alguém só porque fica bem e porque, digamos, "desapareci do mapa", quando, na verdade, não quero aturar essa gente. Não digo que sinto saudades de alguém quando esse alguém me disse o mesmo há uns tempos atrás e depois nada fez para me procurar. Não digo que gosto de uma pessoa quando essa mesma pessoa não me diz nada. Nem que tem uma roupa/uns sapatos/um corte de cabelo giros quando acho que são horríveis.
Não sei se tenho tendência a afastar-me das pessoas ou se são as pessoas que se afastam de mim. Afasto-me quando parece que me esqueceram, e com elas provavelmente acontece o mesmo, ou não, sei lá. A verdade é que fico farta de andar atrás dos outros, principalmente quando esses outros não demonstram a mesma vontade de manter contacto. E, por isso, fujo. Chateia-me que digam que têm saudades e que não o demonstrem; chateia-me ter que estar sempre a dizer Estou cá e que ninguém pergunte Então, quando chegas?; até me chateia um bocado ver tanto coraçãozinho no Facebook para a frente e para trás; não é por mal, mas é que tanto mel e tanta lamechisse...epá...eu não sou dessas coisas...e, por vezes, pergunto-me Será mesmo assim?. Porque há casos em que, nas redes sociais, são só corações, mas, na vida real, uma das pessoas envolvidas na troca de corações, Love you's e outros que tais diz que está farta da outra. E tudo isto não diz respeito apenas a namorados.