18/09/2016

Nightwish - Endless Forms Most Beautiful Tour

Fotografia retirada do Facebook oficial da banda (e editada por mim).

Nightwish é uma banda que ocupa um lugar especial no meu coração. É uma das minhas bandas favoritas, que me acompanha desde os dezasseis anos, que me fez apreciar a música de outra forma e a primeira banda de metal que ouvi. Antes de ouvir esta banda, eu - bem como muita gente que não sabe do assunto e que pode nem querer saber - tinha aquela ideia pré-concebida de que o metal era apenas berros e barulho, algo que nem sequer se podia considerar música, e que era preciso ser-se muito tolo ou estar-se super deprimido e mal com a vida para se conseguir ouvir tal coisa. Mas ouvir Nightwish veio mudar completamente esta minha forma de ver as coisas, principalmente porque me apresentou um género musical que eu nem sabia que existia: metal sinfónico. Metal sem berros, mas com uma bonita voz feminina, com tanto de doce como de poderosa, no seu lugar; metal sem instrumentais pesados, arrastados, deprimentes e barulhentos; metal com uma orquestra, com sonoridades viradas para o teatral ou o cinematográfico, e com canções que contavam histórias e que me faziam imaginar histórias, não só devido às letras, mas também devido à melodia e aos instrumentos, que criavam um ambiente completamente distinto de tudo o que ouvira até então. É difícil, a meu ver, explicar o quanto se gosta de uma banda, daí que seja difícil, para quem me lê, compreender a adoração e a admiração que tenho por esta banda em concreto. O facto é que é uma das minhas bandas do coração e das melhores que já ouvi. Parece que foi graças a ela que nasceu, em mim, uma grande paixão por música - porque, antes dos meus dezasseis anos, eu mal ouvia música por minha iniciativa; não havia nada de que gostasse realmente. Foi graças a ela que comecei a ouvir outras bandas, outros estilos e que, finalmente, encontrei os meus géneros musicais de eleição e as melhores bandas do mundo - para mim, como é óbvio. Percebi que o metal não é só berros e barulho. Percebi o quanto pode ser bonito. Passei a ver este género musical com um novo olhar, a apreciar alguns dos seus subgéneros e a gostar de explorar este novo lado do mundo da música. E, assim, nasceu a pequena metaleira que hoje vive em mim e que parece que nunca me vai abandonar.
Quando soube que os Nightwish vinham a Portugal, não pensei duas vezes. Não pensei na loucura de comprar um bilhete de avião para poder ir vê-los, nem tão-pouco pensei naquilo que poderiam pensar de mim por estar a fazer isso - que estava a passar-me, que estava a ser doida, que estava a fazer algo um bocado parvo. Muitas pessoas podem não compreender, e nem eu espero que toda a gente compreenda. Porque nem todas sabem o que é adorar uma banda desde os dezasseis anos e esperar quase dez anos para poder vê-la ao vivo. Mesmo que saibam, podem até pensar Mas para quê vê-la ao vivo? Não basta apenas adorá-la e pronto?. Não, não basta. Para mim, não basta. Mais uma vez, não espero que toda a gente compreenda. O certo é que o fiz: comprei um bilhete de avião e fui vê-los. Nunca pensei tornar-me louca a este ponto. Mas devo dizer que foi uma loucura que me fez tão bem. E que acho que são actos loucos como este que fazem a vida valer a pena e que nos proporcionam os melhores momentos de sempre.
O concerto foi absolutamente lindo. Tive medo que fosse arruinado por causa do grupinho de pessoas que estava mesmo ao meu lado - pessoal nos seus trintas ou quarentas que já estava completamente podre antes do concerto começar, a ponto de eu ter levado uma queimadura de cigarro e de ter quase a certeza de levar um banho de cerveja da cabeça aos pés. Mas, felizmente, consegui abstraír-me deste cenário triste e um tanto ou quanto desrespeitoso e aproveitar a noite da melhor forma.
De facto, foi uma das melhores noites da minha vida e um dos melhores concertos que já assisti até então. Em termos visuais, devo dizer que não foi nada por aí além - acho que nada bate o concerto dos Brit Floyd neste aspecto -, mas só o facto de ser a banda que é foi o suficiente. Diverti-me tanto, de uma forma que já estava a precisar há tanto tempo. Esqueci-me de tudo, de todos os problemas e de todas as confusões que já me andavam a massacrar a cabeça há algum tempo. Só me importava aquele momento, aquele ambiente, aquelas músicas que tanto adoro. Saltei, gritei e cantei como nunca. Foi uma noite linda, perfeita, maravilhosa, fantástica e tudo o mais que quiserem chamar, para além de ter sido cheia de surpresas. E as surpresas começaram lá para meio do concerto, com a 7 Days to the Wolves. Uma música que já não ouvia há anos - sim, anos -, que me fez pensar, nos primeiros segundos, em algo do género Mas esta é a música que estou a pensar? Meu Deus, já não ouço isto há tanto tempo! e que me deixou surpreendida comigo mesma por, mesmo depois de tanto tempo, eu ainda saber o refrão de cor. The Poet and the Pendulum foi outra surpresa; é uma música que adoro e da qual não estava nada à espera; antes de conhecer Nightwish, nunca tinha ouvido uma música tão longa como esta, e foi ela que me fez passar a gostar de músicas assim, longas, com o ritmo a variar ao longo da canção, como se assistíssemos a um filme. Mas, melhor ainda - e este foi o ponto alto do concerto - foi a sequência Stargazers, Sleeping Sun e Ghost Love Score. Fiquei com as expectativas em alta quando a Floor disse algo do género Há uma canção que queremos tocar para vocês...uma canção muito antiga!, e, quando disse que era a Stargazers...bem, eu adoro o instrumental desta música. E, depois de a ouvir assim, ao vivo, naquele ambiente de festa, passei a gostar ainda mais dela. A seguir, quando veio a Sleeping Sun, não pude deixar escapar um grande Oh My God!. Isto por não estar nada, mas mesmo nada à espera dela e por ser uma das minhas músicas favoritas deles. E teve piada porque, uns dias antes, disse a um colega da faculdade - que foi comigo ao concerto - que essa era das poucas músicas cuja letra sabia de cor e que gostava imenso que a tocassem, mas que duvidava muito que o fizessem. E tocaram-na! Mas o melhor ainda estava para vir. Ghost Love Score. A minha música favorita dos Nightwish. Que eu estava mesmo certa de que não iam tocar, por ser também tão longa. Como já tinham tocado a Poet e como eu sabia que a música final seria The Greatest Show On Earth, igualmente longa, já estava a pensar que não iriam tocar três músicas com mais de dez minutos num só concerto. Mas enganei-me. E ainda bem que me enganei! Ouvir os primeiros segundos da minha música favorita fez-me logo dar um berro. Não estava mesmo a acreditar naquilo.
Saí do coliseu completamente partida, como não podia deixar de ser. Senti as pernas a doer tanto, mas isso rapidamente passou quando comecei a andar para a saída. Passou, mas para dar lugar a uma dor descomunal no fundo das costas. Parecia uma aleijada a andar na rua. É o que me acontece sempre. Mas nem por sombras ia ver um concerto destes sentada só para não sentir as dores no final. É uma das minhas bandas favoritas, era um concerto do qual estava à espera há anos e as dores até valem a pena. No momento, só queria deitar-me na cama. Mas, olhando para trás, sim, valeram mesmo a pena. São só umas dorzinhas, afinal. E, para além disso, mesmo andando na rua como uma aleijada, com as costas a doer tanto, a sentir-me cansadíssima e a querer apenas deitar-me e adormecer, sentia o coração tão cheio, a transbordar de alegria. Foram umas duas horas lindas, mágicas, inesquecíveis. Deixaram-me tão feliz e deram-me memórias que vou conservar para sempre e das quais irei lembrar-me com um grande carinho e, como não podia deixar de ser, com uma grande nostalgia. Ter ido dos Açores para Lisboa ver o concerto foi um acto louco, sim. Mas um acto louco que valeu a pena. Porque são destes actos loucos que precisamos de vez em quando.

