25/08/2013

Solitária - parte 4


Não precisam de me lembrar do modo como as coisas se tornaram. De me dizer que não tenho ido para lado nenhum e que não estou com mais ninguém, que eu e ele nos isolamos...não precisam. Tenho perfeita noção disso. Por vezes, até, penso nisso.
Penso em como era antes e em como é agora.
Antes era melhor. Falávamos mais, víamo-nos mais, convivíamos mais. Ríamo-nos. Combinávamos coisas. De certa forma, éramos mais unidos.
Como é que se chegou a este ponto?
Acho que sei. Universidades. O que tem isto a ver? Tudo. Cada pessoa foi para seu lado, permitindo-lhe conhecer pessoas que vieram, aos poucos, substituir as já conhecidas. Acabando estas por cair no esquecimento.
Bem, talvez no esquecimento deles.
Eu não me esqueci. Especialmente dos momentos que passámos. E é deles que me lembro sempre que me sinto mais só. Lembro-os com saudade, mas também com uma certa frustração, pois são eles que me fazem ver as diferenças...aquilo que era antes e aquilo em que as coisas se tornaram.
Também conheci pessoas. Mas não consigo considerá-las mais do que apenas colegas. Quando não se fala acerca de mais nada a não ser aulas, quando não se faz mais nada fora delas, quando, durante as férias, nada dizemos uns aos outros...sim, não podem ser mais do que colegas.
E os que eu chamava de amigos...bem, por aí andam. Lá com os seus.
E eu? Resumida a uma só pessoa, sem grandes ou novos planos, sem novas conversas e sem ir ou fazer algo de diferente. Por vezes a tentar reconstruir momentos, sempre sem grande sucesso. Esqueceram-me, e eu sei que tenho que os esquecer a eles. Mas é difícil. Principalmente quando não há mais ninguém, excepto ele, com quem contar. Ou com quem estar. Ou mesmo com quem falar.
O nosso mundo cinge-se a nós dois, e eu não gosto que assim seja. Queria que fosse como dantes. Que tivéssemos um grupo. Não precisava de ser com os mesmos. Podia ser qualquer pessoa, desde que houvesse algo entre todos ao qual se pudesse chamar amizade.
Não sei bem o que aconteceu. Sempre fui pessoa de preferir estar no meu canto, mas, mesmo assim, sempre houve alguém. Parece que, ao começar a preocupar-me mais com o integrar-me e fazer amigos, estas coisas deixaram de acontecer. É por isso que sinto saudades da escola. Não me preocupava com estas coisas e os amigos surgiam, assim do nada. As conversas sobre tudo à excepção de aulas ocupavam o nosso tempo. Os planos apareciam.
E agora? Um vazio. Que eu ainda não percebi como preencher.

7 comentários:

  1. compreendo-te, por vezes também me sinto assim..

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  2. Passou-se o mesmo comigo. De repente, pareciam todos estranhos, à excepção de uma amiga minha.
    Mesmo as pessoas novas com quem eu pensava que tinha travado uma amizade, revelou-se mais uma espécie de relação de conveniência. Estavam comigo porque estava com essas pessoas. Se fosse preciso passavam as férias sem dizer nada, e quando acabassem as ditas férias diziam que tinham muitas saudades. O interessante é que entre alguns deles mantinham contacto.
    Realmente, eram relações de conveniência no que toca à minha pessoa.
    Infelizmente, ainda bem que não aconteceu só comigo.

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  3. R: Pois, lá está... E mesmo assim tens o teu namorado. Eu não tenho disso xD

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  4. Eu acho que isso acontece com toda a gente :/ Do meu grupo de amigas, fui a única que foi estudar para fora e mesmo assim, todos os fins de semana, elas achavam que tinha de ser a combinar coisas. Cansei-me. Felizmente, o meu namorado está para preencher essa parte.
    As pessoas mudam e crescem e nós apercebemo-nos que vamos ficando sozinhos connosco e com o peso das nossas responsabilidades, vamos percebendo que, afinal, os amigos não estão para tudo, como achávamos que estavam. Temos que aprender a viver com isso e continuar a conseguir sorrir-lhes como antes, como se nada tivesse mudado. Deixei de acreditar em amizades eternas, acho que podemos ser colegas durante muito tempo...

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