26/05/2014

Desabafos universitários #2

Às vezes, dou por mim a pensar em como seriam as coisas em termos de cursos se eu pudesse regressar ao décimo-segundo ano.
Quando concorri para ciências farmacêuticas, fi-lo devido às diversas saídas profissionais que o curso era capaz de me oferecer, uma vez que não fazia a mínima ideia para onde devia ir. Achava que, com o curso, teria um leque de possibilidades, e isso agradava-me. Mal olhei para o plano de estudos; concorri tendo em vista aquilo que me poderia oferecer, olhei para além do curso. No entanto, tanto o curso, como a universidade, as pessoas e o lugar onde esta se situava deixaram-me horrivelmente em baixo. Nos primeiros tempos, aguentei, tentando sempre pensar mais além: pensar naquilo que poderia fazer depois de ter o meu canudo na mão. Aguentei e aguentei, até ao ponto em que não consegui aguentar mais, e tive que sair dali. Confesso que, agora, sempre que vou a uma farmácia considero que aquele deve ser um emprego relaxante e sem grandes preocupações, mas depois penso na porcaria do curso, que não era, de todo, para mim.
Tive a hipótese de mudar e de tentar algo diferente. Mas não fui para nada de muito diferente e mantive-me sempre focada na área da saúde. As outras assustavam-me. As engenharias, porque envolviam matemática, e eu, apesar de ter adorado a matemática do décimo-segundo, considero que o meu raciocínio não é dos melhores e que muito dificilmente apanharia alguma coisa. As artes, porque toda a gente diz que não têm saída nenhuma e porque eu própria não acho que seja boa o suficiente - enquanto a grande maioria dos estudantes de artes faz aqueles desenhos todos perfeitinhos como se fossem cópias da realidade, eu fico-me pelos meus bonecos fofos ao estilo de desenhos animados. E por aí fora. E talvez este tenha sido o meu erro: ao contrário do que fiz na minha primeira candidatura ao ensino superior, não olhei para além do curso. Olhei, somente, para o curso em si.
Quer dizer, em termos de primeira opção, escolhi o que queria mesmo na altura. Mas tive que pôr outras opções, e é a estas que me refiro. Azar dos azares, não fiquei colocada na minha primeira opção, o que me deixou de rastos. Mesmo de rastos.
Mas cá estou. Não quis voltar atrás de novo; achei que não valeria a pena e não queria passar a vida a andar para trás. Gosto imenso de aqui estar e já tive muito boas experiências nesta cidade, mas, quanto ao curso, é sempre aquela coisa. Tem o seu interesse, sim, mas não é nenhuma paixão nem nada que se pareça. Tem também um leque de saídas profissionais associado, mas tenho um medo tremendo de não vir a ser uma boa profissional e/ou de não ter o perfil adequado - por exemplo, a maioria das saídas implica trabalho de equipa, e eu trabalho muito melhor sozinha.
Por isso, acho que devia ter olhado mais além. Devia ter arriscado mais; talvez até me safasse numa área diferente, quem sabe. Se voltasse ao décimo-segundo ano, teria feito tudo de modo diferente.
Sei que não vale a pena pensar nestas coisas, mas, às vezes, quando me vejo a vaguear sozinha pela faculdade, dá-me para pensar nisto.

9 comentários:

  1. apesar de ter ido para uma área muito complicada em termos de emprego sei que dificilmente teria conseguido singrar em qualquer outra. nem fazia ideia do que escolher caso tivesse de optar por outra área. acho que hoje em dia arranjar emprego mais do que acertar na área é ter sorte e bons padrinhos...

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  2. Estou na minha primeira opção e não estou a gostar de todo. Ainda me meto pensar que no futuro vai valer a pena, mas acho que morro ou mato alguém antes disso.
    Estou a pensar em mudar, mas como não sei o que quero fazer da vida a mudança pode ser uma má opção, pelo facto de escolher novamente mal -.-

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  3. Acho que é normal termos os nossos receios de vez em quando. Eu também penso nisso às vezes, sobretudo agora que estou mesmo quase a terminar o curso. Mas tens de acreditar que estás pronta, caso contrário não acabavas a licenciatura. Pensamento positivo ;)

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  4. Essas inseguranças são normais, mas na altura escolheste o que achaste melhor e talvez seja o mais indicado para ti e só não estejas a perceber isso neste momento. Espero que essas dúvidas passem e que tenhas mais certezas de que é isso que queres :) *

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  5. Este ano vou terminar o secundário e ver se entro numa faculdade. E tenho medo de não acertar à primeira.
    Ao contrário de ti, eu não consigo pensar nas saídas profissionais. Isso é secundário para mim, o que importa é aquilo que eu gosto. Fartei-me de seguir a opinião dos outros, quero estudar o que bem quiser e me apetecer.

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  6. Essas opções são sempre complicadas... Não sei se foi o teu caso, mas comigo tenho noção que não estava muito bem informada no que me estava a meter. Aliás, não estava informada sobre nada realmente. Acho que vamos quase todos muito cegos e muito iludidos para a universidade, e quando chegamos lá é que percebemos o quando estávamos enganados. Durante algum tempo, especialmente nos últimos anos do curso, pensei que tinha feito uma má escolha, mas a verdade é que não me vejo a fazer muito mais do que advogar. Sim, quero explorar outros caminhos, como fazer investigação, talvez ligar-me a algum centro de estudos na universidade ou fora dela, fazer assessoria em algumas entidades... Mas nunca deixaria de querer advogar.
    Compreendo que as pessoas pensem num curso que tenha saída, dê bom dinheiro e boas oportunidades, e que os pais têm grande influência nas nossas escolhas, porque para eles nem todos os cursos são "dignos" desse nome. Mas penso que a melhor opção é sempre escolher o curso que gostamos, porque aí seremos sempre profissionais (e pessoas) felizes =) ***

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  7. Desculpa a invasão. Nem sei como é que vim aqui parar mas ainda bem que aconteceu. Foi bom ler isto. Não interpretes mal, eu sei como é mau viver com todas essas dúvidas... mas para mim foi bom, não me sinto tão mal. Não me sinto sozinha, estou na mesma situação que tu.

    Não sei o que mudar, nem como mudar, sei que ando desiludida por não ter querido mais. E eu já estou a trabalhar na área que escolhi, e a gostar imenso... mas falta qualquer coisa.

    Espero que tudo te corra bem :)

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  8. não é tarde para fazer algo de que realmente gostamos. qual era o curso que querias mesmo?
    eu penso mtas vezes no mesmo que tu... e sinceramente, acho que vale mais lutar p algo que queiramos realmente...

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  9. Eu, se pudesse voltar ao início do secundário, tinha feito tudo completamente diferente.

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