Esta é uma cidade que tinha interesse em visitar já há algum tempo. Não pelo facto de ser muito liberal e tal, mas sim por me parecer bonita. Uma viagem é sempre uma viagem, mas torna-se ainda melhor quando o destino nos fascina. E quando este não nos desilude. Passei lá quatro dias e adorei. É um lugar fantástico, diferente. Deixo aqui um relato de tudo aquilo que fiz durante os dias em que lá estive. Aviso, desde já, que este é um post excessivamente longo e que todas as fotografias são da minha autoria.
Dia 0
No dia que escolhemos para ir viajar, não havia voo directo entre Lisboa e Amesterdão, pelo que tivemos que ir através de Eindhoven. Como neste dia não estive propriamente em Amesterdão - só lá cheguei à noite e a única coisa que fiz foi ir para o hotel e dormir -, vou considerar este como o dia zero. E isto porque não posso deixar de falar de Eindhoven.
Fiquei com uma impressão bastante positiva desta cidade. A começar pelo aeroporto, que era pequenino e calmo e não era nada confuso, tão diferente do de Lisboa. Nem sequer havia aquela confusão típica de pessoas de um lado para o outro, stressadas, nem dezenas delas do outro lado da porta, à espera de familiares ou de quem quer que fosse.
Enquanto andei no autocarro até à estação de comboios, fiquei encantada com as casas pelas quais passei. Eram muito fofinhas, de tijolo, todas iguais e com bicicletas à porta.
Surpreendeu-me, ainda, a questão do comboio. A viagem até Amesterdão durou mais de uma hora, e não apareceu um único revisor. O sistema de validação dos bilhetes, aliás, era estranho, porque qualquer pessoa podia meter-se num comboio qualquer sem validar, e, portanto, sem sequer pagar pelo bilhete. Não havia controlo; não é como em Lisboa, em que as cancelas se abrem só depois de se validar o bilhete. E, mesmo assim, toda a gente comprava o seu bilhete e toda a gente o validava. É um tipo de civismo diferente. Se tivesse ido sozinha, acho que tinha acabado por desistir de comprar bilhetes de comboio, já que ninguém me pedia os mesmos, e tinha acabado por viajar gratuitamente todos os dias. Mas, enfim, não o fizemos.
Dia 1
O hotel ficava nos arredores de Amesterdão, pelo que, todos os dias, tínhamos que fazer o mesmo trajecto: andar uns dois minutos a pé até à estação, apanhar o comboio e fazer uma viagenzinha de cinco minutos. Depois disso, já nos encontrávamos na principal estação da cidade, que se tornou no nosso ponto de referência.
Começámos por andar um bocadinho a pé pelas ruas. Encontrámos uma loja fantástica, cheia de artigos - roupa, gorros, porta-chaves - do Super Mario, do Sonic, do Legend of Zelda, do Harry Potter e de sei lá mais o quê. Fiquei completamente maluca lá dentro, e perder-me-ia totalmente se tivesse dinheiro. Porque tudo era estupidamente caro, o que foi pena. Havia coisas mesmo fofinhas!
Continuámos a andar, passámos pela Praça Dam e por outras ruas, até nos depararmos com o Museu de Amesterdão.
Falava, principalmente, sobre a História da cidade, mas achei muito giro. E eu não gosto nada de museus. Achei giro porque em todas as salas havia vídeos a explicar as coisas, e estes eram falados no idioma que escolhêssemos. O facto de as explicações serem visualmente muito mais atractivas fez com que gostasse de visitar um museu.
Depois, seguimos para Spui, uma praça rodeada de restaurantes e de cafés, onde almoçámos. Enquanto esperava pela comida, olhei lá para fora, e só via imensas pessoas a passar de bicicleta, de todas as idades, mas principalmente pessoas jovens e de meia-idade. E estava frio, tanto que toda a gente já usava roupa de Inverno, e isto em inícios de Setembro. Não sei explicar, mas havia algo de bonito no facto de vê-las a andar de bicicleta com os seus casacos de Inverno compridos e com os seus cachecóis enormes e quentinhos. É verdade que as pessoas são mais felizes no Verão, mas é também verdade que as roupas de Inverno são tão, tão mais elegantes.
Virámos numa rua para comer qualquer coisa doce, e deparámo-nos com o café de uma portuguesa, e isto porque vimos pastéis de nata na montra. Tivemos mesmo que entrar - e comer um pastel, como é óbvio. A dona foi muito simpática e fartou-se de falar connosco. Se alguma vez forem a Amesterdão, não deixem de passar por lá.