Setlist:
Shudder Before the Beautiful
Yours Is an Empty Hope
Bless the Child
Storytime
My Walden
Élan
Weak Fantasy
7 Days to the Wolves
The Siren
The Poet and the Pendulum
I Want My Tears Back
Nemo
Stargazers
Sleeping Sun
Ghost Love Score
Last Ride of the Day
The Greatest Show on Earth

2 comentários:

  1. Aiiiii, gostei tanto!! Fico tão feliz que tenha sido assim maravilhoso. Nightwish era uma das minhas bandas preferidas, também. Mas confesso que com a saída da Tarja perderam (para mim, claro) aquela estrelinha VIP que tinham. Continuei a gostar, e continuo a ouvir e adoráva ter ido vê-los mas já não nutro esse sentimento único por eles. Mas fico muito feliz que tenhas consesguido, finalmente, ver a tua banda de eleição - sei bem o que isso é!
    Tem piada que uma das melhores memórias que tenho foi precisamente ter apanhado um banho de cerveja, no concerto dos Iron Maiden, em 2008. Eu tinha 17 e fui com dois colegas bastante mais velhos (tipo de 26/27 anos=) que iam com aquele sentimento de "ai temos de a proteger". Quando lá chegamos um dele começou a beber um bocadinho e foi a personagem mais caricata que já conheci. A meio do concerto dos Iron Maiden começaram as moches. Estavamos um grupinho muito engraçado com pessoal que conhecemos lá - que estavam meio bêbados também - e nisto alguém dá um encontrão ao nosso grupo, todos deixam cair as bebidas e uma cai-me MESMO pela cabeça abaixo. Mas foi BRUTAL a forma como TODOS os rapazes mais velhos olharam para mim, incluindo os bêbados. Os olhares "Oh meu deus, e agora?", "oh meu deus ela está bem?". Foi tão, mas tão engraçado que nem consegui ficar chateada com aquilo x)

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  2. Acho que descreveste na perfeição a (também) minha adoração por Nightwish, por isso, não tenho muito a acrescentar. Conheci-os mais cedo do que tu, quando tudo na minha vida parecia uma confusão, uma perda de tempo. Conheci-os no pior período da minha vida, e foram como uma luz de esperança. Adorava ficar simplesmente quieta, no quarto, a ouvi-los. A perceber, precisamente, as histórias que contavam, quer através das suas letras, ou apenas das suas melodias. Parecia que, por vezes, aquelas músicas tinham sido escritas para mim.
    Infelizmente, não tive disponibilidade para ir ao concerto deles, mas não será a última oportunidade para vê-los =) Fiquei surpreendida com o alinhamento escolhido, por algumas músicas que achava que não iriam apresentar aos fãs (não ouço a Stargazers há ANOS!!). Ainda bem que adoraste!
    Pode ter parecido uma loucura para alguns, mas eu entendo perfeitamente porque o fizeste =) ****

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