27/02/2013

Quatro


Foi há exactamente quatro anos que tudo começou. Parece que foi ontem. Lembro-me tão bem de tudo. Não só do próprio dia, em que, no fundo, sabia do que querias falar comigo, o que fez com que me sentisse tão nervosa, mas, ao mesmo tempo, feliz e um tanto ou quanto estupefacta por algo assim estar a acontecer comigo, com a rapariga que era invisível aos olhares dos rapazes. Lembro-me das primeiras vezes que te vi lá na escola, de não me teres passado tão despercebido por causa do teu estilo - rapazes de cabelo comprido e com t-shirts de bandas não era algo usual por aquele lados. De as nossas primeiras conversas, embora virtuais, terem sido sobre música. De falar contigo no messenger até às tantas, depois de dizer à minha mãe que ia dormir, quando, afinal, não ia. Da primeira vez que saímos juntos e andámos na rua de mãos dadas. De não nos importarmos de fazer a caminhada da minha casa até à baixa só para encontrarmos um lugar onde passar algumas horas juntos. De quando me mandaste uma mensagem a meio do meu estudo de biologia a dizer o quanto gostavas de mim, e de quando me disseste o mesmo pessoalmente. De quando foste à minha casa pela primeira vez, logo quando estava lá a família toda. De, numa noite em que fiquei em casa a jogar um jogo que me tinhas gravado para a PlayStation, estarmos constantemente às mensagens, mensagens essas em que dizias o quanto estavas a gostar dos momentos que tínhamos passado juntos até então e que não querias saber de mais nenhuma rapariga. Entre tantas outras coisas... 
Recentemente, já não estamos tanto tempo juntos quanto gostaríamos. E, quando estamos, são filmes, passeios, miminhos, almoços e jantares, conversas - ora mais sérias, ora mais a cair para a parvoíce -, ouvir musiquinhas, ou estarmos apenas juntinhos e aconchegados sem fazer nada. Coisas simples, mas que me deixam feliz pelo simples facto de te ter ao meu lado, e que, dia após dia, me fazem ver a sorte que tenho.
Quatro anos! Até me é difícil acreditar que passámos todo este tempo a conhecermo-nos, a fazer diversas coisas, a trocar carinhos e a aturarmo-nos um ao outro. Por vezes, até me pergunto como me consegues aturar todos os dias - isto nos tempos em que estamos de férias ou assim. Mas espero que assim continue. Ou que se torne ainda melhor, se tal for possível. Espero que celebremos este dia por muitos mais anos - e que o possamos celebrar juntos -, pois não consigo imaginar o vazio enorme em que se tornaria a minha vida caso deixasses de fazer parte dela. Apareceste para a tornar feliz, para lhe dar um certo sentido. Deste-me uma razão para acordar bem-disposta para mais um dia de escola. Tornaste-te num amigo como o qual nunca tive. Importaste-te comigo e gostaste de mim por aquilo que era, e isto foi o suficiente para que deixasse as paredes à minha volta desabarem, de modo a deixar-te entrar no meu mundo e a deixar-te conheceres-me. E olha que não é com qualquer um que isto acontece. Com o tempo, passei a falar contigo sobre tudo o que me ia na cabeça; passei a confiar em ti e tornaste-te no meu maior confidente. Para além de que, com o tempo, desenvolvemos um amor, uma confiança e uma cumplicidade tais, que esta relação se tornou cada vez melhor. Há quem diga que os primeiros tempos de namoro são os melhores, mas eu discordo. Nos primeiros tempos, ainda mal nos conhecíamos e não tínhamos o grande à-vontade que agora temos um com o outro. Nos primeiros tempos, levava a relação um pouco na desportiva, sem nunca imaginar que duraria este tempo todo, e não estava habituada ao facto de quereres ver-me todos os dias - aliás, não estava habituada ao facto de quem quer que seja querer estar comigo todos os dias para além das aulas. Por isso, sim, as coisas ficaram cada vez melhores com o tempo. E foi o tempo que me fez ter a noção do quão valioso és e do quanto me sinto feliz, amada, sortuda e segura quando estou a teu lado.
Sempre gostaste de mim tal como era, sem ter que mudar nada ou fingir ser ou gostar de algo que não tinha nada a ver comigo. Nem tive que fazer nada para que reparasses em mim. Não foi precisa maquilhagem, saltos altos, uma boa vestimenta, o cabelo todo espectacular ou qualquer outra futilidade. Só precisei de sorrir.
Se tivesse mudado de escola, nunca saberia da tua existência. Se eu não conhecesse a M., e se ela não tivesse namorado com o R., nunca nos teríamos conhecido. Se não tivesses tido aquele pseudo-namoro com aquela cabra, não me teria apercebido de que gostava de ti. E ainda dizem que as coisas acontecem por acaso.

3 comentários:

  1. eu cá acho que tudo acontece por alguma razão :)
    Muitas felicidades :D

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  2. Belo texto!
    Fico feliz por saber que já lá vão esses aninhos :D

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  3. Nem tudo acontece por acaso, talvez fosse o destino :)
    R: pois, posso saber em que curso entraste? :)

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