A seguir fomos andar no autocarro turístico, já que estava a chover e, portanto, não estava bom para passeios. Assim, passeámos pela cidade abrigados da chuva e tivemos uma visão geral da mesma.
Quando o circuito chegou ao fim, já não chovia, e metemo-nos por uma rua repleta de bares "duvidosos". E digo "duvidosos" porque eram aqueles bares característicos com uma decoração muito alternativa em que se fumava erva no interior. Até tinham "substâncias" em cima das mesas para uma pessoa "enrolar" e fumar de seguida. Ficámos durante algum tempo num bar destes, só mesmo para ver como era a coisa, e o cheiro a erva no interior era demasiado intenso - e enjoativo.
Depois do jantar, num restaurante italiano - aquilo estava cheio de restaurantes italianos -, voltámos ao hotel.
Dia 2
Neste dia, fizemos um cruzeiro pelos canais. Gostei muito, e foi um passeio muito educativo. Soube que existiam casas na água, algumas delas muito fofinhas e engraçadas, mas que era muito mais dispendioso viver lá do que numa casa normal. De barco, passamos por elas mesmo de perto, e deu para ver algumas por dentro. Tinham tudo o que era necessário, apesar de pequeninas, e algumas até tinham um pequeno alpendre. Acho que uma coisa destas seria perfeita para mim.
A arquitectura era, também, muito característica.
As casas eram altas e estreitas, todas com mais de três andares - e sempre com bicicletas à porta. Durante o passeio, soube que a maior parte da população vive sozinha e que existem poucas crianças nesta cidade. Quando nos afastávamos do centro da cidade, já se viam prédios, mas sempre em tijolo, o que conferia um ar rústico e fofinho, na minha opinião.
Almoçámos, depois, no Hard Rock Cafe, que ficava ali perto, unicamente ao som de músicas dos Queen. Gosto sempre de entrar num Hard Rock, pois gosto imenso do ambiente e, claro, da música que lá passam. Mas demorámo-nos demasiado e não conseguimos apanhar o Museu Van Gogh, também ali perto, aberto.
Como tal, andámos um bocado às voltas, meios perdidos, sem sabermos bem o que fazer, já que o plano era ir ao museu. Acabámos por passar numa rua de lojas de marca e por irmos ter a um sítio que me fez lembrar as docas de Lisboa, com armazéns transformados em bares - mas não em cima da água.
Quando regressámos ao hotel, tomámos um chocolate quente. A chuva e o frio estavam mesmo a pedi-las, e senti que já era Inverno.
Dia 3
Neste dia, sim, fomos ao Museu Van Gogh. Na minha opinião, não vale muito a pena, talvez por eu ser péssima a interpretar as ditas "obras de arte" e por raramente lhes achar alguma piada, o que não faz grande sentido, tendo em conta que gosto de desenhar. Para além de que nem sequer vi o meu quadro preferido dele, A Noite Estrelada - tipo...a sério que nem sequer o tinham? A única coisa que me interessava ver?!
Ficámos durante uma hora - sim, literalmente - na fila para entrar. Havia um café ali perto, e o meu pai foi lá buscar uns cappuccinos. Beber um enquanto estive na fila soube-me mesmo bem, não só porque era delicioso, mas também por causa do frio. E porque adoro esta ideia de andar na rua com copos de café, não sei bem porquê.
O espaço envolvente do museu, contudo, era muito giro, cheio de girassóis.
Depois do almoço, fomos visitar a Casa de Anne Frank. As minhas expectativas eram baixas e eu não tinha grande interesse em ir lá, mas, curiosamente, este foi dos locais que mais gostei de ver e foi, para mim, um dos pontos altos da viagem. A exposição estava fantástica e muito bem organizada, por ordem cronológica, pormenorizada, com diversos vídeos e excertos do diário nas paredes. Parece que, ao vistá-la, uma pessoa sente-se mais próxima daqueles que ali viveram e passa a admirar ainda mais a sua coragem. E a coisa está tão bem organizada, que impede as pessoas de andarem aos tropeções em cima umas das outras. Não há confusões, e nem sequer se ouvem vozes. Parece que toda a gente fica como que "absorvida" pelo ambiente.
