Sinopse (Halo): Três anjos - Gabriel, o guerreiro; Ivy, a curandeira; e Bethany, a mais jovem e humana de todos - são enviados para levar o Bem a um mundo que sucumbe ao poder das trevas.
Esforçam-se por esconder o brilho luminoso que os envolve, os poderes sobre-humanos que detêm e, representando o maior dos perigos, as asas, ao mesmo tempo que evitam qualquer tipo de relação com os humanos.
Mas Bethany conhece Xavier Woods e ambos se revelam incapazes de resistir à atração que sentem um pelo outro. Gabriel e Ivy tentam tudo para impedir aquela relação, mas o sentimento que une Xavier e Bethany é demasiado forte.
A missão dos anjos é urgente e as forças das trevas são ameaçadoras. Irá o amor lançar Bethany na perdição ou salvá-la?
O que mais me levou a querer ler esta história foi o facto de se tratarem de anjos enviados à Terra. Porque achei diferente. Apesar de saber que estava perante (mais) um típico Young Adult em que o final da história parece previsível, chamou-me à atenção a questão dos anjos. Por nenhum motivo em especial; apenas por ser algo diferente do que era habitual. Para ser honesta, considero-me ateia, pelo que nem sequer pus a hipótese de a questão da religião católica estar implícita nestes livros. Bem, enganei-me.
É um romance, sim, mas é uma história que também fala do Céu e do Inferno, de Deus e de Lúcifer. E, sinceramente, isto foi algo que nem sequer me fez comichão. Pelo contrário. E não fez porque, bem, estava a ler um livro. E, num livro, pode acontecer qualquer coisa. Pode-se falar sobre tudo e mais alguma coisa, que nada me faz espécie. Para dizer a verdade, gostei bastante da forma como a autora abordou estes temas. Da sua visão do Céu, tão estranha, bizarra e "vazia", mas tão gira ao mesmo tempo, e até da forma como os três anjos que protagonizam a história falam de Deus - nota-se algo como amor genuíno, como se fosse realmente pai (de sangue) dos três. São referidas histórias e passagens da Bíblia que se enquadraram muito bem na história, e, nisto, nota-se estudo e pesquisa por parte da autora, que é algo que eu admiro quando leio um livro. Dá-nos, ainda, a conhecer a forma como o Céu está organizado; que existem vários tipos de anjos - os Arcanjos, os Serafins, os anjos "mais baixos", por assim dizer -, cada um com a sua função, e que os comuns mortais que lá vão parar não passam, bem, de almas que por lá andam.
No que toca ao lado oposto, o Inferno, lá chegarei.
O primeiro livro da trilogia, Halo, apresenta-nos, como não podia deixar de ser, as personagens e toda a hierarquia celeste. Logo nas primeiras páginas, é quase impossível não se ficar rendido à escrita da autora. Era ainda muito nova quando escreveu o livro - não sei dizer a idade ao certo, porque, ao fazer uma pesquisa, cada site indicava uma data de nascimento da autora diferente -, mas isso nem sequer se nota. Tem uma escrita muito rica, cheia de detalhes, com muitas comparações pelo meio, tal como eu gosto. É facílimo imaginarmos um espaço ou uma personagem através das suas descrições. Não são descrições exaustivas; antes, cada frase vem cheia de detalhes que nos faz logo imaginar tudo, sem sequer nos apercebermos. Apenas não gostei das constantes interrogações ao longo da escrita - Será que...? e outras coisas que tais apareciam com frequência durante a narração, e isso é algo que, pessoalmente, não aprecio. Para além disso, as personagens são muito bem caracterizadas. Têm uma personalidade bem vincada, e apercebemo-nos mais disso quanto mais lemos e quanto mais vamos avançado na história. Às tantas, já conseguimos adivinhar as reacções de determinadas personagens aos acontecimentos, tendo em conta as suas características - mas não tenho a certeza se isso é algo bom ou mau.
