06/11/2014

O que esperar do futuro?

Até gosto de chegar a casa mais tarde do que o normal. Tomar o meu banho assim que chego, preparar, nas calmas, algo para jantar e, depois, relaxar até à hora de dormir, deixando a faculdade para trás das costas - a não ser que haja algo urgente para fazer para o dia seguinte...neste caso, já não gosto de chegar a casa tarde. Mas, quando não há, até é bom, esta sensação de não pensar em mais nada e o pensamento de que só no dia a seguir é que vou ter que lidar com a faculdade outra vez. Tal como me disseram há umas semanas atrás, acho que estou pronta para o horário de trabalho.
E é aí que penso na parte do trabalho.
Ontem, fui assistir a mais consultas de pediatria. E foi tão chato. Eram só miúdos com o colesterol alto que já estavam a ser seguidos há algum tempo, aos quais apenas lhes era dito que continuassem com os mesmos cuidados alimentares e que mantivessem a medicação, caso a tomassem. Não passou disto. Entravam, trocavam dois dedinhos de conversa e saíam sem levarem nada de novo. Fez-me lembrar as consultas que tinha há uns tempos com uma endocrinologista, em que ela via as minhas análises e dizia Está tudo bem, é para manter a medicação. Ou seja, eu saía de lá completamente na mesma, e o que mais me chateava era que ela nunca sugeria parar com a medicação. Até ao dia em que eu mesma decidi dar um fim ao raio da medicação - a praticamente toda, pelo menos. Vir a ter problemas graves por causa de efeitos secundários dos comprimidos? Não, obrigada.
Mas, enfim, assim foi com os miúdos. Devia ter perguntado ao professor durante quanto tempo teriam eles que ser seguidos e estar sempre com aqueles cuidados, mas quase que aposto que ele diria que teriam que o fazer para toda a vida.
Realmente, nem sei que mais poderia ser feito, uma vez que já sabiam os cuidados que tinham que ter e que estava tudo dentro dos valores normais... Mas começou a chatear-me o facto de ser sempre assim, mais do mesmo. Estive uma hora e pouco dentro daquele consultório e já estava a ficar farta; que se há-de dizer de dias inteiros, semanas, meses e anos, se vier a trabalhar nesta área? Não sei se era por serem miúdos - a coisa não tem a mesma piada do que com adultos, uma vez que os miúdos não levam planos alimentares para casa, apenas conselhos -, se era por eu estar apenas a observar e não a intervir...mas o que é certo é que foi um bocado secante.
Costumava pensar que, caso não viesse a gostar do meu futuro emprego, iria encará-lo como se fosse a faculdade: apenas uma obrigação e um tem-mesmo-que-ser, do qual me esqueceria por completo quando voltasse para casa e aos fins-de-semana, alturas em que aproveitaria para fazer o que bem me apetecesse e para ser um bocadinho feliz. Mas, agora, já nem sei. A faculdade é diferente, porque todos os dias são diferentes. O horário é diferente, as cadeiras são diferentes; num dia tenho esta aula e este trabalho para fazer, no outro já tenho o teste da outra cadeira e no outro tenho a apresentação do trabalho daquela outra. É muito diferente de chegar a um consultório e só ouvir falar em colesterol e dizer as mesmas coisas quinhentas vezes - e quem diz colesterol, diz outra coisa qualquer.
(Mas a faculdade sempre terá aquela parte má de não nos deixar ter tanto tempo para nós como gostaríamos.)
Para todo o caso, acho que irei chegar sempre satisfeita a casa, sabendo que, a partir do momento em que transpuser a porta, o trabalho vai ficar para trás das costas e as próximas horas serão totalmente dedicadas a mim mesma, sem nada de aborrecido. Apenas não gostava de ser daquelas frustradas que vivem infelizes com o seu trabalho e que fazem um sacrifício para irem trabalhar todos os dias. Vou esperar que isto não aconteça. Quando começar o estágio, hei-de voltar a falar disto.

8 comentários:

  1. Vai correr tudo bem e tenho a certeza que vais gostar da nova etapa da tua vida :)

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  2. Eu acho bem que tenhas essas questões todas e que estejas preocupada com o futuro, mas não te preocupes em demasia, até lá ainda muita coisa pode acontecer :) mas de qualquer maneira sei que acabarás a fazer algo que te deixa realmente feliz :) quando à medicação, eu sou asmática e a minha médica mandou-me andar com bomba sempre atrás para quando tivesses ataques de asma, só sei que no dia em que comprei a bomba fui ler os efeitos secundários (leio sempre, e nunca tomo medicamentos a menos que esteja mesmo muito mal e não passe de outra maneira) e sabes uma coisa? Nunca usei a bomba. Quando tenho ataques de asma tento recuperar por mim mesma. Óbvio que demora mais e sofro mas prefiro assim do que meter químicos cá para dentro.

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  3. Acho que é impossível uma pessoa estar 100% satisfeita com o seu emprego, há sempre tarefas mais aborrecidas... Pode ser que encontres também aquelas tarefas que gostas de fazer e que te dão gozo, para compensar essas mais chatas! :)

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  4. Já sei que não gostas muito de crianças, é engraçado. Eu adoro, e uma coisa que me entusiasma em relação a um possível percurso na minha vida é investigar como é que as crianças adquirem determinados aspetos da linguagem, o que envolve fazer testes com elas e isso entusiasma-me imenso! :P

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  5. Já pensaste no que seria da tua vida se tivesses ido para letras? Um curso que tenha a ver com a escrita.
    Quem faz o que gosta não considera isso trabalho :) Eu adoro fotografia, quando tenho que fotografar algum evento, nem considero como um trabalho :P

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    1. Voltaste! :D
      Por acaso, o mundo das letras é algo que nunca me fascinou. Adoro escrever, sim, mas nunca fiquei cativada pela opção de estudar letras e línguas...não sei se isto faz algum sentido x) É que eu considero-me uma auto-didacta em termos de escrita, já que a minha aprendizagem e a minha evolução neste aspecto deveram-se, sobretudo, aos diversos livros que leio...
      Isto de se fazer aquilo de que se gosta realmente parece-me sempre um bocado utópico...

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