30/09/2015

A "excitante" vida de recém-licenciada

Tenho acordado cedo. Acordo com o barulho da porta, quando a minha mãe sai para o trabalho. Mas não me queixo; até prefiro que seja assim. Não sou pessoa de gostar de passar a manhã inteira a dormir. Pelo contrário, considero-me uma morning person. Só não gosto muito de estar em casa numa altura em que toda a gente está a trabalhar. Faz com que me sinta um bocado inútil, e é por isso que tento manter-me ocupada. Ocupo-me de simples tarefas do dia-a-dia, para que a minha mãe não tenha que se preocupar com elas quando chegar a casa, tais como lavar a loiça do pequeno-almoço ou varrer a casa de banho. Acho que sentir-me-ia ainda mais inútil se não ajudasse com o mínimo em casa. Um dia destes, talvez faça o jantar antes de ela chegar a casa, para também não ter que se preocupar. Tenho almoçado sozinha, e aí aproveito para pôr um dos álbuns da minha biblioteca musical a tocar alto e bom som, que é algo que já sentia falta há algum tempo. Faz-me alguma companhia e dá-me outro ânimo, embora tenha dias em que só me apetece deitar-me na cama e ouvir o dito álbum bem alto até me fartar, sem fazer mais nada. Tenho várias coisas com que me distrair, apesar de tudo. Isto é, quando não estou a tratar de coisas que digam respeito ao estágio que terei que arranjar. Aproveito o facto de estar sozinha em casa para escrever, e ainda tirarei um dia para arranjar contactos de editoras e para escrever um e-mail perfeito, de modo a convencê-las a ler o meu livro. Vou voltar a praticar natação, que é algo que quero muito desde há algum tempo e que agora já o posso fazer, por ter uma piscina mesmo perto de casa e por estar a viver temporariamente sem horários. Foi um desporto que sempre me fez bem e que tenho a certeza de que ajudará a distrair-me. Para além disso, encontrei uma área na nutrição que me desperta imenso interesse. Tenho um livro sobre o assunto para ler, e qual não foi o meu entusiasmo ao saber que, na minha faculdade, vão abrir um curso de cinco sessões acerca do mesmo. Inscrevi-me, e ninguém colocou qualquer entrave em relação a isso. Vou ganhar novos conhecimentos, vou enriquecer o currículo e, ainda, vou distrair-me um pouco e mudar de ambiente. Isto porque o curso vai ser dado na faculdade, o que implicará algumas deslocações ao Porto - olha que chatice...
Não é assim tão mau. Só não quero que alguma vez me atirem à cara que não estou a fazer nada. Na verdade, não posso fazer grande coisa. Tenho coisas com que me distrair, até; não estou propriamente todo o dia deitada no sofá em frente à televisão, que é só a coisa mais inútil que uma pessoa pode fazer, na minha opinião. Vou, pelo contrário, estar a praticar desporto, a ajudar em casa, a fazer algo de útil em relação ao meu futuro e a tentar investir num dos meus hobbies para que dê alguns frutos. Por enquanto. Não quer dizer que vá fazer isso durante toda a minha vida. E é por isso que não devia ficar com a consciência pesada por me sentir de férias quando mais ninguém está de férias e está a fazer algo da sua vida. Não devia ficar com a consciência pesada por me dar ao luxo de descansar de vez em quando, até porque andei a "matar-me" ao longo dos últimos anos para tirar um curso. Agora que o tirei, acho que, realmente, mereço uma pausa. E não devia haver mal nenhum nisso.
Este ano vou poder apreciar o Outono da melhor maneira, a fazer as típicas ronhas no sofá com as mantas, as bebidas quentes e as séries ou os livros enquanto chove lá fora, sem o peso da consciência e das responsabilidades da faculdade. E vou poder viver o Natal como este merece ser vivido, sem o stress dos exames. No fundo, sinto-me bem por já não ser estudante. Parece que a vida se tornou mais despreocupada, pelo menos por enquanto. Só espero que a questão do estágio se resolva. Mas, de qualquer das formas, candidatando-me em Novembro ao programa de estágios que já referi por aqui, só começo a trabalhar em Janeiro. Até lá, continuarei nesta vidinha. Que, no fundo, não é assim tão má. É uma pausa. A meu ver, merecida. E que ninguém me estrague este conceito.

