12/11/2017

Random thoughts

Voltei a chorar no trabalho. Já não o fazia há umas duas semanas.
Desta vez, foi por causa de stress. Stress no trabalho, que mal me deixou dormir naquela noite. E digo desta vez, porque, enfim, nem sempre é o próprio trabalho que me leva a chorar.
Já decidi que não vou ficar a trabalhar ali, que me vou embora quando o contrato acabar - ou, se me der na cabeça e o desespero acabar por levar a melhor, vou mesmo embora antes disso. Há quem possa achar isto uma total estupidez, porque o que interessa é ter trabalho e devemos agarrar-nos a ele. Mas acho que quem diz isto não faz ideia do que é chegar ao ponto de chorar no trabalho, porque este só me faz mal. Não apenas o trabalho em si, mas as pessoas também, o ambiente. Gostava, no início. Mas, agora, detesto. Só me deixa triste, chateada, irritada, e parece que só contribui mais para a depressão. E, bem, em primeiro lugar estou eu e a minha saúde. Se isto só me faz mal, vou ter que me afastar. E sei que a maioria das pessoas não entende. Não entende porque eu própria não me explico - para quê falar sobre estas coisas com alguém, vai alterar alguma coisa? -, ou porque nunca passou pelo mesmo. Mas não me importo. O problema é quando dizem que tenho que ter um plano, que tenho que saber o que fazer quando sair dali. E eu não tenho resposta para isso.
É engraçado. Nunca soube o que quis, mas sempre soube o que não quis.
E, ao pensar em tudo isto, começo a crer que, seja qual for o trabalho que tiver, não vou gostar. Viva eu onde viver, não vou gostar. Como se tivesse sido programada para não gostar de nada.
Às vezes, não penso no trabalho enquanto lá estou. Faço o que tenho a fazer, e as horas passam. Vou para casa sem stresses e sinto-me normal outra vez. E, depois, basta uma pequena chatice no trabalho para voltar tudo ao mesmo. Para voltar a chorar e a isolar-me, para a porra da depressão entrar na minha cabeça de novo.
Sempre pensei que seria capaz de suportar um emprego de merda, que um emprego seria apenas uma obrigação e uma forma de me sustentar, por mais horrível que fosse. Sempre pensei que, apesar de um emprego de merda, conseguisse ser feliz na mesma. E isto porque, depois de sair do trabalho, podia fazer o que quisesse; podia sair, passear, estar com amigos ou dedicar-me aos meus hobbies, sem pensar no amanhã; podia começar a pensar em ter a minha própria casa e podia tirar férias e ir viajar. Mas, afinal, sentirmo-nos bem no nosso local de trabalho e fazermos algo que gostamos é algo demasiado importante. Algo que negligenciei durante todo este tempo, por achar que não tinha tanta importância assim e que o que realmente interessava era o que acontecia fora do trabalho.
E acontece que acabei por não fazer nada do que esperava fazer fora do trabalho. Para uma licenciada a trabalhar na sua área, recebo uma miséria de salário, pelo que pensar em alugar um apartamento está completamente fora de questão. Não tenho planos para as minhas férias, e isto porque quero ir viajar e não tenho quem me acompanhe - serve de alguma coisa viajar sozinha e não compartilhar a experiência com ninguém? Raramente vou a algum lado depois do trabalho, por achar que tudo está visto, por não querer gastar dinheiro seja no que for ou por não ter companhia. Quanto aos hobbies, bem, nem vou falar nisso. Só quero descansar quando chego a casa, ou então vou para as aulas de pilates, coisa que só faço porque sinto necessidade de fazer exercício. Porque, se não o fizer, começo a ficar com a paranóia de que vou ficar gorda ou de que já estou a ficar gorda.
No meu dia de folga, desespero por não ter nada para fazer. E choro de novo. Porque não aguento não ter nada para fazer, não ter um objectivo. Devido a isto, sinto-me uma inútil, uma pessoa que só está a ocupar um lugar no mundo e que apenas desperdiça a sua vida. Acho, até, que as minhas ideias de tirar outro curso ou fazer um gap year no estrangeiro só surgem porque, se eu as concretizar, vou manter-me ocupada durante algum tempo e vou estar longe daqui. No fundo, parece que só quero fugir e manter-me ocupada, mesmo que sem um objectivo em concreto. 
Se soubesse o que sei hoje, teria feito tanta coisa diferente... 

2 comentários:

  1. Às vezes falar ajuda, e por vezes as pessoas passaram por coisas que não sabemos e ao falares podem ajudar-te.
    Já pensaste em fazer aqueles voluntariados com bolsa? Saias daí, conhecias outras pessoas, outros país e quem sabe descobrias algo que gostas e não sabias.
    O ambiente em que trabalhamos é importante porque passamos lá tantas horas do nosso dia mas quando já não estamos bem tudo parece mil vezes pior :(

    Força e se precisares de falar sabes que podes falar comigo, nem que seja sobre o tempo ;)

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  2. Antigamente é que as pessoas se agarravam ao trabalho que encontravam e não saíam de lá porque era a fonte de rendimento e a mentalidade era outra. Agora temos de nos sentir motivados e felizes no nosso emprego. Já passei pelo mesmo que tu em dois locais de trabalho. Assim que comecei a ter ataques de pânico que se traduziam em ficar doente com muita facilidade e chorava porque não me apetecia ir trabalhar ou chorava depois de um dia de trabalho porque mesmo que tivesse corrido bem eu achava que tinha corrido pessimamente, saí. Despedi-me. E não é preciso ter medo disso. Alguma coisa nós arranjamos mas claro que o mais "acertado" é sair para outro lado que já temos a certeza que nos aceitam. Mas das duas vezes que me despedi, saí com a vida incerta. Tem corrido bem até agora, confesso. Agora estou há três anos a trabalhar numa área que gosto muito mas que começa a cansar-me e em breve quero agarrar uma nova aventura e não vejo mal nenhum nisso. Já não existem empregos para a vida.

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