Fui ao cinema sozinha apenas uma vez. Vi A Bela e o Monstro e fiquei enjoada de tanta pipoca, mas soube-me bem e não me senti nada como uma outsider ou uma forever alone. O meu toque de telemóvel é a Children of the Damned dos Iron Maiden. Sou uma pessoa fria, mas gosto tanto de receber um abraço. Este ano, comecei a gostar de beber café. Felizmente, não me sinto dependente deste, embora já não dispense tomar um aos fins-de-semana, depois do almoço. Não vou morrer sem ir a um concerto dos Evanescence. Costumava gostar mais de gatos do que de cães, mas agora, pensando bem, acho que, quando viver sozinha, vou querer um cão para poder fazer-me mais companhia e para que eu tenha uma desculpa para sair de casa e ir passeá-lo - fazendo com que eu vá passear também. Tenho uma panca por canecas. Detesto cozinhar, mas detesto ainda mais lavar a loiça. Gostava de passar um fim-de-semana num hotel só mesmo por capricho, para estar numa piscina interior enquanto chove lá fora e depois tomar um banho totalmente relaxante numa banheira cheia de espuma. Não gosto de iogurtes líquidos. A única série que vi este ano foi Friends. Nunca fui pessoa de desabafar e de falar sobre os meus problemas, provavelmente porque nunca o fizeram comigo. Gosto de pequenos cactos para decoração e de velas aromáticas. Ainda esta semana fiz um banho de cor no meu cabelo e estou a adorar o tom com que ficou. Já não sei se acredito num amor para toda a vida, mas, seja como for, acho que isso não vai acontecer comigo. Tenho saudades de comer sushi. Gostava de viver numa cidade pequena, mas próxima de uma cidade grande para onde pudesse ir de vez em quando. E, claro, num lugar com muitas outras cidades e muitos recantos encantadores por perto, para poder ir passear e dar uma escapadinha num fim-de-semana. Às vezes, ainda penso que devia aprender a tocar guitarra. A minha refeição favorita é o pequeno-almoço, e gostava de ter a oportunidade de a tomar fora de casa mais vezes. Acho que posso dizer que fui vítima de bullying durante quase todos os meus anos de escolaridade, embora, na minha infância, nem sequer se ouvisse falar nessa palavra. E acho que posso dizer que isso contribuiu para a insegurança e falta de auto-estima que ainda hoje tenho. É por isso que não consigo evitar ficar de pé atrás quando me elogiam, especialmente em termos de aparência - acho sempre que estão a gozar comigo. Não consigo ver filmes de terror. A minha celebrity crush é o Andy Biersack. Tornei-me numa blogger desleixada e nem sei por que estou a escrever este post agora. Adoro coffee houses. Por falar nisso, gostava de estar novamente motivada para escrever e de passar horas num café acolhedor a fazer isso mesmo, escrever. Sim, às vezes penso em como gostaria de voltar à escrita, mas acho que ainda não o consigo fazer. Penso que aproveitava melhor o meu tempo quando era estudante. Para mim, "casa" é sinónimo de pijamas ou de fato de treino, e parece que não me sinto à vontade quando estou com "roupa normal". Gostava de saber pintar com aguarelas. Custa-me ver comida a ser deitada fora. Já me habituei a ver-me de aparelho, pelo que não me importo de o manter por mais uns meses, especialmente porque prefiro ter os ferrinhos do que ter que dormir com um aparelho de contenção. Falando em dentes, já tirei dois sisos; posso dizer que só tenho metade do meu juízo. Considero-me uma sonhadora, mas sou bastante pessimista também e tenho uma horrível tendência de pensar sempre no pior que pode acontecer e de esperar o pior. Ainda não sei o que vou fazer da minha vida, em termos profissionais. Já me disseram que sou demasiado sincera, e, de facto, por vezes nem tenho noção daquilo que me sai da boca para fora; só depois, ao reflectir, penso que não devia ter dito o que disse ou que devia ter dito de outra maneira e que fui estúpida. Acho, no entanto, que muitas das pessoas que conheço não perdiam nada em serem mais sinceras, e que um pouco de sinceridade para comigo seria bem-vindo. Ultimamente, ando apaixonada pelas músicas dos Trees of Eternity. Gostava de ter coragem suficiente para ser uma solo traveler, mas, mais do que isso, gostava de ter um grupo de amigos com quem viajar.