28/09/2015

Facto #32

Eu devia deixar de entrar em livrarias, já que, sempre que o faço, encontro coisas interessantes e acrescento novos títulos à minha lista mental de livros para ler. O que é mau, por duas razões: os livros não são propriamente baratos e aqueles que me cativam fazem quase sempre parte de uma trilogia, o que quer dizer que, para além do investimento inicial, ainda tenho que investir nos volumes seguintes.
E os que entraram recentemente na minha lista mental foram:
O Nome do Vento, de Patrick Rothfuss;
O Império Final, de Brandon Sanderson;
Mago - Aprendiz, de Raymond E. Feist;
A Espada de Shannara, de Terry Brooks.
Vai-se lá saber porquê, voltei a virar-me para a fantasia.
Da última vez em que estive na Fnac, ainda pensei em pegar num deles e sentar-me num dos banquinhos a ler as primeiras páginas, mas depois achei que tal não seria muito boa ideia, pois poderia ficar com o livro na cabeça e não iria descansar enquanto não o comprasse.
Mas o que é certo é que não vou deixar de entrar em livrarias. Se calhar devia, mas não vou. Nada consegue substituir aquele ambiente. A minha lista mental de livros para ler é que vai continuar a crescer com isso, mas enfim.

26/09/2015

Escrito por mim #5

Ephice perdera-o de vista, mas considerava que o perigo já tinha passado. Ainda com o bastão na mão, correu a toda a velocidade para Daron e agachou-se ao seu lado. Não estava inconsciente, nem dava mostras de ter sido atingido pelo feitiço mortal que lhe roubaria a vida aos poucos.
- Estás bem? – perguntou-lhe ela.
- Sim – Daron sentou-se lentamente, com algum esforço. – Foram feitiços inofensivos. Não fui atingido.
Agora que estava ao nível dos seus olhos, Ephice pôde reparar no seu rosto. Por baixo do seu farto cabelo castanho e desgrenhado, que quase lhe alcançava os ombros, viu um longo corte, que começava na sua sobrancelha esquerda, passava-lhe sobre a pálpebra e descia na diagonal até terminar no canto da boca.
- Estás ferido – observou, com a preocupação patente na voz.
Daron encolheu os ombros, sem dar importância ao assunto.
- É só um arranhão.
- Não é – discordou Ephice. – Fica quieto; eu trato disso.
- Não te preocupes com isso; vai ajudar os outros – pediu Daron.
- É rápido – insistiu ela, aproximando os dedos da ferida.
- Ephice…
Mas dos seus dedos já emergia a ténue luz curativa, um brilho esverdeado que funcionava como um suave e refrescante bálsamo em quem o recebia. Foi devido a esta sensação de conforto que Daron deixou a frase no ar, como que hipnotizado pelo tratamento. Enquanto percorria o corte com os dedos, sem sequer lhe tocar, Ephice elevou ligeiramente o olhar, encontrando os olhos quase negros de Daron.
Não deixou de experienciar a sensação de estranheza que Daron passara a despertar nela desde há poucos meses atrás. Eram grandes amigos desde que se haviam conhecido e nunca lhe acontecera algo semelhante. Era por isso que a sensação estranha conseguia ser ainda mais estranha. Por um lado, sentiu-se intimidada por vê-lo a olhar para si tão fixamente, como se, de certo modo, estivesse fascinado. Mas, por outro, Ephice só desejava poder olhar para aqueles olhos para sempre, àquela distância e com aquele sentimento de amizade e de companheirismo que se estabelecia entre eles, ligando-os como se de um fio invisível se tratasse. Porque aquele instante pareceu-lhe congelado no tempo; um momento em que Ephice se esqueceu de quem era, do que estava a fazer e do porquê de estar naquele lugar. As suas preocupações e pensamentos desapareceram da sua mente, e ela gostou de se sentir assim. Era como se, de repente, aquele se tivesse transformado no mundo maravilhoso pelo qual ela, Daron e todos os outros lutavam – o mundo em que não havia trevas, nem batalhas, nem morte.
De súbito, o olhar de Daron desviou-se para se fixar num ponto para além dela, e toda a magia do momento foi quebrada. O tempo retomou a sua passada, os sons em redor tornaram-se novamente audíveis e Ephice voltou a concentrar-se em sarar a ferida do companheiro. A pele de cada um dos lados do corte continuou a aproximar-se lentamente, até formar uma linha rosada.
- Ephice – chamou Daron, em tom de aviso, mantendo o olhar no mesmo ponto.
Ela deixou o feitiço a meio para rodar a cabeça.