No primeiro livro, Beth, o anjo mais jovem, conhece Xavier e vamos acompanhando a evolução da sua relação. Que não deixa de ser um bocadinho rápida e um tanto um quanto cliché: o rapaz giro do liceu apaixona-se pela rapariga nova. Típico dos YA, mas voltarei a abordar esta questão mais abaixo. A certo ponto, a relação de ambos tornou-se demasiado melosa e pirosa para meu gosto e achei que as coisas eram um bocado exageradas. Mas é muito giro ver os anjos - principalmente a Beth - num mundo que não é o deles, a tentarem adaptar-se a coisas tão básicas e tão banais para nós como o facto de terem que comer ou dormir, a tentarem esconder a sua identidade e a não saberem o significado de determinadas coisas, como certas expressões, por exemplo.
O segundo livro começa bem, na minha opinião, e isto porque a Beth é chamada à razão pelas amigas, no que toca ao facto de a sua relação com o Xavier se ter tornado...bem, demasiado peganhenta. Falam em como é saudável não se estar sempre juntos, algo que eu concordo. E gostei que a autora falasse nisso; acho que não tinha visto esta questão a ser abordada noutros YA. Para além disso, há uma reviravolta, e é aí que passamos a conhecer o chamado Inferno. Tal como aconteceu com o Céu, a descrição da autora deste lugar surpreendeu-me. Conhecemos um mundo diferente, com lugares que nada têm a ver uns com os outros, e personagens diferentes. É um lugar bizarro, também, mas desengane-se quem pensa que não é o típico Inferno de angústia e sofrimento do qual se ouve falar. E é quase impossível não nutrir uma certa "simpatia", digamos assim, pelo vilão da história, que já surgira no volume anterior. Pelo menos eu falo por mim; parece que tenho sempre uma queda pelos bad boys das histórias, e este não foi excepção.
No terceiro livro, há novas reviravoltas e novas peripécias, e está sempre no ar e a cada virar de página a dúvida se Beth e Xavier conseguirão, realmente, ficar juntos. Não apenas por ela ser um anjo e ele um humano, mas também porque a sua estadia na Terra é temporária, tendo ela e os outros dois, Gabriel e Ivy, sido enviados apenas com uma missão - em que, no entanto, têm que se misturar e viver como humanos para não darem nas vistas. Mas, para além disso, travarem qualquer tipo de relação com humanos não fazia parte dos planos, pelo que as autoridades celestes vêem-se obrigadas a intervir quando se apercebem que as coisas foram demasiado longe. E é por isso que há sempre aquela dúvida se vão ficar juntos ou não.
Este último volume surpreendeu-me. E isto porque, afinal, o famoso cliché dos YA tem uma razão de ser. Ou seja, há uma explicação para Xavier se ter apaixonado por Beth - uma explicação para ter sido ele, e não outra pessoa qualquer -; não foi uma simples obra do acaso. Foi algo que me surpreendeu e algo que gostei de ver num livro deste género. E a dita explicação seria perfeita e tinha tudo para dar certo...se não fosse um pormenor, referido no primeiro volume, que fez com que as coisas não fizessem sentido. Ou seja; gostei que houvesse uma explicação, estava mesmo surpreendida e entusiasmada com isso, mas, depois, fiquei frustrada. Porque a explicação não fazia sentido, e não fazia por causa de algo referido no primeiro livro! Em suma, passei o que restava deste terceiro livro à espera que me explicassem isso melhor e que houvesse uma resposta ou uma explicação para isso...e nada! Francamente, isso irritou-me. Como é que nem a autora, nem os revisores, nem ninguém reparou nesse deslize? Não percebo. Desde aí, ando a pensar seriamente em mandar um e-mail à autora a pedir-me que me explique tudo isso. É que não faz sentido!
Mas enfim. Não deixa de ser uma boa história. Bonita, diferente, engraçada, muito cativante, não só em termos de enredo, mas também no que toca à escrita em si, que é igualmente bonita e torna os livros em algo leve e fácil de ler. Devorei estes três livros e gostei mesmo muito deles. Tive imensa pena que a suposta explicação não fizesse sentido por me lembrar do raio de um pormenor - que muda tudo, se virmos bem - e gostava que o final tivesse sido mais desenvolvido. Mas, tirando isso, gostei bastante.