16/07/2016

Iron Maiden - The Book of Souls World Tour

Fotografia da minha autoria, tirada no final do concerto - a única altura em que me dignei a parar por um bocado para tirar o telemóvel da mochila.

O dia 11 de Julho ficará marcado como o dia em que estive enclausurada no meio de gente doida e sobrevivi.
Começando pelo princípio. Estava stressadíssima. Tive a brilhante ideia de ir ao Colombo, com o único propósito de comprar uns pijamas fofinhos na Primark. Teria sido uma boa ideia, de facto, se eu tivesse saído de casa a uma hora decente. Mas ter uma irmã que não gosta - ou que não consegue, vai-se lá perceber - de se levantar da cama a horas decentes fez com que só saíssemos de casa já ao início da tarde. Muito resumidamente, a nossa suposta ida às compras passou por chegar ao Colombo, almoçar e andar às voltas na Primark durante (muito) mais tempo do que o pretendido. E nem sequer comprei um pijama, foi realmente frustrante - só havia tamanhos grandes, enfim, típico da Primark. Por causa de tudo isto, saí do Colombo mais tarde do que o suposto e ainda tive uma grande viagem de metro pela frente. E sim, foi isso que me deixou stressadíssima. Mas ainda bem que não ia sozinha ao concerto e que tinha a querida da White Raven a guardar lugar para mim na fila - a blogosfera deu-me uma companheira de concertos, o que podia ser melhor?
Comecei a stressar porque as portas da MEO Arena abriam demasiado cedo e eu tinha que estar lá no momento da abertura porque, caso contrário, nunca (ou muito dificilmente) teria um lugar de jeito numa plateia que se avizinhava recheada de gente - problemas de quem tem menos de um metro e sessenta. Por isso, foi ver-me como que desesperada durante a viagem de metro, sempre a olhar para o mapa das estações para ver se ainda faltavam muitas e a ligar não sei quantas vezes à Raven para saber o ponto da situação - eram sempre as mesmas perguntas: se estava na fila, se esperava por mim, se as portas já tinham aberto. Um stresse.
Chegada ao Oriente, foi ver-me a atravessar aquilo tudo a passo de corrida para tentar chegar a tempo, mas não sem antes parar numa casa de banho para trocar de roupa - e, aí, o stresse aumentou, pois eu achava que as casas de banho iam estar pilhadas e que ia demorar imenso e que não ia chegar a tempo...mas, surpreendentemente, estava praticamente vazia e acabei por não me demorar nada. Entrei lá de top cor-de-rosa e saí toda metaleira com a minha t-shirt dos Maiden, que comprei no concerto de 2013.
Depois, fui finalmente lá para fora e todo o stresse passou quando vi as filas ainda paradas e quando encontrei a White Raven - foi tão bom revê-la! E, mesmo quando lá cheguei, as portas abriram-se e as filas começaram a andar. Mas, ainda antes de entrar, tive que deixar a minha garrafa de água à porta porque o segurança implicou com a "rolha", como ele próprio chamou. Não com a garrafa propriamente dita, mas com a "rolha". Quer dizer, pelas palavras dele, eu podia entrar com a garrafa de água, desde que deixasse a "rolha" lá fora. Se isto fizer algum sentido para alguém, por favor elucidem-me.
A zona mesmo em frente ao palco já estava minimamente composta. Saltitámos de sítio em sítio à procura do lugar ideal, mas já não havia nada considerado ideal. Havia sempre cabecinhas ou traves - que é como quem diz, pessoas altas - à minha frente, mas também havia sempre um ou outro buraquinho entre elas para poder espreitar. E pronto, instalámo-nos e ficámos à espera. Ainda era cedíssimo.
The Raven Age foi a banda de abertura. Não conhecia e não tinha nada a ver com Iron Maiden. Mas até gostei e fiquei de procurar mais sobre eles. Acho que foi a primeira vez que gostei de uma banda de abertura. Não "curti o som" como muitas das pessoas que estavam à minha volta por ser algo de novo para mim, mas isso não quer dizer que não lhes tenha achado piada. Houve uma parte mesmo gira, em que, numa introdução mais calma de uma das músicas, o vocalista pediu que se ligassem as lanternas dos telemóveis ou se acendessem isqueiros. Sei perfeitamente que isto se faz em imensos concertos, mas nunca tinha acontecido em nenhum dos que assisti até agora. Foi por isso que achei tão giro. E, depois, olhei para trás e só via luzinhas no escuro. Pareciam pirilampos. Foi tão fofo.
Quando acabou, houve mais uma meia hora de seca até começar o tão esparado concerto dos Iron Maiden. Entretanto - e já nem sei bem como foi que isso aconteceu -, um rapaz atrás de nós acabou a meter-se na conversa e o gajo era uma espécie de enciclopédia ambulante no que dizia respeito aos Maiden. Ao mesmo tempo, eu sentia-me cada vez mais compactada no meio de toda a gente e parecia que tinha mais cabeças à minha frente do que quando tinha ali chegado. Só rezava para que conseguisse ver alguma coisa.
Durante as duas primeiras músicas dos Iron Maiden, já eu estava a suar por todos os lados. Por duas razões. A primeira: estava demasiado gente à minha volta. Estava tudo colado, mesmo, e eu nem conseguia mexer-me. Nos primeiros minutos de concerto, tudo o que me vinha à cabeça era Vou me lembrar de não voltar a comprar um bilhete para a plateia. A sério. Mas isso foi só mesmo no início; no final do concerto, mudei de opinião. E, quando comecei a entrar na onda, não voltei a pensar nisso. Tinha a mochila às costas e passei-a para a frente, de forma a ter mais algum espaço entre mim e os malucos que estavam à minha frente, e comecei também a pular, a pisar os pés dos outros, a atropelar os outros, tal como toda a gente estava a fazer, sem me importar. E esta foi a segunda razão pela qual comecei a suar por todos os lados.
Mas foi com a Children of the Damned, que foi logo a terceira música, que comecei mesmo a "delirar". De toda a setlist, era a música que mais queria ouvir ao vivo, por ser uma das minhas favoritas deles. 
A partir daí, a coisa só melhorou. Esqueci-me dos doidos à minha volta e transformei-me também eu numa doida. Fartei-me de pular, de gritar, de pôr os braços no ar, de cantar. Nem sequer ouvia a minha própria voz e devo ter desafinado imenso, mas enfim. Entretanto, perdi-me da White Raven, mas continuei "na minha" e achei melhor não perder tempo a procurá-la, pois muito dificilmente conseguiríamos juntar-nos de novo. Para além disso, só sei que, no início do concerto, tinha certas pessoas à minha volta, e, no final, já tinha outras. Não sei como foi que isso aconteceu, mas não interessa. Agradeci mentalmente pelo facto de existirem ecrãs de cada lado do palco, porque, caso contrário, teria perdido muita coisa. Adoraria que a Empire of the Clouds estivesse incluída na setlist - mas sim, eu sei que isto seria pedir muito - e tive imensa pena que a The Man of Sorrows também não fizesse parte dela, mas adorei o concerto na mesma. Adorei ver os Eddies e a energia inesgotável dos Maiden. Para além da Children, as minhas favoritas da noite foram a Hallowed be thy Name, a Blood Brothers e, claro, a Fear of the Dark, o grande clássico que nunca pode faltar e a primeira música dos Maiden que ouvi. Sorri e senti-me feliz, sem preocupações na cabeça para além da de aproveitar aquele momento o melhor que pudesse. Quase levei com aqueles que estavam a fazer crowd surfing e quase fui arrastada para o chão quando algumas baquetas caíram perto de mim, mas a verdade é que também adorei aquele ambiente de plateia e de gente doida. Porque, no final de contas, estávamos todos unidos. Mesmo que fôssemos todos tão diferentes uns dos outros e no dia-a-dia, ali, naquele momento, estávamos unidos e éramos todos iguais. Éramos todos metaleiros. Éramos todos fãs. Éramos todos Irons. E este sentimento único de união, de festa, de pertença...enfim, é impagável.
Houve apenas um pequeno problema, que já em 2013 se havia verificado: o som. O som na MEO Arena é demasiado estranho para meu gosto. Parece que se perde muito; nem sei explicar. Estava um pouco melhor que em 2013, mas, mesmo assim, a coisa não estava no seu melhor. Parece-me que o problema é da própria sala, e muita gente se queixou do mesmo.
No final, quando, por fim, fiquei quieta no mesmo lugar por mais uns segundos do que o que tinha sido habitual, comecei a sentir as dores. Nas pernas e nas costas, principalmente; só mais tarde, já deitada para dormir, é que senti nos pés. Mas são daquelas dores que não nos importamos de ter e que até nos sabem bem. São sinal de que passámos um bom bocado. 
Nessa altura, voltei a encontrar a Raven e fomos até ao Vasco da Gama comer qualquer coisa antes de ela ir embora. No meu caso, a fome não existia - apenas sede -, mas lá tive que comer para não ir dormir de estômago vazio. E só o facto de poder sentar-me nalgum sítio convenceu-me. Só tive pena que não pudéssemos ter ficado mais tempo juntas, algo que acontece de todas as vezes que nos encontramos. É sempre por pouco tempo, infelizmente, mas espero que algum dia possamos estar juntas por mais tempo e que tenhamos mais oportunidades de nos encontrarmos.
Regressei a casa feliz e de coração cheio, completamente satisfeita por mais uma noite fantástica e memorável em que não fiz outra coisa senão divertir-me. E, para além disso, sem uma única pontinha de arrependimento por ter ido àquele concerto. Se tivesse optado por não ir, por qualquer razão, aí sim, tinha a certeza de que iria arrepender-me. Mas, neste caso, o bilhete para o concerto e o da minha viagem para Lisboa valeram cada cêntimo.

