10/10/2013

Enerva-me


Não me telefonava há quase um mês, e, quando o fez, mais valia não o ter feito. Só interfere. Destrói o meu equilíbrio, desfaz os meus planos e quebra a minha rotina. Consequentemente, enerva-me. Mas é sempre assim. Parece que só sabe telefonar-me para isso, para trocar-me as voltas todas e deixar-me chateada.
Enerva-me porque não muda. Diz uma coisa num dia, mas, noutro, faz precisamente o contrário. Quer tudo à sua maneira; só pensa em si e lixa-se para as prioridades dos outros. Tens aulas? Não faz mal, faltas. Trabalhos de grupo? Paciência, desenrascam-se sem ti e devem compreender por que não vais comparecer. Andares durante três horas de comboio? Ah, não custa nada.
Pois, claro que, para essa pessoa, essas coisas não são nada. Não é ela que vai ficar com um peso na consciência por ter que faltar às aulas e deixar as colegas de grupo ficarem com o trabalho todo. Não é ela que apanha a seca das secas dentro de um comboio que só vai apanhar por ser obrigada a tal, e não por estar toda entusiasmada por fugir daqui por uns dias. Nem é ela que tem trabalhos para apresentar na semana seguinte e para os quais se devia preparar. Claro que não. Não é nada com ela. Não lhe interessa. Só a própria pessoa lhe interessa.
Nunca vi tamanha irresponsabilidade. Nunca se preocupou; nunca se deu ao trabalho de estar presente e de me conhecer. E eu habituei-me a isso, habituei-me à sua ausência e falta de interesse. De tal forma que detesto que interfira. Ainda para mais desta forma, lixando-se para tudo. Vi logo que esta porcaria ia ser má ideia. Sempre que recusava, olhava para mim como se eu não fosse boa da cabeça. Como se ter gostos diferentes fosse a coisa mais estranha do mundo. Mas lá está: tem que ser sempre à sua maneira. Tem que ser tudo como quer. E eu nem chego a ter hipótese de escolha. Sou sempre obrigada. Obrigada a estar com uma pessoa que mal quis saber de mim durante anos e que só sabe aparecer para se intrometer nos meus planos e para me vir buscar para programas em que gasta o dinheiro que devia ser usado para me ajudar a mim e a outras pessoas que ficam a contar com ele.
Sei que ninguém vai perceber este post, mas não estou com vontade de dar explicações. 
Talvez um dia.

5 comentários:

  1. Talvez não perceba. Até porque só agora conheço o teu blogue; mas a tua frustração, a tua tristeza é tão visível. Talvez esteja na altura de mostrar que cresceste, que tens as tuas opções. Que as coisas têm de ter uma via melhor. Que tens de pôr as coisas em pratos limpos ou, pelo menos, mais limpos. Boa sorte, e qualquer coisa, mesmo que só agora me 'conheças', podes contar.
    R: Prefiro mesmo assim não viver na ignorância. A carne sabe-me bem, mas saber estas histórias deixa-me triste com o mundo.
    (Sigo.)

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  2. Passei por algo parecido e ainda hoje a pessoa em questão me tenta ligar ou manda mensagem mas eu tento sempre não dar muita conversa. Já lá vão quase 4/5 anos mas continua igual. Talvez com um pouco mais de maturidade mas com essa pessoa eu quero a maior distância possível.

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  3. eu percebi :( e infelizmente dou-te razão :(

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