25/11/2017
12/11/2017
Random thoughts
Voltei a chorar no trabalho. Já não o fazia há umas duas semanas.
Desta vez, foi por causa de stress. Stress no trabalho, que mal me deixou dormir naquela noite. E digo desta vez, porque, enfim, nem sempre é o próprio trabalho que me leva a chorar.
Já decidi que não vou ficar a trabalhar ali, que me vou embora quando o contrato acabar - ou, se me der na cabeça e o desespero acabar por levar a melhor, vou mesmo embora antes disso. Há quem possa achar isto uma total estupidez, porque o que interessa é ter trabalho e devemos agarrar-nos a ele. Mas acho que quem diz isto não faz ideia do que é chegar ao ponto de chorar no trabalho, porque este só me faz mal. Não apenas o trabalho em si, mas as pessoas também, o ambiente. Gostava, no início. Mas, agora, detesto. Só me deixa triste, chateada, irritada, e parece que só contribui mais para a depressão. E, bem, em primeiro lugar estou eu e a minha saúde. Se isto só me faz mal, vou ter que me afastar. E sei que a maioria das pessoas não entende. Não entende porque eu própria não me explico - para quê falar sobre estas coisas com alguém, vai alterar alguma coisa? -, ou porque nunca passou pelo mesmo. Mas não me importo. O problema é quando dizem que tenho que ter um plano, que tenho que saber o que fazer quando sair dali. E eu não tenho resposta para isso.
É engraçado. Nunca soube o que quis, mas sempre soube o que não quis.
E, ao pensar em tudo isto, começo a crer que, seja qual for o trabalho que tiver, não vou gostar. Viva eu onde viver, não vou gostar. Como se tivesse sido programada para não gostar de nada.
Às vezes, não penso no trabalho enquanto lá estou. Faço o que tenho a fazer, e as horas passam. Vou para casa sem stresses e sinto-me normal outra vez. E, depois, basta uma pequena chatice no trabalho para voltar tudo ao mesmo. Para voltar a chorar e a isolar-me, para a porra da depressão entrar na minha cabeça de novo.
Sempre pensei que seria capaz de suportar um emprego de merda, que um emprego seria apenas uma obrigação e uma forma de me sustentar, por mais horrível que fosse. Sempre pensei que, apesar de um emprego de merda, conseguisse ser feliz na mesma. E isto porque, depois de sair do trabalho, podia fazer o que quisesse; podia sair, passear, estar com amigos ou dedicar-me aos meus hobbies, sem pensar no amanhã; podia começar a pensar em ter a minha própria casa e podia tirar férias e ir viajar. Mas, afinal, sentirmo-nos bem no nosso local de trabalho e fazermos algo que gostamos é algo demasiado importante. Algo que negligenciei durante todo este tempo, por achar que não tinha tanta importância assim e que o que realmente interessava era o que acontecia fora do trabalho.
E acontece que acabei por não fazer nada do que esperava fazer fora do trabalho. Para uma licenciada a trabalhar na sua área, recebo uma miséria de salário, pelo que pensar em alugar um apartamento está completamente fora de questão. Não tenho planos para as minhas férias, e isto porque quero ir viajar e não tenho quem me acompanhe - serve de alguma coisa viajar sozinha e não compartilhar a experiência com ninguém? Raramente vou a algum lado depois do trabalho, por achar que tudo está visto, por não querer gastar dinheiro seja no que for ou por não ter companhia. Quanto aos hobbies, bem, nem vou falar nisso. Só quero descansar quando chego a casa, ou então vou para as aulas de pilates, coisa que só faço porque sinto necessidade de fazer exercício. Porque, se não o fizer, começo a ficar com a paranóia de que vou ficar gorda ou de que já estou a ficar gorda.
No meu dia de folga, desespero por não ter nada para fazer. E choro de novo. Porque não aguento não ter nada para fazer, não ter um objectivo. Devido a isto, sinto-me uma inútil, uma pessoa que só está a ocupar um lugar no mundo e que apenas desperdiça a sua vida. Acho, até, que as minhas ideias de tirar outro curso ou fazer um gap year no estrangeiro só surgem porque, se eu as concretizar, vou manter-me ocupada durante algum tempo e vou estar longe daqui. No fundo, parece que só quero fugir e manter-me ocupada, mesmo que sem um objectivo em concreto.
Se soubesse o que sei hoje, teria feito tanta coisa diferente...
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