Passámos pelo Red Light District, só mesmo para ver como era a coisa. Para quem não sabe, é onde as mulheres são expostas em montras como se fossem mercadoria. Dito assim, soa a algo horrível, mas não deixa de ser um ponto turístico. Na verdade, pensei que aquilo fosse mais decadente. Ou, se calhar, até era, a altas horas da noite - eu passei por lá pelas dez...a uma hora decente, portanto.
Voltar ao hotel significou mais uma bebida quente e uma tosta de queijo.
Dia 4
Fomos ao Vondelpark. Um parque enorme, no qual fui tão feliz a andar de bicicleta. Alugámos umas antes de entrarmos, e foi assim que decidimos percorrer o parque. Foi, de facto, a melhor maneira, já que, se fôssemos a pé, demoraríamos uma eternidade - e tínhamos pouco tempo para o fazer, pois, ao fim da tarde, já tínhamos que estar no aeroporto para regressar a Lisboa. O parque tinha imensos caminhos para percorrer e diversos cafés e restaurantes, onde almoçámos.
Dicas a futuros visitantes:
- Há que ter muito cuidado a atravessar as ruas. Há determinados sítios em que mal se distinguem as ruas dos passeios. Primeiro, há que atravessar a ciclovia, e só depois a rua. E, aí, há que ter atenção aos eléctricos, nomeadamente ver se não estamos em cima das linhas dos mesmos. É que eles estão em todo o lado;
- É tudo muito caro. Acho que não encontrei nada à venda a menos de dois euros, nem sequer um simples café. Um exemplo de uma promoção para eles era um café e um muffin por quatro euros. Quatro! Isto, para ser uma promoção para nós, era feito a um euro e pouco. Por isso, poupem (muito!) antes de se aventurarem. Ou, então, vão com os vossos pais e esperem que eles vos paguem tudo, eheh;
- O tempo é péssimo e muito instável. Apanhei chuva todos os dias. De vez em quando, vinha um bocadinho de sol, mas durava sempre muito pouco. Aconselho a levarem um impermeável. Levei um, que comprei na Decathlon, que é excelente: muito leve, mas protege bastante. E podemos dobrá-lo sobre si mesmo até ele ficar muito pequenino e fechado dentro de uma bolsinha. Muito prático, portanto. Mas foi impossível guardá-lo e tive que andar sempre com ele vestido, já que estava sempre a chover, ou, então, estava muito vento;
- É vantajoso comprarem-se bilhetes online. Existem "pacotes" (comprámos um que incluía o cruzeiro nos canais e a entrada para o Museu Van Gogh), que saem muito mais em conta. No entanto, os sites de venda dizem que, ao adquirirmos os bilhetes online, não temos que esperar nas filas para entrar, o que é mentira. Temos que ir para a fila na mesma, sim, mas a vantagem é que só (!) esperamos uma hora na fila, em vez de duas. E isto não é exagero.
Em suma, posso dizer que adorei e que espero poder lá voltar um dia. Até porque estes dias passaram muito depressa e não deu para ver tudo.
Deve ter sido mesmo giro. A minha escola organiza uma viagem todos os anos, e o ano passado foi a Amesterdão. Algumas pessoas da minha turma dizem que foi maravilhoso.
ResponderEliminarDeve ser lindo, adorei as fotos.
ResponderEliminarOra aqui está um bom resumo do que ver em Amesterdão =) Por acaso, foi um destino que nunca considerei, nem sei bem porquê, não existe nenhuma razão para isso =P Por acaso sabia que lá haviam casas-barco, mas não que tinham o museu na Anne Frank. E encontrar um café português foi mesmo engraçado - claro que não podiam faltar as natas!!
ResponderEliminar****
Quando lá for venho tirar notas aqui. O tempo realmente é o mais chato, com chuva não apetece nada andar a passear. Mas nestas situações tem meeesmo de ser. Desconhecia o museu de Anne Frank, mas fiquei muito curiosa. Ah o café português... Há um café português em todo o lado!
ResponderEliminarR: Eu demorei imenso tempo a responder, não tens noção! Como nos últimos 2 anos tenho estado menos activa nas leituras (este ano já fiz questão de quebrar esse mau hábito) , parece que me esqueci do que li. Tive de olhar para as estantes, recordar as estórias. Estou ansiosa por ler as tuas respostas!!
Gostava de lá ir e agora ainda fiquei com mais vontade (:
ResponderEliminarÉ um sitio que gostava de visitar, sem duvida :)
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