Queria partilhar mais, mas assim daria muitas informações sobre o enredo, personagens e etc. E já disse por aqui que tenho medo de partilhar demasiado, não vá alguém aproveitar-se das minhas ideias.

24/09/2015

"Procura activa de emprego"

Agora que terminei o curso, preciso de arranjar um estágio para poder pertencer à Ordem da minha futura profissão. Porque, se não fizer parte da (mal)dita Ordem, nunca poderei exercer.
É estúpido uma pessoa ser mesmo obrigada a pertencer a uma Ordem para poder trabalhar, especialmente tendo em conta que, em algumas profissões, fazer ou não parte da respectiva Ordem é algo facultativo. Aliás, é estúpido que existam Ordens. E é estúpido ter que fazer outro estágio para isto, e que o estágio que fiz durante este ano, integrado no curso, não sirva para isto. Devia bastar fazer um exame e pronto.
Aqui nos Açores existe um programa de estágios remunerados para recém-licenciados. Basta que a pessoa se inscreva no site, insira tudo o que é necessário e apresente uma candidatura, online, à entidade que lhe interessa e que está a aceitar estagiários. O que eu queria mesmo era "usar" um estágio destes para poder pertencer à Ordem, ficando, assim, com um estágio "dois em um": por um lado, fazia o estágio necessário para fazer parte da Ordem e, depois, já podia trabalhar, e, por outro, ganhava dinheiro com isso, por ser remunerado.
No entanto, a próxima fase de candidaturas aos estágios desse programa é só em Novembro, e só em Novembro é que posso saber quais são as entidades que estão a pedir estagiários. Corro, por isso, o risco de chegar a Novembro, ir à página ver quais são as entidades que aceitam estagiários e não encontrar nada da minha área. Como tal, ontem e hoje andei por aí a saltitar de sítio em sítio, a perguntar se iriam abrir vagas para estagiários no âmbito do tal programa, de maneira a saberem que existe por aí uma recém-licenciada à procura de um estágio numa determinada área. Considerei-me uma pedinte de esmola por causa disso, ao passo que o meu namorado denominou a coisa de "procura activa de emprego".
Foram só dois dias, mas senti-me esgotada. Só ouvi nãos e não sei. Ninguém parecia reconsiderar, nem mesmo sabendo que eu estava ali, feita desesperada, a pedir uma oportunidade de estágio. Nem sequer era de emprego, era só de um estúpido estágio. Um estágio com o qual as entidades não têm nada a perder, pois o salário para os estagiários nem sequer sai dos seus bolsos. Não sei o que é que lhes custa.
Não estou a ver-me com muitas mais hipóteses. Nem nunca pensei que isto fosse fácil. Estou apenas cheia de medo de, em Novembro, aceder ao site e não ver um único estágio na minha área. Estes dois dias cansaram-me; senti que estava a fazer figura de parva e a desperdiçar o meu tempo. Lá terei que continuar, embora a vontade seja pouca e não veja a que outros locais me possa dirigir. E não gosto nada deste método de procura, muito menos do facto de ninguém reconsiderar abrir uma mísera vaga para uma estagiária. Tudo isto deprime-me, mas, apesar disso, também me sinto uma completa inútil se passar o dia enfiada em casa como se estivesse de férias.

22/09/2015

4 dias em Amesterdão

Esta é uma cidade que tinha interesse em visitar já há algum tempo. Não pelo facto de ser muito liberal e tal, mas sim por me parecer bonita. Uma viagem é sempre uma viagem, mas torna-se ainda melhor quando o destino nos fascina. E quando este não nos desilude. Passei lá quatro dias e adorei. É um lugar fantástico, diferente. Deixo aqui um relato de tudo aquilo que fiz durante os dias em que lá estive. Aviso, desde já, que este é um post excessivamente longo e que todas as fotografias são da minha autoria.