2 comentários:

  1. Esse concerto parece ter sido fantástico!! Ainda bem que aproveitaste (por ti e por mim!!). Adora ir a um concerto deles, e de muitas outras bandas, e ver os Eddies. Acho-os super engraçados e muito bem pensados =P
    As dores de pernas não contam!! Acho fantástica essa união dos espectadores/fãs nos concertos. O pessoal não se conhece de lado nenhum, mas somos todos amigos. Somos todos um =)
    ****

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  2. Foi, só, para lá de maravilhoso e ainda bem que nos conseguimos encontrar outra vez. Foi realmente uma pena o meu plano de passar aí o fim-de-semana ter saído furado, mas pronto. Mais oportunidades virão, certamente! Isso da rolha é das coisas mais parvas, principalmente nos festivais. Não podes entrar com a rolha, mas depois podes comprar garrafas de água com rolha. Não entendo. Poderia eventualmente ser para evitar que as garrafas sejam atiradas para o palco, mas não sei.
    Em relaçaõ ao som, eu no início pensei que era eu que estava meia surda, e nao conseguia perceber metade. Mas comecei a aperceber-me que por vezes nem sequer ouvia a voz do Bruce enquanto ele cantava. É vergonhoso. É a sala mais conhecida do país e o Coliseu do Porto é bem melhor.

    Foi um concerto inesquecível, sem dúvida! :) <3

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