25/01/2014

Trilogia do Elfo Negro - R. A. Salvatore

Esqueçam tudo o que sabem – ou julgavam saber – sobre elfos.
Nesta trilogia, Salvatore apresenta-nos os drow, os elfos negros, um povo ambicioso e cruel. Vivem num mundo chamado Subescuro, nas profundezas da terra, mais propriamente numa cidade constituída por diversas Casas hierarquizadas. Cada Casa/família drow deseja poder, deseja passar à frente das outras e subir naquela hierarquia, de modo a ver-se nas boas graças da maléfica deusa que adoram. E, para isso – para ascenderem naquela sociedade –, basta...um assassinato. Eliminando uma Casa enfraquecida por qualquer motivo, a Casa vitoriosa passa a ocupar um novo nível na sociedade, e, consequentemente, a agradar à sua deusa...excepto quando um ataque não é bem-sucedido.
No meio de uma dessas batalhas, nasce Drizzt, um elfo que se vai revelar como sendo diferente dos restantes. Desenvolve um sentido de honra e de justiça completamente estranho à sua cidade, mesmo antes de conhecer todos os costumes hediondos do seu povo e de perceber que está a ser treinado para ser um assassino. Ao longo da trilogia, acompanhamos a sua vida e passamos a conhecê-lo. E passamos a conhecê-lo tão bem, que passa a ser uma das personagens mais queridas e cativantes sobre as quais já tivemos oportunidade de ler. Mostrando-se revoltado contra todos os esquemas que regem aquela sociedade, mas sem qualquer hipótese a não ser continuar a segui-los, e com ideais totalmente opostos aos dos restantes cidadãos, rapidamente se apercebe de que aquele não é o lugar adequado para si e decide partir, à procura de um lar onde possa ser aceite – e quem é que nunca se sentiu assim, à parte de um grupo e com a esperança de que, algures por aí, está o lugar onde realmente pertencemos? Porém, num mundo onde o perigo espreita em qualquer esquina, onde apenas tem um companheiro em quem confiar, onde continuará a ser perseguido pelos implacáveis drow, onde, provavelmente, nunca será aceite devido à sua forma de pensar…será que este lugar realmente existe?

Salvatore conseguiu criar um universo brilhante e original, com enredos que nos prendem e não nos deixam indiferentes e que envolvem um pouco de tudo: batalhas, mentiras, segredos, conspirações, correntes de aventuras e peripécias, bonitas amizades. Mostra-nos umas personagens tão diferentes daquelas às quais fiquei habituada, destacando o lado do mal e a escuridão que vêm sempre por acréscimo nos outros livros do género – uma lufada de ar fresco. Uma leitura empolgante e cheia de surpresas, trazida até nós sob pontos de vista de diversas personagens e escrita com o maior cuidado. E aí pode estar um problema. Talvez o facto de a escrita ser muito detalhada consiga ser aborrecido para muita gente, mas, para mim, é algo que me fascina - admiro quem consiga escrever tudo ao pormenor, fazendo-nos imaginar as coisas da melhor forma possível. No entanto, nas cenas de batalha chega a ser demasiado pormenorizada – é um dos poucos pontos negativos que tenho a destacar. Confundiu-me um bocado, e estas cenas sim, conseguem ser um bocadinho aborrecidas, principalmente porque não conseguia visualizar bem os movimentos descritos.
Como acabei por me tornar numa romântica com o passar do tempo, estava precisamente à espera de algum romance, nem que fosse apenas no final da trilogia, coisa que não aconteceu. Outro aspecto negativo. Mas que não é suficiente para retirar toda a magia da história – apenas acho que Drizzt é demasiado engraçado para ficar sozinho…bem, se lerem os livros (ou se já os tiverem lido), vão compreender-me. Um outro ponto negativo que tenho a referir é o final – desenrolou-se de forma demasiado rápida, diferente da que o autor nos habitua, a meu ver – e uma outra cena que achei despropositada, precisamente porque me fez lembrar demasiado o encontro de Bilbo com Smaug n'O Hobbit. Uma cena que me desiludiu por não ter sido totalmente original como as restantes.
As palavras-chave desta trilogia poderiam ser matar, vingança, guerra e outras que tais. Palavras tão pouco ou nada cativantes, mas que, neste caso, não consegui deixar-me envolver. A partir de certo ponto, dei por mim embrenhada na história, começando a devorar páginas e páginas, capítulos e capítulos, que até se tornava difícil parar. Os três livros entraram de imediato para os meus favoritos, lugares que não concedo a qualquer um. Uma leitura perfeita para amantes de fantasia e aventura, que nos mostra que, por mais estranhos que sejam os nossos pensamentos e ideais comparativamente aos de uma maioria, há sempre um lugar para nós.

1 comentário:

  1. Eu fiquei curiosa quando li o texto que fizeste para a rubrica Blogger! Não é bem o género de livros que costumo ler mas parece ser muito interessante :)

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